Jagur sentiu um calafrio. Aquelas portas protegiam e abrigavam aqueles que, pela força, dominavam seu povo. Entrar ali não era algo muito fácil para o menino, tinha que controlar e guardar seu rancor e o ódio de seus inimigos; ele sabia que da última vez que isso aconteceu não terminou muito bem.
– Se acalme. Nada de ruim vai lhe acontecer. Prometo.
Jagur riu, ainda desconfortável com a situação. – É que... deixa para lá. Só não confie nessas pessoas. A profetisa sempre me disse isso. Eles não são confiáveis.
– Não se preocupe. Lidar com pessoas não confiáveis também faz parte do trabalho de um Cavaleiro.
Depois dos alertas de Jagur os dois já estavam do lado de dentro casa, encaminhando para a grande casa ao centro. Com os olhares desgostosos, os guardas acompanhavam o movimento deles; Jagur se incomodava com toda aquela atenção, enquanto Aiolos não se intimidava, apenas continuava andando como se estivesse sozinho com o garoto.
Ao chegarem ao salão, uma voz emana do fundo do grande cômodo: – O que traz um viajante em Salem? – Caminhado a passos curtos, um homem de idade mais avançada, mas com o corpo viril como de um jovem adulto. Um manto cobrindo um corpo e os cabelos grisalhos descendo até o ombro. Um semblante tranquilo, porém, misterioso. Os olhos discretamente se moveram em direção a Jagur, sem demonstrar nenhuma expressão continuou: – Você é um Cavaleiro, não é?
Aiolos estranhou a precisão da dedução daquele homem misterioso e desconfiado, questionou: – Como sabe disso?
– Já conheci um outro como você. Sei reconhecer quando um ser tão poderoso está à minha frente.
– Outro Cavaleiro? – perguntou Aiolos, ainda intrigado.
– Acredito que ele seja bem diferente de você. Alguns o conhecem como Lexus.
Ao ouvir o nome ser pronunciado da boca daquele senhor, Aiolos logo se familiarizou. O nome era de alguém conhecido desde da época que ele era apenas um mero aspirante a Cavaleiro, junto com os outros. Mas Aiolos tentou não demonstrar emoção.
– O Lexus não é um Cavaleiro. Cavaleiros não usam... armas para se defender.
O homem no qual seus subordinados se referiam como Fahad riu ao ouvir a pequena explicação de Aiolos. – Hum hum hum... é verdade. Diferente de você, ele usa uma espada peculiar e poderosa, mesmo assim, sinto em dizer, mas ele é conhecido como Cavaleiro em alguns cantos de Ateia. Acredito que ele tenha convivido com vocês para ser tão próximo do Santuário.
Aiolos ignorou propositalmente a observação de Fahad e perguntou: – Como sabe que eu não tenho nenhuma arma como a dele? Não estou trajando minha armadura.
– Como você disse mesmo: "Cavaleiros não usam armas para se defender". – Fahad ainda intrigado pela presença do Cavaleiro em Salem e na companhia de Jagur continuou: – Bom, o que um servo de Atena faz aqui em Salem?
Sem muita demora, Aiolos respondeu: – Estava galopando com meu cavalo pela região quando encontrei esse garoto desacordado dentro de uma ravina.
– Jagur... – murmurou Fahad, sem muita expressão.
– Ele mesmo – disse Aiolos, olhando para o menino. – O garoto me disse a história que seu povo e de como vocês se instalaram aqui nessa terra dominando os habitantes de Salem. – Seu olhar se voltou para o senhor. – Sabe que isso não é muito bem visto por Atena, não sabe?
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Crônicas do Zodíaco - Anjo Dourado
AcciónAiolos caminha pela floresta com sua Urna Sagrada até que ele encontra um menino desfalecido em uma ravina. Ele descobre que a vila do garoto foi dominada por um povo estrangeiro. Desconfiado ele vai até a vila do garoto e recebe a missão de caçar c...