S O L I T U D E

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Era uma vez uma pequena garotinha de fios crespos e trançados, pele negra e olhar profundo. Apesar de muitas crianças apreciarem um dia ensolarado, ela desejava que todo dia fosse frio e chuvoso como aquela manhã. Levantar vestir a capa, por as botas, olhar pra janela e enxergar pequenas gotículas de água e o quintal todo empossado, eram como colírio para os olhos da garotinha. Sair de casa sem guarda chuva, deitar no meio da rua deserta sentindo os pingos de chuva grossos e frios tocando sua pele quente e macia. Encarar o céu completamente cinza sem nenhum espaço para o azul chamativo, sem nem mesmo fendas por onde ultrapassaria os raios de sol.

Aquilo era apenas dela, o momento que sua mente estava livre de preocupações. Onde ela não ouvia gritos e brigas, ela estava sozinha... Não porquê da solidão, mas pela solitude a sua palavra favorita. Agora seu vestido estava encharcado assim como seu cabelo, porém aquilo pouco lhe importara ela estava radiante. Contente por ter a chuva, ter ela mesma e conseguir alguns minutos de paz mental. Ela sabia que as próximas horas seriam tenebrosas dentro daquele local que não pode ser chamado de lar, porém ela estava em paz e isso lhe era suficiente.

"Só queria fechar os olhos e viver em paz, mas já sei que esse sonho nunca se realizará." - pensava a pequena garotinha encarando o céu e temendo a sua volta para casa, pois a chuva já passou e a tempestade se aproxima.

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𝐄𝐒𝐓𝐑𝐀𝐍𝐇𝐎𝐒 𝐂𝐎𝐍𝐇𝐄𝐂𝐈𝐃𝐎𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora