PORTA 1 (pt. 2)

148 22 14
                                        

- Son Chaeyoung?

A japonesa encarou a mulher que sorria ao seu lado. Ela conhecia Chaeyoung. Sim, Chaeyoung era estagiária no laboratório de física da universidade onde Sana trabalhava. Não, elas não eram próximas. Exceto, talvez, por aquela noite que...

- O que você faz aqui? - A mais velha perguntou, confusa. Ela reparou que a coreana estava exatamente igual à última vez que elas haviam se visto, mas seu cabelo tinha sido cortado muito curto.

- O que eu faço aqui? Minatozaki Sana, o que você faz aqui? Está ficando maluca? - Chaeyoung parecia achar graça da situação, mas seu olhar indignado era evidente. - Puta que pariu, você não me disse que ia sumir do mapa? Você é a porra da criminosa mais procurada do país e resolve dar um passeio pelo centro de Seul? Chou Tzuyu deve ter colocado a polícia da cidade inteira atrás de você neste instante.

Os olhos dela se arregalaram.

- Chou Tzuyu? Tipo, a presidente da Coreia do Sul?

Chaeyoung não estava entendendo nada.

- Sana, você bateu a cabeça? Duas semanas atrás ela apareceu em TV nacional para decretar que você era fugitiva do Estado. A última vez que eu te vi foi naquela madrugada, quando você veio me visitar e avisar que eu possivelmente nunca mais te veria outra vez. Agora, imagine a minha surpresa quando um dos meus homens me disse que viu você perambulando pelas ruas como se nada tivesse acontecido. Por sorte eu encontrei vocês antes deles.

Sana sentia que ia vomitar.

- Onde está Jihyo? - Conseguiu perguntar, antes que enlouquecesse.

- No outro carro. Você não parece bem, Minatozaki, mas eu sei que você não é uma pessoa imprudente. Tem algo de errado nessa história, e você vai me explicar tudo. Mas vou deixar que descanse o resto da viagem.

- Para onde estamos indo?

A mais nova ergueu uma sobrancelha.

- Imagino que você conheça o lugar.

...

Ela não se surpreendeu ao descobrir que não conhecia.

Pensou que seria levada até uma construção velha ou, quem sabe, um porão secreto como o da floresta, mas se deparou com um prédio chique com os dizeres "LABORATÓRIO S&C".

S&C como Son Chaeyoung? Ou como... Sana & Chaeyoung?

- Park já deve estar chegando. Vamos entrar. - E a japonesa a seguiu por entre as portas automáticas da recepção. O interior era ainda mais arrumado, com um padrão de móveis e paredes brancas, lâmpadas fluorescentes muito fortes em contraste com a escuridão que tomava o céu e um cheiro persistente de álcool etílico.

- Momo? - A mais baixa chamou pela secretária que prontamente se levantou para atendê-la. - Dispense todos os funcionários, menos Dahyun. Mande ela subir em 20 minutos para o laboratório 18A. Feche tudo assim que o próximo carro chegar, e tenha uma boa noite. Encerraremos o expediente mais cedo hoje.

A mulher se curvou levemente. Se reconheceu Minatozaki, a outra japonesa não demonstrou.

- Sim, senhora.

Sana, com suas roupas ainda pingando, adentrou o elevador enorme com a coreana. O aquecedor embutido aliviava um pouco a sensação horrível da água escorrendo pelos braços.

O movimento que aconteceu em seguida a pegou de surpresa.

Chaeyoung estava a abraçando.

- Não quero que pense que não estou feliz em te ver, Sannie. Você sabe o quão importante é e que te devo mais do que jamais poderei pagar. Eu só... fiquei preocupada. Espero que entenda o meu lado. Você sempre foi mais que uma sócia nisso tudo. Você foi... a família que eu perdi. - A voz da menor parecia embargada, como se lutasse para segurar o choro. - Me perdoe.

A Caixa Onde histórias criam vida. Descubra agora