9- Dote?

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Anastásia estava deitada em sua cama enquanto encarava o teto branco de seu quarto. Ela não sabia quanto tempo estava nessa mesma posição, talvez fizessem alguns minutos ou talvez algumas horas, ela não saberia definir. Já fazia cerca de dois ou três dias que a morte da rainha foi anunciado para todo o reino, e desde então Anastásia sempre se pegava pensando no assunto, e em como Encantado estaria.

Em sua curta vida, Anastásia nunca tinha visto a rainha, nem o rei, eram poucos que tinham essa grande oportunidade. A menina se pegava pensando em como ela seria, ela devia ser muito bonita, não conseguia pensar diferente se tratando da mãe de Encantado. Ela se perguntava se a rainha tinha os olhos tão lindos quanto do príncipe, ou os mesmos cabelos escuros.

Anastásia nunca a conheceu, mas naquele momento gostaria de ter conhecido. A menina lembrou do dia que conheceu Encantado, e em como ele falava que sua mãe que tinha escolhido seu nome, lembrou que mesmo brincando da escolha de sua mãe, ele ainda tinha um sorriso doce nos lábios. Ele devia a amar muito, Anastásia pensou, e isso deveria ser muito doloroso para ele.

A menina também pensou em como a rainha deveria amar o filho, e o quanto também deveria ser doloroso deixar o filho assim tão cedo. Anastásia imaginou como seria o dia do nascimento de Encantado, imaginou uma mulher linda que seria a rainha segurando o lindo bebê em seus braços com carinho, também imaginou seus olhos brilhantes de alegria e doçura e um leve sorriso nos labios enquanto encarava o bebê.

"Você é o bebê mais encantador que já vi. Vou te chamar de Encantado, porque é assim que você é" Anastásia imaginou a mulher falando para o bebê Encantado. Seria assim que tinha acontecido?

O homem que tinha dado a mensagem a todos disse que ela teve uma gripe muito forte e acabou não resistindo e morreu junto ao rei e ao seu filho. Anastásia já tinha perdido um pai, mas ela não estava lá quando a vida se esvaiu de seu corpo. Mas com Encantado foi diferente, ele estava ao lado da mãe durante todo o tempo, provavelmente a vendo ficar cada vez mais fraca e perder a vida.

Anastásia imaginou como tudo aconteceu, a rainha deitada em uma grande cama, assim como acreditava ser no castelo, ela deveria estar com uma aparência cansada e a pele pálida, talvez estivesse tossindo fortemente. Anastásia imaginou a mulher segurando a mão do filho com um sorriso triste, imaginou os olhos azuis de Encantado banhado em lágrimas ao saber do que iria por vir. Essa imagem fez um grande aperto no peito da menina, ela não gostaria de imaginar Encantado sofrendo, mas sabia que era isso que deveria estar acontecendo, ele tinha perdido a mãe, a mulher que lhe deu a vida, é claro que ele estaria sofrendo, e Anastasia detestava saber que não poderia fazer nada para impedir.

***

A casa estava silenciosa quando Anastasia acordou naquele dia. Normalmente ela já não era tão barulhenta a essa hora da manhã, mas agora parecia ainda mais silenciosa. Sua mãe e irmã deveriam estar dormindo e as empregadas não estavam a vista. Gustaf tinha voltado de viagem no dia anterior, mas ele deveria ter saído até a cidade naquele momento. Ella provavelmente deveria estar ajudando alguma das criadas em algum trabalho de casa.

Anastásia sabia que assim tão cedo Ella não estaria trabalhando nessas coisas, ela estaria brincando com Sebastian do lado de fora. Mas o garoto agora raramente aparecia na casa. Anastásia não sabia o motivo, pensou que talvez os dois amigos tinham brigado. Mas ela não sabia que na verdade, Sebastian estava muito ocupado treinando e dando o seu máximo para conseguir entrar na guarda real, por isso ele não ia mas até a casa de sua amiga para não acabar se distraindo de seu foco.

Anastásia andou calmamente até o escritório de Gustaf e logo abriu a porta. A garota ficava feliz por ele nunca trancar o lugar, facilitando sua entrada. A menina se aproximou calmamente de uma das estantes a procura de um novo livro que a envolvesse. Ela já havia terminado o anterior, que lhe tinha agradado muito, e agora estava buscando um tão bom quanto.

Será Ella?Onde histórias criam vida. Descubra agora