O Caçador E O Feneco | vmin

III

"Mate todas as aberrações."

As semanas se passaram do mesmo jeito, ele ia parar na minha cama, e me marcou o corpo todo, Jimin me deixava fazer o que quisesse, de quatro, de lado, em cima, em baixo, no chão do quarto ou até mesmo na mesa da cozinha, o apartamento todo tem o cheiro de rosas e meu corpo tem suas marcas, mas ao acordar, todas as vezes, pela manhã no dia seguinte, me vi sozinho na cama.

É sexta, Jungkook tem folga amanhã e eu também, então pensei em sair pra beber. Me arrumei no vestiário, tirei minha camisa e o estressadinho chegou.

— Nossa, hyung, suas costas estão bem arranhadas — comentou assustado e o fitei rindo. — Nem vou perguntar porque...

— Vamos dizer que um certo florista anda me fazendo de tapete — ri colocando uma camisa limpa e uma jaqueta jeans. — Hoje quero ver você beber e parar de ficar se estressando com trabalho.

Me tocou de leve no pescoço. — Credo, tá arranhado até aqui... Você tá transando com um homem ou um gato?

Um homem ou um gato?

Droga, isso que ele disse me deixou perturbado demais.

Porque sou um Caçador de sangue, mesmo que eu não atenda mais os pedidos de minha família, eu nasci e fui treinado para matar todos os descendentes dela. Da Deusa.

Seguimos andando pela rua, pensando no bar, Jimin ficou trabalhando mais tarde hoje e não pode ir junto. E não ter ele nos meus braços hoje foi tão estranho.

Me acostumei a ter sua companhia, quando ele deita na minha barriga e no meu peito, fica alisando minha pele e se eu estiver de costas, passa seus dedinhos na minha tatuagem de dragão, contando histórias.

Seu corpo quente me faz falta.

— Parece que anda bem próximo dele — Jungkook alisou os cabelos negros com as mãos, sentando na mesa do bar. — Nunca vi você sair com a mesma pessoa assim...

— Sim, mas... — dei ombros fazendo sinal para o garçom. — Não sei explicar, algo nele me intriga.

— Paixão? — riu e eu tive de negar com a cabeça.

Negar sem saber se é verdade.

— Ele é lindo, hyung. E gentil. Se eu fosse você, investiria. Não é sempre que se arruma alguém tão legal pra namorar.

Faz sentido, eu nunca tive um namoro, porque nessa vida que tenho, de trabalhar feito um filho da puta, falta tempo e espírito. Passei a vida toda treinando para ser um Caçador, quando sai da minha casa, resolvi viver sozinho, o dinheiro foi cortado e agora preciso sobreviver naquele restaurante de merda.

Até pensei, se caso Jimin, quer um funcionário, seria bom ter um extra.

E lá vai eu pensando nele de novo.

— Para de falar abobrinha, garoto — pedi vendo a cerveja chegar. — Andei transando com ele, muito, mas ele não parece do tipo que se afeiçoa por alguém, ou lugar.

Jungkook ficou pensativo, olhando para os cantos, muita gente está aqui hoje, mas não o suficiente, então podemos conversar sem ser escutados. O calor do álcool me fez soltar os cabelos e passei a mão neles ajustando para trás, alguns fios caíram sobre minha testa.

— Aquele negócio que você me contou... isso te deixa inseguro pra conhecer alguém mais íntimo? — disse inclinado para frente e fiz um bico, pensativo, foi uma boa pergunta.

— Olha... essa merda nunca me fez ter medo de nada, mas ultimamente ando tendo sonhos estranhos — tirei a tampinha da garrafa com a mão mesmo, na força. — Um mês atrás, comecei a ter uns sonhos pesados, que eu me afogava em sangue, acordava me sentindo sufocado, foi horrível.