gratidão, 𝗉𝖾𝖽𝗋𝗈 𝗀𝗎𝗂𝗅𝗁𝖾𝗋𝗆𝖾. (reeditando)

vinte

"Todos nós quebramos nossas próprias regras por alguém."

V i c t ó r i a

O dia havia começado razoavelmente bem para mim. Tempo nublado e ventos frios, isso me dava uma imensa vontade de ficar trancada no quarto assistindo Crepúsculo. Porém isso era o que menos importava no momento. Eu estava mesmo ansiosa para a festa de aniversário da Thaísa que aconteceria dentro de algumas horas em uma cobertura no Leblon.

Eu também estava me sentindo estranha e sabia muito bem o porquê. Pedro ainda me incomodava. Era sufocante vê-lo todos os dias e não sermos como antes. De ir dormir todos os dias com a sensação de que algo me afetava, de encostar no travesseiro com todo aquele peso nas costas.

Éramos orgulhosos e imaturos demais para percebermos que tínhamos tudo. Bastávamos ceder, ou talvez só bastava eu ceder.

Mas talvez com isso tudo não resolveria nada. De repente não voltaríamos a ser como antes.

Minha maior preocupação da vida estava sendo Maria Alice. Eu sempre ficava acordada a observando dormir e às vezes ficava até depois do expediente para cuidar dela. De fato, eu não era a mãe dela, eu apenas tinha medo de que algo acontecesse com ela... Pedro andava bebendo muito. Se envolvia em algumas brigas e isso sempre estava estampado nas manchetes, prejudicando-o. Às vezes ele chegava tarde demais em casa e isso me irritava. Será que ele não percebia que tinha uma filha que ainda precisava dele?

Mas isso já não era mais da minha conta, nós não nos falávamos mais e eu já não tinha mais a quem recorrer. Pedro já era um homem com grandes responsabilidades e não precisava passar por nada daquilo.

[...]

Agora, lá estava eu, me arrumando para a festa de aniversário de Thaísa enquanto Amanda reclamava em meus ouvidos. Eu ainda repensava se ir para aquela festa era uma boa ideia. Ter que olhar para os familiares de Pedro que me conheciam e ter que forçar algo que já não existia mais era cansativo.

Eu estava indo apenas por consideração à Thaísa. Nada mais que isso.

—— Você precisa tirar essa cara de bunda da cara! —— Amanda resmungou enquanto mastigava sua coxinha.

—— Fecha essa boca, por favor. —— Rolei os olhos e continuei focada em terminar de passar a máscara de cílios.

—— É sério. Você tem que parar de ficar assim! Vai pra essa festa e arrasa, só não extravasa muito pra não passar vexame. —— Eu apenas ri e ela saiu do meu quarto, bufando.

No fim das contas eu estava me sentindo bonita. Usava uma camisa quadriculada vermelha de mangas longas, uma saia de couro preta e botas de salto da mesma cor.

Me olhei no espelho pela última vez e saí de casa, rindo, ao ver que Amanda roncava no sofá.

Pedi um uber e o mesmo me levou até o Leblon, onde a festa aconteceria. Ainda me questionava mentalmente se Pedro iria para festa depois de causar tanta confusão nos últimos dias...

[...]

Quando me dei conta o elevador já havia parado no andar indicado, obrigando-me a sair para fora do mesmo. Andei por um corredor e pude ver várias pessoas transitando pela enorme sala, algumas mesas e em uma delas estava Pedro.

Senti meu interior gelar por alguns instantes, mas logo tratei de voltar ao normal. Caminhei mais um pouco tentando ignorar a presença dos demais parentes dele que eu havia conhecido na viagem, quando de repente esbarrei com Thaísa.