O ladrão de sonhos

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Falou e logo depois sumiu. E então o ar ficou menos gélido e Margot continuou ali pensando no que ele dissera. Se faria ou não e se fizesse, como conseguiria.

E assim que a aula terminou, Margot correu até o velho Cadillac. Trinta segundos depois agora já próxima ao carro, Margot foi pega numa tempestade que ali se iniciava. Ficou lá parada e inexpressiva, esperando que a chuva caísse. Seu cabelo molhado caía sobre os olhos bloqueando a sua visão. A visão da escola, da quadra de basquete agora alagada e dos alunos.

—Se ficar aí vai acabar pegando um resfriado. — Falou uma voz conhecida bem ao seu lado. Era o rapaz de longos cabelos negros, Ele. Estava a encarando, seu olhar parecia preocupado por alguma razão.

— Ele, o que você está fazendo aqui? As pessoas vão te ver. — Diz Margot tentando puxá-lo para se esconder.

— Exceto você, nenhum humano consegue me ver a não ser que eu queira. — Ele disse. — Mas por que você está assim na chuva, aconteceu alguma coisa?

—Eu queria pensar um pouco. — Margot faz uma pausa antes de terminar a frase. — Sozinha. — Suspirou. — Você vai achar loucura mas talvez eu tenha machucado alguém hoje. Foi como se eu pensasse e a coisa acontecesse. Eu empurrei um menino da minha sala, mas eu nem se quer toquei nele. — Margot passava a mão pelos seus cabelos, ela parecia nervosa.

Ele ficou parado atônito por algum tempo. Seu olhar logo ficou distante e assustado. Era como se pensasse bem antes de falar alguma coisa.

— O Fantasma um — Margot resolveu quebrar o silêncio. — Ele também viu, disse que fui eu. Então eu não sei muito o que pensar. — Continuou Margot, sua voz estava trêmula.

— Eu vou pensar um pouco sobre isso. E então conversamos a noite. — Falou finalmente. — Quer que eu fique com você?

— Tudo bem. Não precisa, eu também quero pensar um pouco mais sozinha. — Respondeu Margot.

Aquela era a primeira vez que o rapaz aparecia para Margot durante o dia, sempre era no seu quarto e a noite quando só estavam eles dois.

Logo Raymond apareceu, correndo com um grande guarda chuvas em direção a Margot. Ela percebeu que ele falava alguma coisa ao longe mas não conseguiu entender por conta da tempestade. Margot fez um sinal para que Ele fosse embora. Mesmo que senhor Raymond não o visse, ainda seria estranho se ele continuasse ali.

— Menina o que você está fazendo aqui na chuva? Devia ter esperado lá dentro ou pego a chave do carro comigo e ficado aqui nele. Você quer que seu pai me dê uma bronca por deixar você pegar um resfriado? — Reclama.

— Perdão. — Diz Margot abaixando a cabeça e entrando no carro e molhando parte do banco.

—Tudo bem. — Suspira. — Vamos logo.