Muitas pessoas não gostam de onde moram. Muitas ao se tornarem jovens decidem que o lugar onde nasceram, não é o lar que desejam. Eu não sou assim. O lugar onde vivo, Tartan, é absolutamente incrível! Não consigo imaginar um lugar como este, nem mesmo cogito a possibilidade de existir algum outro.
A grama verde vivo recobre toda a extensão de nossa terra e as árvores gigantes de pessegueiro criam sombras onde gostamos de descansar depois de um dia de trabalho. As montanhas ao fundo, com seus picos, as vezes, cobertos de neve, fazem com que o calor não seja tão forte ao contrário do inverno.
Em todo canto há casas e pequenos comerciantes que gritavam o preço de seus produtos. Todas aquelas pessoas me conheciam desde pequena, umas eram amigas de minha família desde que estava na barriga de minha mãe. Muitas nos conhecem, por conhecerem o meu pai, general Achaius, braço direito do nosso antigo Rei. Dizem que foi um grande homem e um grande defensor de nosso povo. As vezes tenho a impressão de que eles esperam de mim, o mesmo espírito corajoso de meu pai. Mal sabem eles que saiu correndo quando vejo uma lagarta.
O Sol estava fraco o que significava que ainda era manhã. Eu e mais alguns colhedores tratavam de, bem, colher os morangos em uma área um pouco afastada das casas. Tínhamos plantações de morango, algodão e pêssego e vendíamos entre nos mesmos e outras vezes negociávamos com o povo da outra ilha. O dinheiro dessa negociação era dada ao Rei e não ficávamos com nada.
Muitos estranham essa política que o Rei adota. Dizem que nosso dinheiro é usado para negocias com outros povos distantes, comprar armas para nosso pequeno exército e não sobra nada para nosso povoado.
A verdade é que o dinheiro que sobrava era repartido entre todos. O dinheiro era muito pouco, não sobrava para quase nada. A solução que encontrávamos era o comércio ilegal com o Sul. Nossa renda era complementada graças a eles.
- Quer ajuda para levar a cesta, Cath? - Dristan, meu melhor amigo desde infância, me perguntou.
- Não! - peguei a cesta e me levantei indo para o centro. Se é que podíamos o chamar assim.
- Da ultima vez que você disse isso deixou a cesta cair com os morangos.
- Ela não caiu ok? - ergui uma sobrancelha - Apenas escorregou.
- Escorregou? - perguntou rindo.
- Isso ai! - não aguentei e acabei rindo também - Até mais!
Dristan e eu éramos melhores amigos desde sempre. Diferente de mim, que sempre morou aqui, Dristan veio de outro lugar da qual ele não diz. Quer dizer, não sabe, porque não se lembra e seus pais também não o dizem.
Crescemos juntos e compartilhávamos todos os momentos felizes e tristes. Eu nunca escondi nada dele! Definitivamente ele me conhecia bem mais do que eu mesma. Havia Cristie também, uma amiga de tempos também. Ela nasceu aqui e nos conhecemos na pequena escola da região.
Ela era tão diferente de mim e mesmo assim nos completávamos. Quando crianças, brincávamos de ser irmãs. Ela dormia na minha casa em um dia, e no outro, eu dormia na dela. Cristie odiava este lugar, dizia - e ainda diz - que foi criado para ser uma tigela onde éramos as presas á espera do predador. É, se você olhasse para as montanhas veria que ela rodeavam toda a extensão de terra e, parecia realmente uma tigela.
Deixando esses pensamentos de lado, cheguei em casa faminta, esperando que minha mãe tivesse feito seu delicioso cozido de carne!
- Mãe! - gritei - Trouxe os morangos como pediu! - fui até a cozinha e deixei a cesta com os morangos sobre o balcão. Estranhei com o silêncio da casa. Geralmente, a essa hora, minha mãe estaria preparando o cozido e, logo depois, saindo para vender algo.
- Mãe? Aonde você está?! - fui até seu quarto e quando entrei, vi que ela estava caída no chão. Estava pálida e imóvel. Parecia....morta. Me ajoelhei até o seu corpo e ergui sua cabeça para que me ouvisse melhor. - Vamos, acorde! Mãe, vamos, por favor!
Seu corpo estava frio e mole, ela não acordava! Meu desespero aumentava a casa minuto que passava. Então lembrei- me da única pessoa que poderia nos ajudar.
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Destino
RomanceEscócia, 1750. Ao Norte, nas montanhas de Cairngorn, vivem Alice e sua mãe Keith Graham. No povoado onde moram as coisas não poderiam ser melhores. Quando a mãe de Catherine adoece as coisas saem do seu controle e sem dinheiro para ajudar no tratame...