V - Surpresas

132 7 3
                                    

Não sei dizer por quanto tempo dormi, já que a tenda em que eu me encontrava era pouco iluminada, mas sabia que o sol já havia se mostrado. Abri os olhos lentamente, ainda sonolenta, e me espreguicei sobre os lençóis e travesseiros macios. Senti uma dor aguda em meu braço direito e soltei um gemido. Percebi que além do curativo havia também um tipo de massa verde endurecida. Mistura de ervas, conclui. Não havia ninguém ali comigo. Tudo estava absolutamente silencioso, nem mesmo os pássaros cantavam.

Levantei vagarosamente e fui em direção a fenda onde dava passagem para sair da tenda. A luz me atingiu em cheio e meus olhos protestaram formando lágrimas. Coloquei o braço bom sobre a testa, protegendo os olhos, e assim consegui ver melhor o que estava diante de mim.

Era um campo reto com diversas árvores frutíferas. Quatro barracas ocupavam o espaço formando um círculo com uma fogueira acesa no meio. Diferentemente da barraca em que eu estava, as outras eram pequenas e modestas. Era possível ouvir o barulho de água em movimento, o que indicava que havia um rio por perto. Ainda estávamos perto da fronteira, um pouco mais a oeste dela.

A fogueira estava acesa, mas não havia ninguém ali. Estranho, pensei. Eu estava com fome, mas acima de tudo, me sentia suja. Meu vestido estava sujo de terra em alguns lugares, meus cabelos estavam desgrenhados...minha aparência deve estar péssima!
Decidida, fui atrás do rio que eu acreditava existir.

Não demorei muito para acha-lo, tive de andar pouco, menos de 30 passos.
A água era cristalina e não era parada. Ela devia vir de alguma cachoeira. Ansiosa por sentir a água em minha pele, tirei meus trajes rapidamente e os deixei perto da margem. Pequenas pedras lisas obstruíram a passagem até a água, por isso, desci com muito cuidado para não cair. De novo.

Estava mais gelada do que pensei, mas afundei mesmo assim. Senti minha pele ficar arrepiada mesmo em baixo d'água. Esperei mais alguns segundos, esperando meu corpo se acostumar com a temperatura fria.

Emergi novamente e virei-me para a margem. Gritei assim que o vi ali parado.

- O que está fazendo aqui?! - perguntei cobrindo meu corpo com as mãos. Meu braço direito voltou a pulsar intensamente.

- Perdoe-me, mas sou eu quem deveria perguntar o que a senhorita está fazendo aqui? - ele parecia calmo, mas o rubor em suas bochechas mostravam o quanto estava desconfortável ali.

- Vire-se para o outro lado! - ordenei. Ele pareceu não entender o que eu queria. - Preciso me vestir, estou nua!

O rubor em seu rosto ficou ainda mais evidente.

- Ah, claro. - ele disse se virando.

Sai rápido da água e vesti minhas roupas, que grudavam em minha pele ainda molhada.

- Pronto, pode virar.

Ele estava com a postura firme, mas ainda estava desconcertado.

- Então - disse e pigarreou. - O que está fazendo aqui?

- Eu estava imunda, precisava de um banho. Não encontrei ninguém nas barracas, achei que não teria problema.

- Não há problema. Desculpe. - ele fez um gesto para que eu o acompanhasse. - Eu e meus guardas estávamos checando o perímetro, por isso não nos encontrou.

- Checar o perímetro? Há algo de errado acontecendo? - perguntei.

Ele hesitou antes de responder. Pareceu pensar e por fim, falou:

- Não, não está acontecendo nada. Algumas invasores apenas.

Alguns invasores apenas. Como se invasores não fosse algo de extrema preocupação.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Feb 17, 2015 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora