"O destino trabalha de formas estranhas. Tome cuidadoz vigie."
Quando voltei para meu apartamento, no fim do dia, trouxe uma marmita do restaurante, com tudo o que consegui enfiar no isopor. Abri a porta a empurrando com o pé.
— Cheguei! — avisei bem audivel e me deparei com ele de pé na cozinha, ainda só com minha camisa, comendo o abacaxi que deixei na pia com as mãos.
Suas unhas estavam alongadas, garras que puxaram a casca grossa da fruta pra comer. Me fitou com olhos arregalados e eu ri.
— Bem, isso explica porque me esfola vivo quando eu meto em você — deixei sobre a bancada a comida e Jimin riu com a boca cheia de abacaxi. Engoliu rápido e largou o resto da fruta na pia, para fuçar o que tem dentro da sacola. — Trouxe do restaurante, imaginei que teria fome...
Enquanto ele tira o pote e abre, meus olhos passaram pelos armários, ele abriu tudo, e a lixeira está cheia de potinhos dos meus iogurtes. Tirei meus sapatos e também a jaqueta, deixando no canto junto com meu capacete.
— Ah, você... comeu tudo da casa? — engoli seco e ele riu pegando os hashis de bambu da sacola.
— Não, mas quase — sorriu e se sentou no banco para comer. — Me desculpa?
Suspirei com as mãos na cintura. — Tá, tá... Compro mais amanhã...
— É lua cheia, me dá fome mais do que o normal — disse de boca cheia. — Como muito porque posso me transformar sem querer a qualquer momento.
— Como faz pra viver assim? — encostei na pia, virado para ele e Jimin passou a mão no rosto.
— Não me transformo sempre, só se alguma coisa me gatilhar — deu ombros e voltou a comer. — Mês passado não teve por exemplo, no dia da lua cheia estava com você.
Olhei para a lixeira ao meu lado e notei que também jogou ali seu curativo.
— Já está curado então — comentei e confirmou com a cabeça batendo os hashis no pote vazio e fiquei chocado.
Que diabos? Pra onde vai toda essa comida? Jimin devastou minha cozinha e comeu a porra de um abacaxi com as próprias mãos. Sorrindo, ele jogou o lixo dentro da sacola e amarrou.
— Gasto energia quando me transformo.
— E você sabe fazer mais alguma coisa além disso? — questionei curioso e ele balançou a cabeça positivo. — O que?
— Te enfeiticei, não lembra? Uma vez só, mas fiz — riu. — Consigo ver bem no escuro, sentir presenças, me regenero rápido, mas tudo isso demanda energia e preciso comer bastante pra isso.
— Entendi — sorri. — Vou tomar um banho, estou morto. Pode comer mais se quiser, eu não ligo.
— Acho que eu tô cheio agora — se levantou e passou para o quarto. — Sabe, foi bom ficar aqui, eu precisava descansar do medo, ainda estava assustado.
— Imagino.
Ele deitou na cama com meu notebook no colo. — Estou trabalhando a distância, atendendo clientes por aqui, tudo bem?
Dei um jóia e entrei no banheiro para me limpar. Jimin é bem eloquente e adorável, mesmo que as vezes bem sério. Ainda não consigo tirar da cabeça que ele comeu quase toda minha comida e ainda tinha fome para a marmita.
Que horror, parece um monstrinho sem fundo. Pior de tudo é que não faço ideia do que somos agora e fico pensando nisso.
Quando sai apenas com a toalha na cintura, ele me fitou sobre o notebook e ficou observando meus movimentos. Sentia seu olhar na minha nuca, enquanto procuro algo pra vestir.
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O Caçador E O Feneco | vmin
FanfictionPRIMEIRO LIVRO DA SAGA. 2: ECLIPSE 3: AURORA Kim Taehyung é o quinto filho de sua família, marcado com uma tatuagem de V, foi treinado por toda a vida para ser um caçador de criaturas mágicas. Mas hoje ele trabalha em um restaurante, em um distrito...