Capítulo 02: Perigo à vista

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O restante da aula seguiu tranquilamente com aquele plus de "blá blá blá primeiro dia" que já lhes contei aqui. Primeiro dia de aula é quase como um evento mesmo... 

Continuei estranhando que ninguém, absolutamente ninguém, da minha turma trocou uma ou duas palavras sequer comigo. Ao mesmo tempo, não estava ligando muito, já que fiz prováveis amizades na hora do intervalo.

O sinal toca anunciando a hora de irmos embora. Guardo meus materiais escolares na mochila e sigo até a saída da escola não tão mais nova assim agora. Antes de alcançar o portão que dá acesso à rua, vejo Gabriel e seus amigos um pouco longe. Eles também parecem me avistar e, eu, educada, mando um aceno, só que em troca, Gabriel me manda um beijo e uma piscadela. Viro a cara bem envergonhada e dou uma risada nervosa, não sem antes de deixar de notar as gracinhas que ele e companhia limitada fizeram após a atitude dele, que julguei um tanto ousada, frise-se...

Ao chegar finalmente ao portão de saída, dou de cara com meu pai... Gelei! Há instantes atrás, estava lá eu recebendo um beijinho à distância de um garoto! Se meu pai chegasse alguns minutos antes, poderia ter flagrado tal cena vergonhosa...

— Pai, o que faz aqui? — perguntei mal disfarçando o choque que tive.

— Ora! O que fazendo aqui? Vim te buscar, ué! — respondeu ele de maneira brincalhona.

— Mas... mas... Não precisava...

— É horário de almoço lá na escola de idiomas e como ela é aqui perto também, resolvi te buscar, Leninha! Fora que aproveito e como em casa mesmo... Não posso? — disse meu pai me lançando um olhar desconfiado e, claro, me deixando mais nervosa ainda... — Além disso, foi como eu te disse hoje de manhã: "O mundo está muito perigoso!"

— Ah sim... Claro! É que não esperava mesmo... — eu disse já me recompondo.

Então lá se vão pai e filha indo para a casa. No caminho, papai me pergunta justamente as mesmíssimas coisas que eu estava curiosa logo cedo: "E o seu primeiro dia de aula?", "Gostou da nova escola?", "E os professores?", "Fez novos amigos?", etc. Em relação ao primeiro dia, à escola e aos professores, respondi que por enquanto estava tudo normal.

— Nenhum evento extraordinário ocorreu hoje! — acrescentei com humor.

Mas em relação às amizades, confessei que achei o pessoal um pouco estranho:

— Mal me deram um bom dia ou quiseram puxar algum assunto comigo!

— Hmmm... Bem... Nada de anormal também aí, afinal você ainda é "estranha" — Ele fez um sinal de aspas com as mãos — para os seus colegas, mas você também fez por onde, Lena? — perguntou ele com um sorrisinho.

— Não também... — Para variar, falo isso de maneira envergonhada. — Mas era apenas eu contra o resto da turma, ora! — emendei protestando.

Papai riu e eu fiquei quieta.

— Algo mais que queira me contar, Leninha? — ele me perguntou olhando nos meus olhos.

Por algum motivo, decidi não contar a ele sobre o que aconteceu no intervalo envolvendo Gabriel e seus amigos – creio que devido ao episódio que me deixou um tanto envergonhada na hora da saída:

— Não pai, nada demais...

Chegamos em casa e almoçamos com mamãe, que também me encheu com o mesmo questionário que papai me fez há menos de dez minutos. Aproveitei o resto do meu dia entre ajudar mamãe com algum afazer doméstico e óbvio: jogar videogame!

 Aproveitei o resto do meu dia entre ajudar mamãe com algum afazer doméstico e óbvio: jogar videogame!

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