Human

capitulo 10

Assim que Carlo conseguiu postar o vídeo novo no canal, fomos de carro até o ateliê. Abrimos as janelas, tiramos o pó da casa e fizemos uma boa faxina, que por sinal há umas semanas que não fazíamos. No final do dia voltamos pro apartamento e pedimos comida chinesa, já que estávamos cansados demais pra sair ou cozinhar algo.

Colocamos um filme na tv, pegamos os notebooks e trabalhamos um pouco enquanto comiamos. Respondi um pessoal no Twitter e me dei conta que o canal estava quase chegando a um milhão de inscritos. Comecei a criar um projeto pro vídeo de agradecimentos e perdi um pouco a noção das horas. Acabei indo dormir perto das quatro da manhã.

...

Meu telefone tocou alto, me fazendo acordar com um susto. Dei um pulo do sofá onde sem querer peguei no sono e fui procurando o telefone.

- Aqui. - Carlo veio do corredor e me alcançou o telefone que estava no balcão da cozinha.

- Valeu. - Agradeci com a voz rouca. - Alô? - Atendi o telefone.

- Oi, é o Rick. Liguei pra avisar que chegamos amanhã de manhã.

- Ah, ok. Tudo bem.

- Tudo bem por aí? Está com uma voz cansada.

- Recém acordei. - Ri sem jeito. Olhei o relógio de parede e marcavam duas da tarde.

- Entendo. - Ouvi a risada dele do outro lado da linha. - O que? - A voz dele ficou meio abafada. - O Gusta quer falar contigo. Espera aí.

- Ok. - Voltei ao sofá e me sentei.

- Oi, Helena. Tudo bem? - A voz de Gusta perguntou do outro lado da linha.

- Tudo sim. E contigo?

- Tô ótimo. - respondeu.

- E aí? - Fiz careta.

- Ãhn? - Alguns segundos se passaram e ele ficou mudo. - Ah, é. Queria saber quais câmeras eu levo.

- Ah. - Ri confusa. - Pode trazer as que tu usa pro canal principal.

- Ok. - Ele riu sem jeito e ficou quieto novamente.

- Vou desligar. - disse.

- Tá ok. Até amanhã.

- Até. - Finalizei a chamada e deixei o celular no braço do sofá. - Estranho. - RI comigo mesma.

- O que é estranho? - Carlo perguntou.

- O Gusta. Ele quis falar comigo e perguntou se tava tudo bem. Eu respondi que sim e ficamos uns cinco segundos sem falar nada. Ele já sabia que era pra trazer as câmeras do canal principal. Não entendi por que ele perguntou de novo.

- Sua estúpida. - Passou a mão no rosto. - Ele queria ouvir a sua voz.

- Como assim?

- Ele pediu pra falar contigo não pelo projeto, mas por que queria te ouvir. - Tentou explicar. - Helena. O Gusta gosta de você.

- Ah. - Me curvei um pouco e encarei a parede. - Será?

- Para de ser lerda, criatura! É óbvio!

- Tá, mas...

- Mas nada. Tenho certeza que ele gosta de ti. - disse.

- Você não pode ter certeza desse tipo de coisa. - Peguei uma almofada e deixei no meu colo.

- Tá na cara. Não enxerga se não quiser. - retrucou.

- Mas eu não tenho cabeça pra isso. Namoro, homens, pegação... Não é pra mim. - Senti minha cabeça doer. - Que merda.

- Acho que está nervosa por que talvez goste dele também. - Carlo comentou.

- Por favor, não me deixe confusa. - Pedi, fazendo ele rir. - Tenho muito trabalho. Não dá pra pensar nisso agora. - Peguei o notebook e abri uma pasta de arquivos.

- Bom... Se estiver confusa agora, talvez amanhã vocês se acertem. - Carlo deu de ombros e saiu da sala. Tentei não pensar muito nisso pelo resto do dia.

...

Acordei com o cheiro de café vindo do corredor. Sentei na cama, me espreguiçei e fui seguindo o cheiro até a cozinha. Carlo despejava café em duas canecas e haviam torradas no balcão.

- Bom dia. - Cheguei mais perto e o abracei.

- Bom dia. - Ele sorriu. - O Rick ligou e disse que já pegaram o trem pra cá.

- Ah, que bom. - Peguei uma das canecas e sentei no sofá. - A gente busca, eles vêm pra cá, nós nos encontramos no ateliê...?

- Seria bom a gente ir buscar. Tem as malas e o equipamento. São quatro caras. Vai dar trabalho virem de táxi. - disse.

- Ok. - Tomei um pouco do café.