Capitulo 34 - Isso é impossível.

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Capitulo 34 – Isso é impossível.

Daniele:

 

                Já era véspera de ano novo quando eu decidi que estava pronta para contar a Kimberly o porquê de tudo, das minhas mudanças constantes no dia a dia, do meu cansaço, e piques repentinos, tudo. Estava ficando difícil de esconder estando com ela praticamente todos os dias graças às constantes saídas e encontro de nossos pais, e era impossível que ela já não tivesse notado que havia algo muito errado comigo, não só na personalidade, mas na aparência.

                Com o passar dos dias ao lado de Kimberly, foi simplesmente impossível não voltar a sentir tudo aquilo que eu nunca parei de sentir. Com ela longe de mim era tão mais fácil não sentir e manter a escolha certa, mas com ela aqui, ao meu lado, tudo ficava tão embaçado e cheio de sentimentos, que meu corpo implorava para que eu fosse egoísta. A quem eu quero enganar, eu nunca parei de amá-la, Kimberly sempre foi o amor da minha vida e continuava sendo. E por esse motivo, eu precisava contar a verdade a ela, depois de tudo ela merecia ter suas respostas.

                Estávamos sentadas em um banco perto da calçada da praia e ao mesmo tempo ligado a praia, onde nos acostumamos a sentar há algumas semanas. Kimberly estava linda como sempre, vestia um shorts branco meio folgadinho acompanhado de uma camisa de botão e um all star da mesma cor, completamente no clima de ano novo. Já eu estava com um vestido fresco, leve e branco, acompanhado de rasteirinhas beges no pé.

                O movimento na praia era grande e agitado, todos estavam ansiosos para 00h para poderem finalmente celebrar um novo ano, novas conquistas e sonhos, novos amores, esperanças e tudo o que vinha com o ano novo. Kimberly observava cada um deles com um pequeno sorriso nos lábios, e eu a observava do mesmo jeito. Olhando e gravando cada mínimo detalhe dela, seus cabelos castanhos claros, seus intensos olhos verdes, seu nariz que tinha o formato perfeito pro seu rosto, seus lábios rosados, suas pintas no pescoço que pareciam uma mordida de vampiro, e que me fazia lembrar do tempo em que eu brincava falando que o motivo de sua branquisse e de seus olhos tão verdes, eram por causa da mordida de um vampiro e que ela se transformaria assim que completasse maior idade, o que a fazia gargalhar e inventar várias histórias comigo. Lembrar de tais coisas me fez rir junto com as lembranças, chamando sua atenção.

–Do que esta rindo? – Perguntou direcionando seu sorriso para mim.

–Lembranças. – Kimberly me olhou intrigada e fez um gesto com a mão para que eu continuasse. – Estava lembrando de quando fazia brincadeiras e histórias sobre suas pintas. –Falei rindo e apontando para seu pescoço.

                Kimberly balançou a cabeça e logo depois gargalhou.

–Você me dizendo que eu iria me transformar em uma vampira quando atingisse a maior idade, foi ótimo. – Falou ainda rindo. – Mas, mesmo sabendo que era uma besteira, eu confesso que esperei que algo acontecesse quando eu fizesse 18.

                Foi a minha vez de gargalhar e balançar a cabeça.

–Eu não acredito que você pensou nisso! E só para te iludir mais, maior idade é só 21, Kiki.

–Então ainda tenho esperança de que possa ser verdade!

                Nós gargalhamos ao mesmo tempo e eu me lembrei o porquê de ela ter conseguido me conquistar e me fazer amá-la com todo o meu ser. Kimberly era uma pessoa tão fácil de conviver, ela passa paz e tranqüilidade as pessoas ao seu redor sem nem perceber que o faz. É aconchegante e protetora, carinhosa e romântica, mas ao mesmo tempo estressada e ignorante. Mas nem os piores defeitos dela, fazem com que ela seja uma pessoa ruim. Acho que é verdade o que dizem que quando você esta apaixonado por alguém, esse alguém se torna perfeito para você mesmo com todas as suas imperfeições.

Suspirei enquanto sorria de lado e pensava “Eu ainda a amo profundamente” e com esse pensamento, eu decidi contar a verdade.

–Kiki... – Falei hesitante enquanto mexia na barra do meu vestido totalmente nervosa. – Eu... – Suspirei, contei até dez e soltei de uma vez. – Eu tenho um câncer terminal.

–O-o que? –Kimberly me olhava em choque e completamente confusa. – Você o que? –Perguntou novamente, mas sua voz continuava tremula. –É impossível, você tem 19 anos e sempre teve a saúde perfeita. –Falou inconformada.

–Duas semanas antes de eu sumir de São Paulo, eu fui pegar o resultado daqueles exames que eu fazia todos os meses graças à paranóia da minha mãe por saúde. Acredite, eu fiquei tão surpresa quanto você ficou agora quando descobri, na verdade eu não acreditei exatamente por esse motivo! Eu tenho 19 anos e uma saúde perfeita, é impossível que de uma hora para a outra, um câncer maligno tenha surgido em meu cérebro.

                “Eles fizeram todos os exames, passei por todos os aparelhos daquele hospital e de vários e vários outros atrás de respostas, e nenhum deles sabiam o porquê daquele câncer e nem qual tipo de câncer era. Depois de dias e noites que meus pais viraram acordados procurando informações desse câncer repentino, eles acharam um caso parecido em Miami, Florida mais especificamente, e então nós fomos até lá e tudo o que eu ouvia parecia surreal. Eu não acreditava que isso tudo estava acontecendo comigo, não podia ser real.

                Depois de horas e horas fazendo mais e mais exames, conversando mais e mais com os especialistas, chegaram à conclusão e a suposição de que meu câncer é uma falha genética muito rara, que a probabilidade de se desenvolver é 0, 0000001%, o que resulta em: você tem que ser fudidamente odiada pelo universo para que isso aconteça com você, e o câncer se desenvolva. E adivinha só quem é essa pessoa odiada pelo universo? A Srta. Daniele Gerger é claro.

                Eu confesso que no começo eu não aceitei nada bem, afastei tudo e todos e simplesmente entrei no primeiro avião que eu encontrei, sem destino algum. Eu precisava pensar em tudo, no que eu tinha feito no que iria acontecer comigo, no que eu fiz com a gente, nas coisas que eu disse a Camila, em absolutamente tudo. E passei três semanas fugindo de tudo e todos, e voltei apenas quando eu tinha minha mente sub-controle novamente. Só que é claro, a coisas na vida que não da pra deixar de uma hora pra outra, sumir e concertar. Perdi a amizade da Camila nisso tudo e bom, você”.

– Mas olhando para trás, eu não me arrependo de ter feito nada do que fiz. – Conclui sorrindo, pois eu estava aliviada.

                Aliviada por finalmente poder contar tudo o que eu sempre quis contar para ela. Era como se um peso do tamanho do mundo fosse tirado dos meus ombros e eu pudesse finalmente respirar aliviada.

                Kimberly me olhava com uma expressão indescritível, mas eu a conhecia bem o suficiente para saber que ela estava tentando digerir tudo o que eu havia falado e conectar tudo em um só. Depois do que pareceram horas, Kimberly focou finalmente seus olhos em mim franzindo a testa.

        

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