2. Medroso.

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Depois que meu pai morreu tudo ficou uma merda, Bailey tinha 13 anos e virou um adolescente rebelde, quase não via ele, já que ele estava sempre fora de casa.

A minha mãe se afundou no trabalho e na empresa, ela tomava muitos antidepressivos que só fui ter ciência anos depois.

E eu? Eu tentei continuar a minha vida, ia às aulas de teatro todas às segundas e às aulas de canto às terças e quartas depois da aula. Eu realmente amava cantar e atuar, meus pais decidiram me colocar nas aulas porque disseram que desde bem pequena eu vivia brincando de atuar e cantar, eles viram minha vocação muito antes de mim, e conforme fui crescendo cada vez amava mais, e tenho muita sorte de eles sempre me apoiarem e me incentivarem.

Um dia estava voltando para a casa no ônibus escolar pensando em como a minha família feliz que fazia picnics todo sábado de manhã no parque virou essa família que troca poucas palavras no café da manhã. Assim que o ônibus parou em frente a minha casa eu já estava com os olhos embaçados tentando segurar o choro, eu fazia muito isso ultimamente. Dei um tchau bem sem emoção para o Jack nosso motorista e desci, mas no último degrau acabei tropessando e caindo de joelhos, eu estava com uma jardineira jeans vermelha, então meus joelhos estavam desprotegidos batendo direto no chão áspero.

- Precisa de ajuda Any, se machucou? - Jack perguntou todo preocupado e já se levantando do banco do motorista.

- Não, obrigada Jack, está tudo bem. - Apressei-me em dizer, já que queria correr para dentro e chorar, pela dor do tombo e pela dor da saudade do meu pai. Quando ele estava vivo ele e minha mãe dividiam o trabalho e as vezes conseguiam chegar em casa mais cedo, meu pai gostava de aproveitar todo o tempo possível com a gente, agora são raros os dias que minha mãe chega para o jantar, normalmente ela deixa dinheiro para eu pedir comida no restaurante italiano a duas quadras da nossa casa, Mary a dona até estranha quando fico mais de dois dias sem pedir nada.

Assim que Jack deu partida eu já estava preparada para entrar, mas notei uma movimentação na casa ao lado que me fez parar no meio da calçada, a casa está vazia à alguns meses, desde que a senhora Bournes se mudou para a casa da filha em Utah, ela já estava muito velha para morar sozinha. Sinto saudade dos doces e bolos que ela fazia e sempre convidava eu e Bailey para comer depois da aula.

Pude ver um homem alto levando uma caixa que parecia estar bem pesada para o interior da casa, e uma mulher muito loira e bonita tentando colocar ordem em um menininho que corria em círculos e gritava no gramado da casa.

Eu levei um susto tão grande que até cheguei a dar um pulo quando escutei uma voz atrás de mim.

- Oi, ta tudo bem? Eu vi você caindo do ônibus. Você se machucou? - Ótimo, não bastava o ônibus inteiro ver meu tombo não?

Me virei e me deparei com um menino loiro de olhos azuis com uma bola de futebol na mão, ta explicado por que ele estava atrás de mim, a bola deve ter rolado pela rua.

- Hum, não obrigada, tá tudo bem. - Falei tentando disfarçar a dor que latejava no meu joelho, mas ele não pareceu muito convencido.

- Não parece, seu joelho ta sangrando bastante. - Ele apontou pros meus joelhos e fez cara de dor.

Arregalei os olhos e quase chorei ao ver meus joelhos sangrando, porque será que quando vemos o estrago da coisa perece que dói mais ainda?

- Vem, mamãe sempre sabe o que fazer quando a gente se machuca. - Ele me pegou pela mão e saiu me arrastando até a casa ao lado.

- MAMÃE. - Ele gritou a todos pulmões dando eco pela casa já que ela estava parcialmente vazia.

- Meu nome é Josh, prazer. - Ele abriu um sorriso grande demais e estendeu a mão.

- Eu sou a Any. - Apertei a mão dele, achando tudo muito estranho.

- O que foi querido? - A mulher loira chegou com um sorriso maravilhoso. - Quem é a sua amiga? - Ela perguntou me olhando.

- Ahn, eu sou a Any, moro aqui na casa ao lado. - Falei sem graça, tentando ser simpática.

- Ela levou o maior tombão ali na frente, tinha que ver mamãe, ela machucou os joelhos, será que você pode curar ela como cura a gente? - Josh falou rápido demais sem respirar. A mãe dele deu uma risadinha e eu me encolhi de vergonha.

- Calma querido, o que conversamos sobre falar mais devagar? - Ela falou paciente, e Josh revirou os olhos. - Oi Any, prazer querida, meu nome é Úrsula, parece que vamos ser vizinhas então. - Ela abriu um sorriso que me fez sorrir e concordar.

- Entrem, eu vi o kit de primeiro socorros numa dessas caixas agorinha enquanto procurava alguns pratos e talheres. - Ela apontou para a escada de poucos degraus que dava acesso à porta de entrada e subiu na frente já mexendo nas caixas.

Eu fiquei parada até que Josh pegou minha mão de novo e me puxou escada a cima, fui tropeçando mas pelo menos não cai de novo.

- Senta aqui por favor Any. - Úrsula pediu e apontou para o primeiro degrau da escada que dava acesso ao andar de cima, o piso da escada como o da casa toda era num tom marrom escuro e muito brilhoso, com certeza eles mandaram fazer algumas reformas aqui.

Sentei e logo Úrsula veio com algumas coisas para fazer um curativo no meu joelho, na minha frente Josh estava com cara de apavorado e mordendo os lábios.

- Você é medroso? - Perguntei a ele rindo enquanto Úrsula passava um líquido gelado que fazia arder um pouco meu joelho.

- Eu não, porque você ta falando isso? - Ele desfez a cara e tentou disfarçar.

- Ah por nada, só me enganei, achei que você tava com cara de assustado. - Falei sorrindo e balançando os ombros me fazendo de desentendida.

- Eu não tenho medo, mãe diz pra ela que eu não tenho. - Ele falou pra mãe e apontando pra mim. Úrsula deu uma risada baixa e me olhou se divertindo.

- É claro que não Any, Josh é um menino muito corajoso. - Ela deu uma piscadinha escondida pra mim e sorrio, já Josh deu um sorriso todo convencido ao lado dela.

Eu não senti nada, quando vi os meus joelhos já estavam limpos e com curativos e a mãe de Josh já tinha mandado a gente ir brincar no pátio nos fundos da casa e disse que ia preparar lanches pra gente.

Logo me vi correndo como uma louca atrás de uma bola junto com Josh. Mal sabia eu que aquele foi o primeiro dia de uma grande amizade entre eu e o meu melhor amigo.

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Oi gente, como vocês estão? 💙

Segundo capítulo, um pouco de como a Any e o Josh se conheceram 💗👄💗

Peço desculpas por qualquer erro ortográfico.

Comentem aqui o que acharam desse capítulo.

Um beijo, até o próximo capítulo. 🖤

YOU BROKE ME - Beauany.Onde histórias criam vida. Descubra agora