Será Ella?

4 - Cabelos negros?

Já era o segundo dia desde que Gustaf foi para uma viagem de negócios. As coisas estavam relativamente bem na casa, se é que poderia ser dito. Era verdade que as meninas e Tremaine estavam vivendo em ''harmonia'', mas isso não queria dizer que elas se davam tão bem quanto deveriam.

Ella tentava ser gentil com todas e agradar sua nova familia, mas não era algo muito fácil com elas, pincipalmente com Tremaine. A mulher ainda ficava muito desconfortável com a presença da garota, como se a pequena menina fosse a esfaquear pelas costas quando tivesse a oportunidade. É claro que ela sabia que a menina de apenas 12 anos não faria algo assim, mas seu desconforto ainda permanecia forte, mesmo com os dias, quase semanas de convivencia.

Tremaine sabia que a menina queria se aproximar dela, isso era bem nítido todas as vezes que lhe perguntava se ela queria algo, o que particularmente irritava a mulher, fazendo ela sentir ainda mais desconforto. A única coisa que deixava Tremaine um pouco mais confortável, era vendo a garota distante, por isso sempre quando Ella lhe perguntava se ela queria algo, ela sempre lhe dava algum afazer que a levasse para longe de sua vista, como alimentar os animais no estabulo, ajeitar os quarto ou ajudar as empregadas em algum afazer que fosse necessário auxílio. Ela sabia muito bem que não deveria dar trabalhos domésticos para a menina, afinal, ela era filha do dono daquela casa. Mas fazer isso, mantê-la distante, mesmo que temporariamente, era algo que a permitia respirar um pouco. Ela esperava que um dia esse desconforto passasse.

Drisella estava muito entediada e não aguentava mais ter que ficar dentro de casa. Ela realmente gostaria de poder implorar para a mãe que lhe permitisse sair, andar um pouco, ver pessoas novas e respirar um ar puro. Mas Drisella era a mais velha, a que mais sua mãe direcionava suas esperanças, portanto, a que mais deveria seguir as regras e honrar o dever de ser uma ótima esposa para seus futuro marido. Mas mesmo ela sendo a filha que mais permanecia firme nos ensinamentos da mãe, ela detestava tudo isso, detestava ser comportada, detestava ter que ficar bordando em casa e detestava não poder correr, gargalhar de uma piada ou viver aventuras divertidas que fizesse o mesmo frio na barriga quando ela subiu naquela árvore anos atrás. Só que diferente da sua irmã mais nova, Anastásia, Drisella não ligava de ter uma nova cicatriz no corpo se isso quisesse dizer que ela teria a mesma sensação vivida que teve naquele dia. Mas ela sabia que isso não seria possível.

Anastásia também estava entediada naquele dia, ela já tinha cansado de brincar com uma boneca, que agora não parecia nem de longe tão agradável como era antes, e ela também estava cansada de bordar. Sua mãe dizia que era muito importante uma dama saber bordar bem e era algo que toda futura esposa deveria saber antes de casar, por isso ela e sua irmã aprendiam desde cedo. Anastásia não achava a atividade assim tão desprezível, mas tinha que admitir que não era nada agradável ficar horas e horas de seu dia fazendo aquela mesmíssima coisa, e quando se passava muito tempo naquela atividade, espetar o dedo com a agulha era recorrente.

Por sorte, não era apenas as meninas que já estavam enjoadas aquela atividade, Tremaine também estava começando a ficar entediada e sufocada naquela sala de visitas onde estava, e não ajudava muito ter Ella a poucos metros de distância servindo um chá. Ela espera ter a menina fora de vista, mas na busca de um afazer util, a menina acabou encontrando juntamente o que lhe colocava próxima de Tremaine e suas filhas.

--- Meninas, eu tive uma idéia -- Tremaine diz em direção de suas filhas que a olham assim que ela fala.--- O que acham de irmos fazer algumas compras? --- Pergunta sorridente.

O rosto das meninas se iluminam imediatamente, qualquer coisa era melhor do que furar os dedos a cada dez minutos.

--- Vão se arrumar, logo iremos até a cidade.--- Diz sorrindo.

Anastásia e Drisella logo deixam seus bordados e vão apresadas até seus quartos para estarem apresentáveis na rua.

--- Sem correr meninas, andem graciosamente.--- Diz em alerta.