O que nos liga

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Capítulo 10
"Ele vai ser um ótimo pai"

A vida é uma caixinha de surpresas. Eu falo isso porque bom, estou grávida.

Após tentativas frustradas de gerar uma criança sendo inseminada, finalmente há, não um mas pasmem, dois fetinhos abrigando meu útero.

Mas como eu disse, a vida tem suas surpresas, eu engravidei, de gêmeos só que do meu chefe. O cara ruivo, da bunda linda e torneada, com braços musculosos, um peitoral duro e os olhos verdes mais penetrantes que já vi.

Pensando nele, lembro que daqui a pouco ele deve aparecer na minha sala para que possamos ir juntos até a casa de Melis.

Meu celular vibra e uma mensagem de Serhat chega avisando que daqui a pouco vai passar na frente do prédio do escritório pra pegar a chave de casa e dar comida a Amendoim.

Não sei que horas voltarei pra casa afinal.

Imaginem que eu estava preparada pra ser mãe, estou preparada pra isso mas não sei se estou preparada pra lidar com o pai dessas crianças, e conhecer sua família em um almoço parece apavorante pra mim agora.

Minha barriga dói e não é um enjôo por estar grávida. Essa sensação é de medo. Eu acho que não estou preparada pra conhecer a irmã do meu chefe. Droga, eu preciso parar de chamar ele de "meu chefe". O cara é pai dos meus filhos.

Estou surtando. Talvez se eu arrumar minhas coisas rápido e sumir sem deixar rastros, Kerem nem fique bravo e até agradeça por não ter que me levar pra conhecer parte de sua família.

Estou indo em direção a porta, a abro devagar mas prendo a respiração no instante em que uma sombra de terno escuro invade minha visão.

Kerem está na minha frente com seu sorriso presunçoso nos lábios, como se estivesse de guarda esperando o exato momento do meu surto de fuga.

Merda. Falha na minha saída brusca.

— Hande!

— Kerem! — abro um sorriso pra ele que aperta os olhos em mim.

— Você está surtando não está!?

Eu não respondo. Não tenho o que responder porque o que ele diz é verdade e tenho certeza, existe pavor em meus olhos agora.

— Então? Está ou não está  — Ele cruza os braços e apoia o corpo no batente da porta, parece que sabe exatamente o que se passa pela minha cabeça e agora está bloqueando minha saída. — Não gostaria de pensar que está fugindo de uma tarde agradável com minha irmã e alguns poucos Bursin.

— Eu não faria isso. — Dissimulo. — Eu estava indo até você agora mesmo.

Espero que ele não note as notas baixas em minha voz.

— Que bom que eu vim até você então, não queremos te cansar não é, afinal, você é uma mulher grávida!

Não acredito que ele usou isso contra mim. Que filho da mãe.
Aí droga, espero que a mãe dele não esteja lá.

— Vamos Hande... —  Agarro minha bolsa e o sigo pelos corredores.

— Kerem! —  Murmura alguma coisa quando alcançamos os elevadores. — Sua mãe... Por acaso ela estará lá?

Não me julgue, não sei se estou pronta para conhecer uma mãe. Ela poderia não gostar da roupa que estou usando por exemplo. O que seria uma pena porque é um vestido muito confortável e caro.

A cabeça dele pende para trás e ele ri de maneira espalhafatosa.

— Não Hande... Ela não vai estar, você já pode voltar a respirar.