Capitulo I

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Jimin

Hoje

Estou sentado mais uma vez escutando Hoseok falar em meu ouvido sobre a morte dele. Todo ano era assim, ele reclamava que eu deveria me entorpecer menos de uma droga qualquer enquanto eu fingia que ele não estava lá reclamando, e esse ano não foi diferente.

Amanhã era dia vinte e seis de novembro. Vinte anos desde que minha alma se foi junto a ele, e todos os anos eu ia ao cemitério, para olhar mais uma vez o que minha escolhas fizeram com a única pessoa que amei e vou amar na vida.

- Hoseok, eu já disse a você, isso nunca vai mudar.

Ele olhou para mim passando a mão pelos fios totalmente angustiado, eu sabia que ele não ia me deixar em paz hoje.

- Jimin, isso já tem anos, está na hora de você superar! Ele não gostaria de te ver dessa forma depois de tanto tempo. - odiava esse dialogo repetitivo, me levantei pegando a pistola 38 que andava sempre comigo e apontei para ele já irritado com toda aquela merda.

- Não ouse dizer o que ele gostaria ou não. Esse assunto está encerrado, Hoseok. Ele é a ferida que eu mesmo causei e faço questão de relembrar ela todos os dias pelo resto de minha vida.

Depois disso, apenas peguei minhas coisas e sai da sala clássica demais para o tipo de coisa que era abordado ali indo em direção à minha casa.

Hoseok estava sempre ali para mim, desde que ele se foi, e eu sou imensamente grato a ele por isso. Mas ele não tem direito de me dizer o que fazer quando se trata dele. Eu estou pouco me fodendo se já tinham vinte anos de toda essa merda, eu iria ser dele até o fim da vida, e eu já estava a um fio de tirar ela.

Quando ele se foi, minha alma foi junto. Eu não sorrio verdadeiramente, não sinto alegria e muito menos vontade de viver desde aquele dia. Me culpo todos os dias por isso, perdi as contas de quantas vezes eu pedi a Deus para ter ele de volta, pedi até ao demônio, mesmo que não acreditasse em nenhum dos dois. Eu faria de tudo se fosse para ter ele de volta.

Passei pelo jardim bem cuidado indo em direção ao carro luxuoso que já esperava por mim e apenas entrei dirigindo a meu apartamento. Eu nunca me importei com todo aquele luxo, e nem com o status que tenho, faço porque sempre foi o que fiz, não tenho motivos para sair dessa vida. Sou um traficante que atua por baixo de uma empresa de cigarros de tabaco. No submundo, sou conhecido pelo nome de Silenzio.

Sou desse mundo desde os quinze anos quando minha mama faleceu deixando minha irmã e a mim sozinhos na vida, e esse foi o único jeito que achei de sustentar ela na época. E depois dele, não me importei mais em sair.

Minutos depois, cheguei ao apartamento, deixei as chaves e o 38 em cima da mesa e fui direto ao banho. Estive pensando sobre tudo, sobre a decisão que tinha tomado, sobre as consequências, tudo estava pronto para que eu saísse dessa virá, para que fosse viver ao lado dele e seguir o que eu tanto queria fazer da vida, mas eu já não me importava mais. Depois de tomado o banho, me sentei na cadeira da varanda somente com o moletom escuro e com o cigarro de maconha entre os lábios. Depois de todo esse tempo, eu vi que não faz mais sentido estar aqui, Minnah estava bem, tinha estudado nas melhores escolas e hoje tem uma profissão e é muito bem casada. Ela pode se cuidar sozinha agora, por isso, resolvi que partiria para os braços dele no dia seguinte, no aniversário de sua morte.

Eu estava aliviado, poderia morrer em paz sabendo que tudo estava encaminhado para minha sorella. Ela era a única que ainda me prendia naquele inferno. Hoseok teria de aceitar, ele sabia que eu faria isso cedo ou tarde, já me impediu mais vezes do que posso contar, sempre com a desculpa de ter Minna. Ele saberia lidar com os negócios, afinal, estava tudo nas mãos dele agora, mesmo que ele ainda não soubesse desse detalhe.

Olhei para o céu e sorri pequeno como sempre fazia todas as noites, parece que eu sempre via ele lá. Eu sempre lembrava dele, me lembrava seus olhos, que abrigavam uma galáxia inteira.

- Amanhã estarei contigo, il mio amore.

🥀

Amanheceu como sempre naquele dia em todos os anos, parece que o universo sabia que era o dia dele. Todos os anos eram assim, escuro e cheio de nuvens, e principalmente vazio. Os céus compactuavam com a minha dor.

Já cedo eu estava arrumado e pronto para me juntar a ele, cheguei ao cemitério observando todo o local, vazio e triste. Me aproximei da lapide dele e me sentei como o de costume depois de colocar a flor solitária no jarro.

- Olá, il mio amore. Sinto tanta a tua fala, hoje é a última vez que venho ao seu túmulo, porque dessa vez eu me juntarei a você. -Sorri sentindo as lágrimas descerem por me rosto- Você virá me buscar ? Estou tão ansioso para lhe ver.

Eu sabia que nenhuma resposta viria, a muitos anos desisti de escutar uma. Por isso, apenas fiquei observando sua lápide, esperando que ele tenha me escutado e viesse ao meu encontro. Quando puxei a 38, puxei a trava e apontei para minha testa, a sensação de alívio passava por minhas veias. Estava pronto para puxar o gatilho quando senti uma porrada e fui jogado com tudo no chão. Virei o rosto meio zonzo e apertei os olhos, foi um baque enorme, já estava pronto para mandar para o inferno quem tinha me interrompido, mas parei quando senti a vibração em minha espinha ao escutar aquela voz aveludada e raivosa que não escutava a tanto tempo.

- Mio Dio, cosa stai facendo?

Abri os olhos assustado e quando vi o rosto, senti que estava no paraíso, estava morto com toda certeza e ele tinha vindo me buscar. Estava lindo, um pouco diferente, mas os olhos, a galáxia que eu tanto amava estava lá, continuava sendo mio amore.

- Sehun..

Vi os olhos confusos e o vie se mover pegando algo e logo se levantou travando a arma enquanto me olhava.

- Sehun? Sono Jungkook.

🥀

FATALE • jjk X pjm •Onde histórias criam vida. Descubra agora