Capítulo 12 - Deveria não desmoronar, mas é a consequência

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Olá meus amores, como vcs estão? Chegando com mais um capítulo fresquinho do nosso Jiminnie pegador de tia. E só o que eu posso dizer é: a cobra vai fumar!

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Sirvo mais uma fatia de pizza no prato de Luna e outras duas para mim. Deixo a caixa fechada em cima do balcão da cozinha e volto para o sofá. Ela aperta o play assim que lhe entrego o prato e sento ao seu lado. Abro nossas terceiras latas de cerveja. Estamos assistindo 'Parasite'.

- Me pergunto se é mesmo possível alguém passar anos trancado num lugar. - comento, dando uma mordida generosa na fatia de pepperoni - Tchipu o que... Aconte'chee nu filme.

Luna dá risada e também fala de boca cheia, o que é extraordinariamente adorável.

- Eu num sheei. Mas, ve'cha bem. - engole o pedaço com ajuda da cerveja - Existem várias histórias assim. Eu lembro de um programa que contou o caso de um soldado que ficou trinta anos se escondendo porque não acreditava que a Segunda Guerra tinha acabado.

- Sério?! - meus olhos se arregalam.

- Sim! - ela balança a cabeça com empolgação - Eu já tinha escutado histórias assim, mas não comprovadas. É surreal demais para acreditar. Tipo aquele caso do time de futebol juvenil que ficou preso em uma caverna inundada na Tailândia.

- Aquilo foi realmente surreal! Eu acompanhei o caso na internet. No dia em que anunciaram o resgate dos meninos, por alguma razão, alguém comentou que "Platão estaria orgulhoso" em uma postagem do Facebook. Vou ser sincero e admitir que eu não entendi muito bem.

Luna quase cospe a cerveja e começa a gargalhar sem qualquer explicação. Ela ri tanto que algumas lágrimas escapam pelo cantinho de seus olhos e, ao recuperar o fôlego, solta:

- Platão estaria orgulhoso, foi ótimo!

Observo-a como se estivesse falando literalmente grego e, com ar divertido, explica:

- É uma brincadeira com a alegoria da caverna de Platão, em que ele exemplifica como o ser humano pode se libertar da condição de escuridão, que o aprisiona, por meio da luz da verdade.

Meu rosto se contrai numa careta.

- Mas que humor refinado da porra. - resmungo - Claro que eu não ia entender.

Luna nega com a cabeça e aperta minha bochecha como se eu fosse uma criança.

A conversa nos faz esquecer completamente o filme, tanto que preciso voltar uns quinze minutos, até a parte em que de fato prestamos atenção. O enredo, enfim, nos prende e ficamos concentrados. Assim que termina, engatamos outro, dessa vez uma animação: O Poderoso Chefinho. Seria muito constrangedor se eu contasse que treinei meu inglês assistindo a ele?

Sim, seria, e por isso mantenho minha boca fechada.

Deitamos no sofá estreito, eu atrás e Luna na frente, e nos aconchegamos debaixo do edredom. Fico acariciando sua barriga por baixo da camiseta que está usando, inspirando o aroma gostoso do shampoo impregnado em seus cachos, e, diferente do que eu disse ao meu amigo e nós pretendíamos ao vir para o seu apartamento, prefiro mil vezes curtir esse momento do que transar. Mesmo amando o sexo com Luna, meu lado romântico que aflorou mais do que nunca hoje, quer apenas senti-la relaxada do jeitinho que está agora.

Quero lhe fazer carinho e continuar abraçado até que o dia amanheça.

Quero somente ficar com ela.

Em algum ponto do qual não faço ideia, acabo adormecendo agarrado a ela e com o nariz enterrado em seus cabelos, e desperto algumas horas depois. Olho ao redor meio desnorteado e recebo um resmungo sonolento quando tento levantar a fim de conferir que horas são. Deixo um beijo no topo da cabeça de uma Luna dorminhoca e estico o braço para alcançar o notebook. Vejo aquele emblemático aviso da Netflix, "Tem alguém assistindo?", e que são respectivamente quatro da madrugada.

Minha tentação, LunaOnde histórias criam vida. Descubra agora