Piloto

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Diferente de outros dias, quando Levi costumava acordar cedo, hoje ele simplesmente resolveu ficar na cama até mais tarde – o que significava que eram dez horas da manhã e ele ainda estava embaixo dos lençóis tentando ter um sono agradável.

A noite passada havia sido uma loucura naquela festa mesmo ele não tendo feito absolutamente nada demais. Ficar sentado ou encostado nos cantos virou uma rotina para o Rivaille nesse tipo de festa. Ele bebia no máximo duas ou três cervejas e ficava por ali sem fazer mais nada. A praia sempre o chamava e no fim ele ficava lá, sentado na areia vendo as ondas se desmancharem na praia como se fossem totalmente insignificantes.

– Acorda! Dez horas da manhã já é para estar de pé. O que você virou? Um preguiçoso de merda?

Era Hange abrindo as cortinas e trazendo a luz para dentro do quarto de Levi. Todo dia era a mesma coisa. Ele queria dormir e ela o acordava dessa forma ou de uma forma mais violenta e ele se arrependia todos os dias por ter dado as chaves de sua casa para a amiga escandalosa.

– Me deixa, Hange. – diz Levi, cobrindo a cabeça com o travesseiro.

– Está um dia lindo lá fora! Para de marra. – diz Hange, com um sorriso animado.

– Sempre está um dia lindo lá fora. É Malibu. – Levi resmunga embaixo do travesseiro.

– Não me faça te arrastar lá para baixo.

Levi respirou fundo e se sentou na cama enquanto esfregava os olhos e logo colocava a mão na frente do rosto para impedir que a luz do sol o cegasse completamente. Quando conseguiu olhar pela enorme janela do seu quarto, ele pode ver as ondas que estavam mais calmas que o normal hoje.

– Você foi em outras de suas festas ontem? – pergunta Hange, sentando-se na cama.

– Fui. – ele responde em um bocejo.

– Eu já falei para você parar com isso. – ela suspira. – Ir em festas como essas não vai te tirar da solidão.

– Estou sempre cercado de pessoas.

– Estar cercado de pessoas não significa que você está menos solitário. Você precisa de algo para preencher o vazio aqui.

Ela aproxima a mão e encosta no peito de Levi, no mesmo local do coração.

– Você quer parar com esse assunto? – ele afasta a mão dela com cuidado. – Eu estou bem.

O olhar animado de Hange foi substituído por um olhar baixo. Ela conhecia o amigo suficiente parar saber que bem era uma palavra que não o definia nos últimos tempos.

– Erwin acha que você deve ir ao psicólogo novamente. – diz Hange.

Sem dizer nada, Levi simplesmente levanta e puxa suas calças, onde começa a se vestir.

– Desde que... – continua Hange.

– Hange. – Levi para o que está fazendo e a encara. – Quer mudar de assunto um pouco?

Por um momento eles se encararam e Hange suspirou, mas mudou sua feição e logo esboçou um sorriso enquanto ele continuava a se vestir.

– Que tal panquecas no café da manhã? – ela sugere.

– Melhor do que aquela gororoba que você fez ontem.

– Eram waffles com bacon, Levi.

– Não, não eram não. – ele começa a rir.

Hange revira os olhos e acaba batendo nele com o travesseiro. Todo dia era isso.

A vida em Malibu era fácil. Levi não tinha muitas preocupações. Ele passava o dia na praia, ele surfava ou ele dirigia pela cidade de vez em quando. No cair da noite ele sempre ia na mesma festa em Hollywood Hills e na manhã seguinte ele tentava dormir até tarde e Hange o acordava como sempre.

Até o último suspiroOnde histórias criam vida. Descubra agora