gratidão, 𝗉𝖾𝖽𝗋𝗈 𝗀𝗎𝗂𝗅𝗁𝖾𝗋𝗆𝖾. (reeditando)

catorze

" Desculpa o atraso, eu não queria vir."

V i c t ó r i a

—— Você precisa parar de reclamar tanto, menina. Pedro paga o seu salário e te paga os extras dos dias que precisar ficar horas à mais. —— Falou Lúcia enquanto cortava alguns legumes em cima da bancada de mármore. Ela parecia um pouco irritada? —— Não vai achar emprego tão bom quanto esse, ainda mais nesses tempos difíceis.

Ela estava querendo dizer sobre eu estar tão chateada com Pedro sobre a atitude do sábado passado. Mas agora ele havia dito que precisávamos viajar para Arraial do Cabo, para a casa de seus pais passar alguns dias. Bom, eu não tinha escolha, além de que lá era realmente lindo, havia ido lá algumas vezes com os meus pais, mas já fazia algum tempo.

—— Eu sei, mas não preciso engolir tantos sapos por ele. Sei que não vou ganhar tanto dinheiro em qualquer outro emprego mas também não preciso ficar aguentando essas atitudes dele.

—— Ok, mas me diz. Quais atitudes que ele teve, tão feias, que você não gostou? —— Questionou arqueando as sobrancelhas, e eu engoli seco com aquilo. Pedro não havia feito nada demais comigo, era só birra por conta daquele dia. — Já captei sua resposta. Acho que quando você chegar em casa, devia fazer as malas. Porque vocês viajam amanhã, eu acho.

—— Vou ver a Maria Alice lá em cima. —— Comentei me virando, e me escarmentava mentalmente enquanto subia os degraus da escada. A bebê estava dormindo, como na maioria das vezes, e então andei para o meu quarto.

Fui para casa e tive arrumar minhas coisas já que Pedro havia falado que viajaríamos amanhã cedo. Peguei uma mala emprestada de Amanda e coloquei minhas coisas dentro, bastante roupas de calor porque lá era uma área fresca, e por minha sorte tudo coube em uma só mala. Não queria viajar, mas fazia parte do meu emprego.

No dia seguinte cheguei na casa de Pedro e o vi falando ao telefone enquanto Maria Alice estava em seu colo, também havia um carrão no lado de fora da mansão. Me perguntei se ele iria dirigir ou se havia um motorista, mas isso era o de menos por enquanto.

—— Bom dia. —— Falei vendo Maria Alice me olhar, tirar a mão da boca e abrir um sorrisinho. Fiz o mesmo e acenei para ela, Pedro me olhou de relance e sorriu também, me entregando a garotinha.  —— Bom dia, amor. —— Dei um cheirinho em sua mão, cheiro de bebê era a melhor coisa existente. Maria Alice estava uma gracinha, com um macacão amarelo e uma faixa branca na cabeça, seus pés estavam sem nada.

Enquanto Pedro andava para cima e para baixo, eu estava com a neném no colo, dando um pouquinho de suco de laranja, o que era bom pra digestão. Entrei no carro e havia um moço no banco do motorista, Pedro foi no banco do passageiro e fui atrás com Maria Alice que estava em seu bebê conforto bem preso.

A viagem demoraria um pouco, com certeza demoraria, então fiquei observando a paisagem do trajeto, o que era esplêndido. Confesso que cochilei, mas foi muito pouco porque tinha que prestar atenção na bebê, e Pedro estava em altos papos com o motorista. Paramos em Maricá, em um posto de gasolina, para ir ao banheiro ou comer alguma coisa. Eu aproveitei para dar mamadeira à Maria Alice, já que fazia um tempo que ela havia tido a última refeição.

—— Você quer que esquente a mamadeira? —— Perguntou Pedro se sentando ao meu lado, até agora algumas pessoas haviam vindo tirar fotos ou pedir autógrafos para ele. Estávamos sentados em um banco de concreto e o motorista encostado no carro fumando um cigarro.