Capítulo 13 - Deveria dizer que quebrar vínculos dói

1.1K 129 56
                                    

Meus olhos voam até o relógio pela milésima vez, assim como os de Luna, que está incomumente calada ao meu lado.

Não era dessa maneira que eu queria que conhecesse meu apartamento, porém, nossos planos mudaram drasticamente depois do flagra a três dias atrás. Quando concordamos em contar a verdade para Ha-Yun e eu enviei uma mensagem pedindo que viesse conversar. Sem, é claro, dar margem para qualquer mal-entendido.

Tínhamos pensado em marcar o encontro numa cafeteria ou algo do tipo, contudo, considerando a seriedade do assunto, decidimos por um lugar mais reservado. Pois, não sabemos como a situação vai se desenrolar – embora seja óbvio que não será nada fácil.

O som da campainha me faz sobressaltar. Sinto Luna retesar enquanto trocamos olhares. Beijo suavemente seus lábios, dando-lhe coragem e tentando achar a minha, e sigo rumo a porta em seguida. Respiro o mais profundamente que a apreensão permite e confiro se é Ha-Yun através do olho mágico. Empurro a maçaneta hesitante e é do mesmo modo que observo a garota parada diante de mim. A ansiedade é nítida em seu rosto. Ainda que eu tenha feito de tudo para não criar falsas esperanças, aparentemente, não funcionou.

— Oi, Jimin. — diz acanhada.

— Oi.

Permanecemos estáticos, um de frente para o outro, remoendo expectativas completamente distintas.

— Entre, por favor.

Abro espaço para que o faça, ao passo que ela comenta de um jeito meio atrapalhado:

— Fiquei realmente surpresa quando recebi sua mensagem. Não imaginei que... — ela detém as palavras no que atravessamos o estreito corredor da entrada e sua atenção recai na terceira pessoa presente. Suas sobrancelhas enrugam — Tia Luna?! O que faz aqui?

Vejo Luna morder o lábio, bastante desconfortável, mas a certeza em seus olhos é o suficiente para confirmar que nenhum de nós voltará atrás. Não importa o quão duro seja.

— Oi, Ha-Yun. — noona diz, calmamente — Também estou aqui para conversarmos.

— Conversarmos? Mas... — reveza o olhar da tia para mim — Não estou entendendo.

— Ha-Yun, primeiro sente-se, okay?!

Indico a pequena mesa de jantar. Desconfiada, minha ex-namorada puxa uma das cadeiras e senta, e eu faço o mesmo com uma do lado oposto. Nossas atenções volteiam para Luna, que se aproxima cautelosamente e, surpreendendo a sobrinha, se põe ao meu lado.

Estamos, enfim, cara a cara.

Mergulhamos no silêncio. Os olhos de Ha-Yun ainda alternam de um para o outro, envoltos em uma insegurança crescente. Minha mão procura a de Luna debaixo da mesa.

Seus dedos estão trêmulos, tal como os meus.

— Algum de vocês pode explicar o que está acontecendo aqui? — Ha-Yun é a primeira que se pronuncia, demonstrando toda a sua inquietação.

Luna faz menção de começar a falar. No entanto, ciente de que tentará colocar toda a culpa nas próprias costas como da vez em seu apartamento, aperto de leve sua mão num pedido mudo de que me deixe tomar a iniciativa. Noto que hesita, porém, aceita. Nossa intensa troca de olhares não passa despercebida por Ha-Yun, agora mais impaciente.

— E então? — insiste.

— Não há uma forma certa ou branda de começarmos essa conversa, logo, creio que o melhor é sermos diretos. — suspiro longa e profundamente. Umedeço os lábios — Sei que soará incoerente pedir isso, mas, por favor, escute o que temos a dizer. Sim?!

Minha tentação, LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora