Até o último suspiro

O sabor dos seus lábios

A água fria do chuveiro descia pelos cabelos e pelo corpo de Levi enquanto ele permanecia imóvel e com as mãos no rosto. Ele respirava fundo enquanto a água gelada percorria seu corpo inteiro naquela manhã.

O Rivaille colocou os cabelos para trás e os enxaguo. A noite passada havia sido estupidamente boa e apesar de seu cansaço nessa manhã e a tosse insuportável, ele estava feliz. Era engraçado o fato de Mikasa não sair da sua cabeça desde a hora em que acordou, ele queria vê-la o mais rápido possível e isso chegava a lhe assustar um pouco.

Levi saiu do chuveiro e não demorou a se secar e por uma roupa e imediatamente desceu as escadas e já viu Hange na cozinha mordiscando o café da manhã que estava preparando e com um sorriso ela fitou o amigo.

– Bom dia! – ela diz, animada.

– Bom dia. – ele sorri.

– Como você está se sentindo? – ela pergunta.

– Péssimo. – ele respira fundo enquanto se senta na cadeira. – Eu odeio esses remédios.

Hange lhe lança um sorriso amigável, mas isso só faz Levi a fitar com certa raiva.

– O Erwin te disse que isso não é efeito colateral do remédio. – diz Hange.

– O que ele sabe?

– Tudo. – afirma Hange. – Afinal, ele é médico, né.

– Tsc. – resmunga Levi.

– Por que você é tão teimoso? – indaga Hange, mas ela mantinha um sorrisinho no canto dos lábios. – Ele queria que você fosse fazer um check-up. Por que não vai?

– Porque eu não quero. – Levi já estava começando a se irritar mais.

Hange respirou fundo e colocou um prato de panquecas na frente dele e eles começaram a tomar o café.

– Você e a Mikasa pareciam bem próximos ontem. – ela diz, enquanto coloca um pedaço de panqueca na boca. – Eu vi que ela fez você pisar na água. Estou feliz por vocês.

– Não está acontecendo nada entre a gente. – diz Levi, mordiscando a panqueca e fazendo uma careta.

Hange dá uma risadinha.

– De qualquer forma, ela fez com que você pisasse na água, Levi. Isso é um passo bem grande para você!

Levi respira fundo.

– Estou orgulhosa. – diz Hange, sorrindo. – Você não gostou de voltar a pisar no mar?

O Rivaille manteve o olhar baixo enquanto cutucava sua panqueca. Ele não sabia ao certo o que dizer, porque nem sabia o que tinha sentido direito na noite passada em relação ao mar. Fazia tempo que ele não pisava na água, que não sentia o gelado em seus dedos, que a sensação foi estranha quando o mar veio e ao mesmo tempo, extremamente reconfortante.

– O que adianta só pisar na água? Não é como se eu fosse voltar a surfar, Hange. – ele diz.

– Pode parecer uma coisa pequena, Levi, mas foi algo grande. – ela diz. – O mar é uma de suas paixões e desde que você teve que parar de surfar você esqueceu que podia tocar nele. Quer dizer, você simplesmente não quis mais saber dele apesar de olhar para o mar todos os dias. Eu nem imagino como isso deve ser para você e é por isso que estou feliz.

Levi não tinha muito o que dizer nesse momento. Hange estava extremamente animada com o simples fato de Levi ter pisado na água de novo e ele não sabia ao certo como reagir a isso, mas querendo ou não, ele estava feliz por essa felicidade dela e tudo o que fez foi sorrir antes de retornar a tomar seu café.