Capítulo treze - Missão de Aniversário

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— Oi senhorita completamente isolada, antissocial e amargurada. - Peach se aproximava com uma bandeja recheada de frutas e coisas verdes. Seu cabelo bonito e cacheado brilhava tanto quanto o seu sorriso largo quando ele se sentou na frente de Margot em sua mesa solitária, recebendo vários olhares de desdém pela atitude do moreno. - O rapaz estica o braço até a testa de Margot e lhe dá um leve peteleco antes de morder uma enorme maçã verde. - Senti saudades.
As atitudes amigáveis do garoto fazia com que todos no refeitório se questionassem o motivo de Peach se interessar por alguém como Margot.

— Estão todos olhando para cá. - Diz, passando os olhos com as sobrancelhas arqueadas as pessoas que encaravam sua mesa. - Você é bonito demais para se sentar comigo.

— Fico feliz que me ache bonito mas por acaso você se importa? - Responde o rapaz.

— É claro que não. Já estou acostumada em ser a aberração principal do circo dos horrores. - Margot dá de ombros. - Essa é apenas mais uma segunda feira normal pra mim.

Peach sorri de lado. - E eu já estou acostumado em dividir os holofotes com a estrela principal.

— Você é um bom coadjuvante. Falando nisso, onde estão? - Margot dá primeira garfada em sua comida, ela fazia esforço para demostrar desinteresse ao perguntar.

— Anabell está em uma missão complicada. E o irmão. - Peach suspira. - Tivemos que obriga-lo a voltar. Sinto muito ter estragado a noite romântica de vocês.

— Como assim noite romântica? - Margot engasga. - E por que ele foi obrigado a voltar? Aconteceu algo?

— É. Nada que precisamos nos preocupar agora. Pelo menos não hoje! - Diz animado. - Vamos ao festival de verão da cidade.

— Vamos? Vamos quem? - Pergunta genuinamente confusa.

— Eu e você. - Peach aponta seu dedo indicador na direção de Margot que nega imediatamente com a cabeça. - Mas só acontece uma vez no ano, todos na escola estão falando nisso. Soube que terá fogos de artifício e um parque de diversões. - Ele abre sua mochila e procura por algo dentro dela. Margot não pôde deixar de perceber um amontoado de cartas e presentes coloridos e bem embrulhados lá no fundo. Peach derruba alguns deles sobre a mesa até que finalmente tira um pequeno panfleto do festival que estava na cidade como em todos os anos desde que Margot se lembrava.

"E ela nunca foi, em dezoito anos."

— Veja! Aqui. Ele indica a foto de uma roda gigante decorada com luzes roxas e rosas.

— Uma roda gigante? Uau que incrível, Peach. - Margot fala em tom de deboche.

— Não existe essas coisas no nosso mundo, essas aqui e isso aqui também. - O rapaz aponta para uma criança com um algodão doce em cores de arco íris e um carrossel. - É tudo tão bonito e alegre! Totalmente o contrário do mundo morto, queria que a Anabell estivesse aqui. - Diz, cheio de entusiasmado na voz.

— Tenho certeza que ela odiaria também.

— Ninguém é mais animada com as coisas do mundo humano que a Ane. Vamos lá, vai ser divertido. Podemos comemorar o dia do seu nascimento que está chegando.

— Se chama aniversário, e não. Eu não comemoro o meu aniversário. - Margot o olha seriamente e tira o panfleto da mão do rapaz o colocando de volta em sua bolsa.

— Por favor? - Peach faz biquinho e curva suas sobrancelhas numa feição de pedinte. Margot quase riu, ele parecia uma criança fazendo birra para a mãe. - Venha comigo, será tão divertido.

O rapaz tagarela por alguns minutos sobre os motivos de seu entusiasmo em ir ao festival, que são completamente ignorados por Margot. Naquela manhã mais uma visão estranha sobre o seu pai assolava a sua mente. Enquanto dormia, a garota havia sonhado com sussurros estranhos que lembravam a voz de seu pai pedindo por misericórdia e falando algo sobre não irem atrás de sua filha. Margot se lembra sobre o que Cary a havia contado sobre suas visões, mas estranhamente daquela vez ele não estava lá com ela em seu quarto. Ninguém estava. Seus pensamentos são interrompidos por mais um peteleco de Peach em sua testa.

— Você está me ouvindo? - Pergunta o rapaz desconfiado.

— Não Peach, pode ir sozinho. - Margot olha o seu celular pela quinta vez naquele dia, naquela manhã, Lourenzo não tinha ligado como de costume para saber se ela não tinha se atrasado para a escola. O que a fez ficar ainda mais nervosa, apesar de Tia Cecil a ter tranquilizado antes da aula dizendo que talvez ele só estivesse muito ocupado na reforma da casa incendiada, então ela não deveria se preocupar.

Margot balança a cabeça de um lado para o outro tentando evitar os pensamentos ruins de preocupação com o comportamento de seu pai e se levanta, indo em direção ao grande cesto de lixo colocar os restos do seu almoço que ela mal havia tocado.

— Minha missão é fazer você sorrir no dia do seu aniversário e não te deixar sozinha nem por um segundo, então eu vou insistir.

Margot revira os olhos.

— Acho que te deram uma missão impossível. Meu aniversário significa também a morte da minha mãe, não é um dia bom. Eu não tenho nada para comemorar.

— Então vamos fingir que é o meu aniversário, abrir os presentes que por algum motivo me deram e ler essas coisas aqui. - Ele abre a bolsa para que Margot visse as inúmeras cartas que estavam lá dentro.

—Você é bem popular entre as meninas aqui, não é?

Peach gargalha.

— Não só as garotas, mas alguns rapazes também me deram algumas coisas. - Ele faz uma careta confuso. - Mas eu não entendi o motivo e quando eu os recuso eles parecem tristes então eu aceito e guardo.

— Você está aceitando o sentimento deles também. - Margot ri. - Saiba disso.

— Isso é bom? - Questiona.

— Depende do ponto de vista. Se você se sentir atraído. - Ela sorri de lado com malícia. - Então será a pessoa mais cobiçada dessa escola. Depois da Anabell.

— Mas você é a única humana que me interessa aqui. A minha amiga humana preferida que vai sair comigo hoje a noite para o festival de verão. - Ele balança o corpo de um lado para o outro fazendo uma dancinha.

— Me sentiria lisonjeada se eu não fosse sua única amiga humana.

— Você viu que eu tenho muitas opções. Mas prefiro você!

— E eu prefiro a minha casa, meu quarto e minha cama. - Ela sai do refeitório depois de colocar sua bandeja na grande pilha e apressa o passo, deixando o rapaz para trás falando sozinho.

O ladrão de sonhosOnde histórias criam vida. Descubra agora