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— Ótimo. — Anabell revirou os olhos. — Você morreu tem um século, provavelmente nem existe mais essa escola.

— Mas é um bom ponto de partida. —Margot comenta. — Se formos até lá, ela pode lembrar de mais coisas sobre sua vida. É melhor investigar

Anabell revirou os olhos e seguiu pelo corredor, na direção da porta de saída. Margot ficou a observando por longos segundos até que decidiu segui-la. Tinha medo do que poderia acontecer se algum inspetor as vissem fora de aula mas não tinha escolha senão seguir Anabell.

— Pra onde estamos indo? — Margot pergunta.

— Eu estou indo embora. — Anabell responde, saindo para o estacionamento da escola e seguindo na direção da rua. — Você vá para casa, eu a buscarei daqui a algumas horas. Até lá, tente descobrir onde ficava essa tal escola.

Margot observou enquanto Anabell se afastava cada vez mais, em passos rápidos e firmes. Ela pensou se deveria voltar para dentro da escola mas não conseguiria se concentrar em nenhuma aula. Inventaria alguma desculpa para os professores no dia seguinte.
Seguiu para sua casa. Kayle a acompanhava silenciosamente. Margot também permanecia em silêncio, estava pensando sobre o que faria se aquele plano não surtisse efeito e que, mesmo encontrar o local onde a Kayle havia morrido, não fosse o suficiente para fazê-la seguir em frente.

Alguns minutos depois, chegaram na casa da Margot e ela entrou, agradecendo mentalmente o fato de que seu pai só retornaria à noite. Se ele a visse ali, naquele horário, faria um interrogatório sobre o porque dela não estar na escola.

Segurando a porta aberta, pediu para a Kayle entrar e pensou que estava agindo como uma maluca, fantasmas não precisam usar portas. Subiram as escadas, entrando no quarto da Margot. Ela rapidamente pegou seu laptop. Guardado em sua escrivaninha.

— Você consegue lembrar de algo que indique o endereço da escola? —Margot perguntou. Pensou que talvez pesquisar na internet a ajudasse a descobrir sobre aquele caso mas ficou receosa pelo fato de que havia acontecido há mais de um século.

— Eu não sei o endereço. — A Kayle respondeu triste. — As imagens que me vêm são apenas da fachada da escola.

— Você sabe o nome da escola? —voltou a perguntar e a mulher negou com a cabeça, fazendo Margot suspirar. — Tudo bem, vamos começar pelo o que sabemos.

Margot digitou “massacre em escola” na barra de pesquisa e foi bombardeada por diversos casos envolvendo atiradores e escolas. Nenhum deles se parecia com o caso de Kayle.

Margot pensava que talvez a Kayle não fosse de um lugar muito distante, pelo fato de tê-la encontrado. Ela pensava que a Kayle fora levada até a pessoa mais próxima que poderia ajuda-la. No caso, Margot.

Continuou pesquisando e lendo diversos casos sobre aquele assunto mas não conseguiu encontrar o que estava procurando. Suspirou, deitando em sua cama frustrada.

— Se você lembrasse ao menos o nome da cidade. — Margot comentou.
A espectro olhou pela janela por alguns minutos e de repente, se voltou rapidamente para encarar Margot que se assustou com aquele comportamento.

— Vaguse! — exclamou.

— O quê?

— Meu nome, eu lembrei. — falou, fazendo Margot se sentar novamente em questão de segundos. — Kayle Vaguse.

— Não acredito! — também exclamou Margot e voltou a sua pesquisa.

Não encontrou nada sobre alguma Kayle Vaguse que fora professora mas descobriu que havia alguém com esse mesmo sobrenome em uma cidade não tão longe. Ficava à uma hora e meia de viagem.

Ouviu a campainha tocar e desceu as escadas correndo para abrir a porta. Anabell estava ali, esperando.

— E então? — perguntou, não tão interessada.

— Acho que sei onde ela morava. — comentou animada. — Hanbok.

— E como você descobriu isso?

— Ela lembrou de seu sobrenome. A pessoa mais próxima que eu encontrei com o mesmo sobrenome mora em Hanbok.

— Ou seja, você não tem certeza.
Margot revirou os olhos.

— Se formos rápidas o suficiente, conseguimos voltar antes que meu pai chegue. — falou, pegando seu casaco e as chaves para fechar a porta. Kayle já esperava do lado de fora.

Margot, ao sair, notou um carro estacionado na frente de sua casa. Era um Jeep Compass preto, ela conhecia um pouco sobre carros. Não sabia a quem pertencia aquele carro e espantou-se quando viu Anabell se dirigindo à porta do motorista.

— Espera aí, esse carro é seu? — perguntou, com os olhos arregalados.

— Sim. — deu de ombros. Margot continuava incrédula.

— E de onde você tirou dinheiro para compra-lo?

— Você não sabe? Eu conheço um duende. — Anabell respondeu e Margot se espantou ainda mais, seus olhos ficavam cada vez maiores em espanto, um pouco mais saltariam da órbita. — Ele me mostra onde está os tesouros escondidos.

— Você está falando sério? — Pergunta Margot, incrédula.

— Claro que não. — abriu a porta do carro. — Entra logo.

— Onde você conseguiu esse carro? — voltou a questionar, ainda admirando.

— Você não é a única no mundo que consegue ver o plano espiritual. — Anabell explicou. – Alguns mais espertos que você ganham a vida com isso. Fazem acordos conosco e nos ajudam sempre que estamos no plano físico.

— Entao é assim que você conseguiu esse carro? Com uma dessas pessoas?

— Não só o carro, qualquer coisa que eu precisar. — sorriu sem mostrar dentes. — Entra no carro antes que eu desista de ajudar.

Margot apressou-se em entrar no carro, sentando-se no banco do passageiro. Disse para Kayle entrar e, em um piscar de olhos, o espectro se encontrava no banco traseiro.

— Você tem carteira de motorista? —
Anabell a encarou, como se não acreditasse no que acabara de ouvir.

—E você acha que eu preciso de uma?

— Se formos paradas, sim. Ou você acha que ninguém vai parar duas adolescentes em um carro? — Margot falou.

— Uma adolescente. – Anabell corrigiu. — Eu tenho mais de sessenta anos.

— E continua parecendo uma adolescente. Quase uma criança. — Margot rebateu. — E se a policia nos parar?

— Eu dou um jeito. — respondeu e, pressionando o botão de partida, ligou o carro.

Anabell guiou o carro por entre as ruas por um tempo, até chegar à interestadual que levaria para Hanbok. Ela dirigia rapidamente, parecendo não se importar com as placas de sinalização que diziam o limite de velocidade.

Margot agarrou o banco sob si com as duas mãos, enquanto observava Anabell desviar dos carros em seu caminho como se fosse uma piloto de fuga.

Tentava tirar o máximo de informações que conseguia de Kayle. Qualquer outra coisa que ajudasse a descobrir onde ela vivia, pois temia que a pessoa a quem elas estavam indo encontrar, talvez não conhecesse Kayle.

Vez ou outra Margot fazia alguma pergunta para Anabell, que lhe dava respostas curtas. Ela não queria conversar.

Margot também tentou ligar o som, o completo silêncio naquele carro a estava incomodando mas Anabell não permitiu, o que resultou em um protesto vindo de Margot.
Uma hora e meia depois, elas haviam chegado em Hanbok.

O ladrão de sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora