Capítulo 7

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   A noite estava ótima, até que a companhia dele não é tão ruim.

- Por que não me fala sobre você?

- Estava bom demais para ser verdade. Você não podia continuar quieto não?

- Podia. Mas é mais legal te ver com raiva. – ele sorri.

- O que quer saber? – cedo.

- É sério!? Vai me responder?

- Se você não pode contra o seu inimigo junte-se a ele. – digo tomando um gole de vinho.

- Por que você é assim?

   Quer saber por que não ligo para os outro e só penso no meu próprio bem. Não sei como explicar de uma forma perfeita.

- Você já ouviu a parábola do sapo e do escorpião?

- Não. Nunca tive a oportunidade.

- Certa vez, um escorpião aproximou-se de um sapo que estava na beira de um rio. – digo olhando para a cidade - O escorpião vinha fazer um pedido: "Sapinho, você poderia me carregar até a outra margem deste amplo rio? " O sapo respondeu: "Só se eu fosse tolo! Você vai me picar, eu vou ficar paralisado e vou afundar. " O escorpião então respondeu: "Isso é ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaríamos. " Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio. No centro de tal, o escorpião cravou seu ferrão no sapo. Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o escorpião e perguntou: "Por quê? Por quê? " E o escorpião respondeu: - dou outro gole no vinho, o encaro e então digo - "Por que sou um escorpião e essa é a minha natureza. "

   Ele me olha incrédulo.

- Essa é a verdade. Sou do tipo de pessoa que se aproveita dos outros, que muitas vezes é até simpáticos, mas extremamente egoísta. Só penso na minha própria felicidade uso as pessoas como se fossem uma escada, piso nelas para conseguir o que quero.

- Não. Você não é assim.

   Tento ignora-lo, mas essa é a primeira vez que ouso alguém imaginar que sou boa.

- Você é uma garota incrível. – ele segura minha mão – Você só age assim porque não sabe o que quer.

   Eu sei exatamente o que quero, mas o medo de conseguir isso e perde-lo seria algo devastador.

- Quando você é chamada de louca, doente e imbecil a sua vida toda, você acaba não pensando assim.

- Como era a sua infância? – ele pergunta tentando me consolar.

- Meu irmão era o preferido da casa. Meus pais gostavam de tudo que ele fazia, e por conta disso eles tentaram me criar igual. – eu recuo uma lagrima – A minha vida toda eu fiquei tentando agrada-los, mas nada do que eu fazia era o suficiente. – tomo um gole grande de vinho – A partir do momento que comecei a fazer o que me dava na telha, comecei a receber mais atenção. Não a que eu queria, mas era melhor que nada. – uma lagrima cai e olho para dentro da casa – Tudo tinha que ser perfeito, tudo era perfeito. Menos eu. Quando eles tiveram chance me abandonaram aqui. Nem tiveram a capacidade de dizer tchau na minha cara. Deixaram a porra de uma carta que não demorou muito para virar cinzas. Eu não sou perfeita, mas tem gente que gosta de brincar com isso.

- Eu sinto muito, mas pra mim, você é mais que perfeita Coringa. – ele diz afastando meu cabelo.

- Por que me chama assim?

- Porque você é diferente. É única, e isso é maravilhoso. Você me surpreende a cada momento. – ele acaricia minhas bochechas quase coradas – Por que não me diz seu nome?

- Porque é legal não ser chamada de louca pelo menos uma vez. – rimos – E porque as piores lembranças que tenho são com meu nome. – abaixo a cabeça.

- Você tem alguma lembrança boa? No geral?

- Essa é a primeira. – digo olhando em seus olhos.

   Seu celular vibra. São os pais de Leandro o chamando para casa. Ele acaba o vinho e vamos até a porta.

- Bom, boa noite.

- Boa viajem.

   Assim que ele sai volto a janela e termino a garrafa. Pela primeira vez vejo o céu estrelado com um sorriso.

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