Prólogo

359 6 1
                                    

Eu achava que o dia não poderia ficar pior, mas me enganei no momento em que eu recebera notícias do Sul. Dune não tinha conseguido o que eu havia pedido a ele, o que só piorava as coisas.
A situação em Tartan não estava nada boa graças ao nosso querido Rei Anidel de quem, supostamente, eu deveria proteger. Digo supostamente porque eu não sou fiel á ele. Não quando suas atitudes bárbaras não coincidem com meus princípios.

O Rei governava o povoado de Tartan há cinquenta e dois anos, nunca trazendo qualquer esperança de prosperidade ao seu povo miserável e descrente. Desde jovem eu sabia o que tinha que fazer e por isso não medi esforços para me tornar próximo ao homem que tanto odiava.

Eu desejava a mudança e a ideia de que um dia o povo da qual faço parte ganhasse sua liberdade. Eu daria isso a eles, eu os ajudaria a encontrar a sua força! Eu os incitaria a lutarem pela sua terra, sua honra e sua família!

- Cade! - gritei á um dos guardas da tropa aliado a mim - Leve está carta ao nosso mensageiro. Diga para entrega-la ao Dune.

- Sim, Senhor! - disse o soldado.

Aquela carta continha o futuro destino de Tartan. Eu me encarregaria de começar o trabalho e os rebeldes teriam de termina-lo. Era preciso que a tarefa fosse cumprida ou então todos os nossos esforços não terão valor algum.

____________

Levaria algumas horas para a carta chegar ao seu destino e, para mim, o tempo era perfeito para me despedir de minha família. A ultima vez que eu as veria. O último abraço que daria em minha esposa e filha. Meu coração se contraiu com a dor que eu sentia. Meu único conforto era saber que o futuro que reservada para elas, e para o nosso povo, seria melhor.

- Meu amor! - ela veio ao meu encontro e me deu um beijo - Pensei que chegaria mais tarde. Os deveres com o Rei já terminaram?

- Não querida - acariciei seu belo rosto macio que tanto amava - eu...preciso conversar com você.

- Conversar? - ela perguntou tensa - Tem alguma coisa errada?

De repente tudo o que eu queria era fugir com minha mulher e filha. Queria esquecer tudo e sair correndo. Mas não podia.

- Lembra-se da nossa conversa no outro dia? - quando ela fez que sim eu prossegui - Vai acontecer hoje. Eu vou fazer. Sozinho.

- Sozinho? - ela se afastou de mim balançando a cabeça negativamente - Ficou maluco?! Dune e os outros desistiram?

- Não temos armas. Eles não conseguiram roubar da outra ilha. Querida - me aproximei - tenho que fazer isso. Se não fizer, a nossa casa - apontei ao redor e para fora - será destruída.

- Não posso deixá-lo fazer isso sozinho. Vai morrer antes de chegar ao Rei!

- Você precisa fugir com a nossa filha para o Sul. Mandei uma carta para eles dando as instruções - lágrimas caíram pelo seu rosto e tive de me esforçar para não chorar também - Assim que eu o matar, eles me matarão, e depois virão atrás de vocês! Precisam sair daqui, agora! Entendeu?

- Não tem...outra f-forma de fazer isso?

- Sinto muito. O Rei precisa morrer para que nosso povo tenha paz. -ela assentiu -Preciso me despedir dela, querida. Não tenho muito tempo.

- Ela está no quarto dormindo. - ela colocou a mão sobre a boca para evitar um soluço - Não posso ver isso, sinto muito. - eu assenti e fui em direção ao quarto.

Ao entrar me deparei com um anjo dormindo tranqüilamente, em paz, a par de tudo o que acontecia lá fora. Pela segunda vez naquele dia tentei me convencer de que minhas ações trariam um futuro melhor a ela.

__________

Eu teria cerca de cinco minutos para tentar fugir depois de matar o Rei. A sala se encheria de guardas empunhados de suas espadas prontos para atacarem. Eu lutaria até o máximo que pudesse ela tentativa de ganhar tempo para minha esposa e filha fugirem.

Depois do feito, os rebeldes dariam continuidade a missão ao falarem com o batalhão da outra província. A notícia da morte do grande Rei de Tartan se espalharia como areia nas outras regiões, causando grande alvoroço. A situação ficaria ainda mais critica quando ficarem sabendo que um guarda da confiança do Rei, na verdade um rebelde do Sul, o matara.

- Senhor, fui instruído a entrar na sala também. - Cade sussurrava - Ordens do Dune.

- Não foi esse o combinado.

- Eu sei Senhor, mas...sua família pode ganhar mais tempo se eu o ajudar. - apesar de contrariado, admiti que ele estava certo.

- Você deve saber como proceder - ele concordou - então, vamos entrar. Precisamos matar o nosso Rei.

Ao entrar na sala não esperava encontrar o Rei com cinco guardas a postos em seu lado. Não esperava encontrar o Rei com um sorriso diabólico em seu rosto. Não era para isso estar acontecendo. Tudo estava dando errado.

- Ora ora. Senhor Achaius que honra ter a sua presença conosco neste momento! - as suas palavras eram cheias de sarcasmo.

- Meu Rei, eu...

- Me espanta o tamanho de burrice, Achaius. Achou mesmo que não sabia do seu plano de me matar? Achou que, como você, eu também não tenho soldados infiltrados? - arregalei os olhos e ele riu com o meu desespero.

- Você não é uma Rei! É um ditador do pior tipo, monstro! - cuspi as planaras com ódio á ele. - Acha que eu não sei o que quer fazer com nosso povo?

- Sei muito bem que você sabe, e não me importo. Sabe por quê? - ele se levantou, deu a volta em sua mesa e parou na minha frente - Você não vai sobreviver para contar história. E Nem a sua família.

- Cade! Cuide delas! Cuide de Catherine! Proteja-as! -supliquei. O Rei ria e virou para trás, olhando para os guardas, como se quisesse que eles participassem.

Não perdi tempo e cortei a garganta do Rei, fazendo com que minhas mãos se encharcassem com seu sangue. E depois tudo aconteceu muito rápido: os guardas vieram para cima de mim, eu fui para cima deles e depois a dor.

Pela ultima vez, naquele dia, tentei me convencer de que elas ficariam bem.

DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora