dois.

8.1K 712 213
                                    

VICTÓRIA

"quando te vi pela primeira
vez percebi que nunca
tinha te visto antes."

Meu jeans pinicava agoniantemente, resultado do nervosismo que fazia as minhas pernas soarem. Eu havia pegado um ônibus repleto de pessoas, quase não arranjei um lugar para me acomodar e ainda eram por volta de dez horas da manhã.

O condomínio onde estava indicado o local da entrevista de emprego era bem bonito, grandes mansões e um silêncio absurdo. Me identifiquei na entrada, que por sinal tinha muito rigidez, e caminhei sempre intercalando o olhar entre o número das casas.

E apenas alguns minutos depois já havia encontrado a casa destinada. Assim que cheguei no portão da casa indicada, apertei o botão do interfone e comecei a falar:

Hum, oi. — murmurei nervosa. — Vim pra entrevista de emprego. Sou a amiga da Amanda, Victória.

Oh sim, bom dia. Irei atendê-la já!

Juntei minhas mãos fortemente e comecei a estalar os dedos, era algo que eu fazia quando estava nervosa. Logo uma senhora baixinha, de cabelos castanhos, apareceu no portão da casa.

— Olá. — ela sorriu largamente. — Sou Lúcia, a governanta da casa.

— Oi. Sou Victória. — rapidamente me desencostei do muro, me sentindo um pouco envergonhada pela minha atitude.

— Pois é, a mãe do seu Pedro falou de você.

Entramos na mansão e por um compedioso minuto eu fiquei abismada com tudo. Para chegar até a porta da casa era preciso atravessar uma ponte que passava por cima da piscina, havia um gramado bem aparado e cuidado, e algumas árvores deixando tudo mais bonito. A mulher abriu a porta da casa, toda branca, mostrando a sala de estar da mansão.

— Quer algo para beber? — Lúcia indagou juntando os brinquedinhos que estavam no sofá, sorri com a cena. Devia ser um bebê adorável.

— Não, obrigada. Estou bem assim. — de fato, era mentira, eu estava com sede, muita sede para falar a verdade, mas não ousaria pedir algo por tamanha vergonha.

— Tudo bem, o menino Pedro já está vindo.

Assim que ela saiu da sala sumindo pelo corredor, passos foram escutados da enorme escada então desloquei os meus olhos em direção ao barulho. Quase caí para trás. Era ninguém mais ninguém menos que Pedro Guilherme, o atacante do Flamengo. Fechei os olhos com força, como eu não percebi os quadros do Flamengo na parede?

Ele desceu e junto à ele em seus braços estava um bebê coberto por uma manta amarela.

— Oi. — o cara sorriu me estendendo a mão, eu ainda estava muito pasma para minha ficha cair sobre a pessoa que estava na minha frente. — Sou Pedro, e essa aqui é a Maria Alice. — apontou para a bebezinha no seu colo.

— Oi. sorri, o cumprimentando. Tentei disfarçar limpando minhas mãos soadas no tecido dar calça. Porra, o cara era jogador do time do meu coração, tudo isso estava me causando borboletas no estômago. Nossas mãos se encostaram e eu pude sentir meu mundo parar. Talvez, em alguma hipótese, eu estivesse sendo exagerada. — Sou Victória.

— Minha mãe me falou sobre você, que uma amiga da amiga dela indicou uma amiga pra ser babá da Maria. — o mais alto disse rindo e eu acabei entrando na onda pra não parecer estranha. — Aceitaria pegar essa vaga?

Antes que eu pudesse responder, a bebê começa a chorar estridentemente se esperneando em seu colo. Pedro me olha desesperadamente e eu fico com pena.

— Posso pegá-la? — perguntei receosa. Ele assente rapidamente e me entrega a menina. Analiso um pouco a mesma. Ela é linda, muito branca para falar a verdade. Seus traços eram tênues e delicados, sua boca era pequenina e rosada, cabelos castanhos, parecia como uma boneca de porcelana.

— Ela é linda. — comento pondo a chupeta na boca da bebê. Ela fecha olhos suspirando fundo e em seguida agarra meus dedos.

— Valeu. — ele ri se ajeitando no sofá. — Sabe, eu sou pai de primeira viagem, não sei absolutamente sobre merda nenhuma, se não fosse pela minha mãe... Taria ferrado.

— Eu adoro bebês, sou filha única mas sou cheia de primos e sou a mais velha deles. Posso dizer que consideravelmente tenho experiência com crianças.

— Que sacanagem, hein. Eu fico por minutos tentando fazer essa garotinha dormir e nada. — Pedro diz pegando na mão da filha. — É meio complicado, ela só tem três meses e nunca tomou leite materno.

— Sério? A mãe dela foi embora ou algo assim? — questiono curiosa.

— Sim, poucos dias depois da Maria nascer. Nós nunca tivemos nada, foi só um caso de uma noite. — comenta me olhando. — E vai ser complicado quando ela crescer.

— Tenho certeza que não. — ele me olha intrigado. — Sabe, você vai ser tipo um pai e mãe ao mesmo tempo, e isso é lindo, Pedro. Ela vai te amar demais.

— Realmente espero.
sorri singelo. — Me conta mais sobre você...

— Bom, não sou uma pessoa muito interessante, me chamo Victória Carvalho, tenho vinte anos... O que mais posso dizer? — sorri tentando não deixar transparecer o fato de que eu estava totalmente sem graça.

— Sei lá... Tua cor favorita, seu time... Esquece, — ele faz uma pausa. — essas perguntas são idiotas, fala outros bagulhos então.

— Ah, — ri fraco de suas palavras. — tenho experiência no ramo, já trabalhei com muitas outras crianças, principalmente bebês. Sou muito paciente, cozinho bem, sei o básico de primeiros socorros... Acho que só.

Pedro concordou com a cabeça e disse que meu currículo estava sendo analisado por seu empresário e que bastasse ele aprovar e eu já estaria contratada. Enquanto conversávamos ele anotava coisas em seu próprio celular.

Seguimos assim durante mais um pouco até que Pedro começa a me apresentar os cantos da mansão, era enorme, e tudo isso acontecia enquanto a bebê dormia pesadamente no meu colo. As cores da casa eram neutras e cada canto parecia milimetricamente planejado, tudo era muito bonito. Alguns quadros de família nas paredes e blusas de times de futebol. O quarto dela era a coisa mais fofa, as paredes eram tingidas de cinza e os móveis em contrastes entre branco e rosa.

— Preciso falar com os meus agentes sobre a tua contratação mas tenho certeza que já tá tudo no caminho. — apenas assenti com a cabeça sentindo a bebê se remexer em meu colo. Me segurei para não sorrir, aquilo era sinal de que ele tinha gostado de mim. — Sabe, eu não sou tão exigente ou essas coisas assim. Só peço pra que cuide dela bem, só cuidar dela já tá bastando.

— Eu entendo, isso é o certo. Ela tem quantos meses? — pergunto indo colocar a menina no berço, ela poderia estar desconfortável no meu colo. Por sorte a mesma já estava totalmente adormecida.

— Três meses.

Assim que a coloco no berço, a mesma começa a se mexer e apertar suas mãozinhas conforme sua boca formava um enorme bico. Era óbvio, Maria Alice iria chorar.

— Ih, já vi que a Maria não gosta de berços.

Então a pego novamente, voltando a balançá-la.

— Ela é muito mimada, minha mãe diz isso toda vez, que eu tenho que acostumar ela a dormir aqui e tals...

— Ah, ela dorme com você?

— Sim, eu não consigo deixar ela sozinha aqui.

— Eu te entendo, é só preocupação em dobro já que você é pai de primeira viagem. — quando olho para a bebê a mesma já está adormecida novamente, sorrio com a cena.

[...]

— Obrigada, Pedro. — sorrio enquanto andamos para fora da casa. Eu estava feliz com a minha quase contratação. Os benefícios do emprego eram bons e eu estava realmente ansiosa com aquilo. — Foi legal te conhecer.

— Não tem de que, foi legal te conhecer também. ele sorri singelo. — Te mando um e-mail.

— Tudo bem. — dou um beijo na mãozinha de Maria e me afasto. — Até logo.




oii, se você estiver gostando dessa fanfic, dá estrelinha por favor, isso me ajuda demais.

bjs <33

gratidão, 𝗉𝖾𝖽𝗋𝗈 𝗀𝗎𝗂𝗅𝗁𝖾𝗋𝗆𝖾. (reeditando)Onde histórias criam vida. Descubra agora