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Capítulo 8

"Eu posso lidar com isso"

Sentado de frente para Hande na bancada da cozinha, olhava a fumaça do meu café preto fazer desenhos no ar até desaparecer.

Meu olhar estava ali, mas meus pensamentos dispersos. Hande havia me contado de sua suspeita de gravidez e eu não conseguira pronunciar nenhuma palavra.

— Você não vai dizer nada?

Voltei meus olhos para os dela que ansiavam uma resposta minha.

— Eu não sei o que dizer, isso é loucura Hande. Nós usamos camisinha, eu sei disso!

Ela se escorou na pia com sua xícara do Darth Vader nas mãos, soprando o líquido quente. Parecia pensativa, como eu. Perdida.

— Você precisa fazer os testes!

Voltou a me olhar.

— Não me diga!

A encarei. Não era hora para sarcasmos. Fui até a porta — desviando de Amendoim no percurso — onde os testes ainda estavam espalhados e os levei para ela.

— Vamos!

Ela arregalou os olhos.

— Agora?

— Anda logo Hande, vamos acabar com essa dúvida!

Ela pegou a minha mão e me guiou até o banheiro.

Franzi as sobrancelhas enquanto ela parava no batente da porta.

— Por que quatro testes?

Ela baixou o olhar para os pés e pegou a sacola.

— Porque foram quatro orgamos! — ela falou como se isso fosse óbvio. Escondi um sorriso.

— Certo, vamos lá!

Ela parou meu corpo com uma das mãos e negou com a cabeça.

— Você não vai entrar Kerem!

— Por que não?

— Porque você não vai me ver fazendo xixi e eu não consigo fazer com alguém me olhando!

Eu já tinha visto o corpo dela, lembro bem dela nua com os cabelos espalhados pelos lençóis brancos da cama. Podem fazer semanas que a gente transou mas ainda lembro de cada curva dela.

Decidi não complicar as coisas, quanto mais tempo ficarmos discutindo é mais tempo que perdemos.

Ela entrou e se trancou. Sentei do lado da porta e puxei o gato gorducho para meu colo.

Enquanto esperava comecei a pensar.

E se der positivo? O que eu vou fazer? Eu sempre fui sozinho e casar não estava nos meus planos e bom, ainda não está.

Hande é linda, gostosa, inteligente e muitas outras coisas mais, mas caramba é um bebê. Um mini eu. Uma pessoa. Um ser vivo.

Se der positivo eu não faço ideia de quais serão os próximos passos a serem tomados.

Eu juro parece que passaram horas. Mas olhei no relógio e tinham passado trinta minutos de um silêncio ensurdecedor.

Larguei Amendoim no chão e bati na porta.

— Hande... — esperei uma resposta e nada — tá tudo bem? — ainda nada — Hande?

Forcei a maçaneta.

— Você já fez os testes? — ainda silêncio — Eu juro que se você não me responder ou sair daí eu vou arrombar a porta!

Ouvi a chave girar e a porta se abrir.

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