[16] tão inefável

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Inefável: sentimento inexplicável











  O endereço era a coisa mais confusa do mundo e Jeno simplesmente odiava esse tipo de entrega em local aberto como aquele parque onde milhares de pessoas se reuniam todos os dias. O começo do problema é um lugar para estacionar, que segue para encontrar o cliente antes que a comida esfrie, que sucede ouvir diversas reclamações caso aconteça; A primeira do cliente, e a segunda de seu queridíssimo chefe.

Mas hoje isto não aconteceria e tem um porquê.

— O cliente disse pra não correr tanto e levar com cuidado como se fosse pra você mesmo. Deve ser um louco que gosta de perder tempo, ele até pagou muito dinheiro a mais por toda essa demora. – o homem disse antes, mas soava tanto como um resmungo sem chance de controvérsia que o moreno nem se deu tanto trabalho de defender o pedido inusitado daquela pessoa. — Como é longe e sem muita referência você vai levar bastante tempo lá, mas vê se não demora tanto! Você me vendeu seu tempo de hoje.

Às vezes o homem era chato, mas não sempre. O que sempre quebrava um gelo depois de algum comentário assim era o filho do homem, o gerente do restaurante que sempre se aproximava numa boa logo depois.

— Relaxa. Ele fala isso desse jeito e agora, mas já tirou um pouco a mais pra você. O papai dobrou o seu tempo já que o cliente pagou bem.

Jeno ficou tão surpreso que parou de guardar as coisas no mesmo segundo.

— Sério?!

— Claro que é sério! Ele gosta de você e reconhece todo o seu esforço pra cá e por você mesmo! Jeno, você é um cara legal.

— Então eu já vou, Sungchan. A gente se vê depois!

— Com cuidado hein!

Um "beleza" é suficiente antes de vê-lo partir sem demora. O homem se encosta na outra moto estacionada ali e finalmente se questiona, hesitante:

— Mas por que será que tinha que ser exatamente o Jeno?

É preocupante, mas o homem tem mais preocupações além dessa, por isso ele também volta rapidamente ao trabalho no restaurante de bairro.

• • •

   Levou alguns minutos para chegar e mais alguns até achar onde pudesse estacionar sem risco de uma multa. O lugar está lotado, afinal.

Ele observa em volta e mais uma vez as anotações dadas. No fim não havia nada que o ajudasse mais do que sorte, que também era bem inútil no momento.

Sobrou-lhe suspirar de frustração mais uma vez, em mais um dia seguido, por mais um motivo de vários diários...

Até que o viu.

Os fios loiros balançando junto das mãos eufóricas que se movimentavam de um lado para o outro para chamar atenção no meio daquele povo todo. Tecnicamente impossível de estar enxergando bem. Mas estava.

E Na Jaemin é muito louco – ou muito mimado.

— Me fala que isso não é seu.

— Claro que não é meu. É nosso!

— O que... Droga, você é muito louco, Na Jaemin!

Ele simplesmente não segurou quando se aproximou mais daquela pessoa tão insana que parecia indiferente. Jaemin até mesmo deu dois tapinhas naquele pano estendido na grama verde.

Jaemin é impossível.



  > > >

— Você é quase um stalker agora. – ele diz com certo humor em meio aquela refeição que até então não havia passado de pequenas instruções entre os dois do que abrir primeiro, o que comer primeiro, "me passa aquilo" ou "obrigado".

— O quê? Claro que não! Você me deu o endereço de bandeja. Stalkers são inteligentes o suficiente pra descobrirem esse tipo de informação sozinhos. Eu só me preocupei com você.

— Você não precisava se preocupar tanto assim.

— Se eu dissesse aquilo no seu lugar, com certeza você estaria preocupado agora.

Isso é verdade, ele não pode negar. Mas ainda assim envolveu muito dinheiro.

— Jaemin, eu quero dividir a conta com você pelo menos.

— Eu não vou aceitar.

— Eu tô falando sério.

— E eu também, Jeno. – o loiro rebate outra vez.

Inicialmente ambos os olhares são firmes em suas decisões, mas essa troca com expressões tão insistentes não dura nada após Jaemin ser o primeiro a se cansar daquilo, trazendo um pouco mais de carne para a tigela descartável do outro.

Por um segundo Jeno não tem reação sobre aquilo. Afinal, apenas seu melhor amigo Haechan fazia isso. E foi um choque bom que o fez olhá-lo imediatamente, mesmo que não tivesse esse contato de volta.

— Eu só me importei... "Porque eu gosto de você", não foi isso o que você disse pra mim? – ele lembra. — Você também disse que não queria me ver preocupado por esse mesmo motivo. Acontece que eu também posso me sentir assim sobre você, então não haja como um favor que tem que ser devolvido na hora ou eu vou me sentir mal.

— Eu não quis te fazer se sentir assim.

— Então vamos comer... – então ele finalmente o olha com um sorriso travesso após dizer — e depois nos beijar no carro. Eu gosto de ter alguém pra beijar.

E logo o outro caiu na gargalhada.

Não podia ser possível! Tão descarado que soava até divertido!

— Você é impossível... Na Jaemin...

— Uh?

— Eu realmente quero te conhecer melhor... E se você quiser... Eu quero deixar você me conhecer também.

E aquelas palavras pesaram onde deveriam aliviar. Amar alguém sempre pareceu algo tão complicado ao seu ver. Mas Jeno é alguém que parece ter superado algo tão ruim e mesmo assim estava disposto a tentar, então questiona-se muito sobre o que pegou no ar.

Se parasse ali, acabaria ali. Tudo que foi bom entre eles, de brincadeira ou não, teria fim.

Se continuasse estaria dando esperança não só a ele como ao outro também. Não pode e nem deve brincar com os sentimentos de alguém.

Cabia a ele.

Estava disposto?

A verdade é que acredita não saber a resposta mesmo se questionar sua mente mil vezes sobre isso. Não pensar muito é essencial às vezes. Simplesmente não sabe explicar, e talvez nem tenha uma explicação,  então sem demora ele apenas decide.

— Então vamos nos conhecer melhor, Lee Jeno.

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