2. Lidando com o caos

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Me ajude, é como se as paredes estivessem desmoronando

Às vezes eu sinto vontade de desistir
Mas eu simplesmente não posso
Não está no meu sangue...


O sol se põe mais uma vez trazendo um alaranjado envolto por nuvens e rastros amarelados no céu que se escurece em Seattle, anunciando que mais um dia se vai e mais uma noite vem. Um vento forte leva consigo algumas folhas secas pelo chão e o lenço de Meredith que lhe enfeitara o pescoço, seu reflexo foi virar-se para agarra-lo, mas já era tarde demais, o vento o carregara para longe o que lhe fez bufar, mas ela tinha pressa para chegar em seu destino e aquele era um de seus lenços favoritos, mas deixou para lá.

Ao mesmo pé que Meredith sentia-se frustrada por sua perda material, no outro lado da calçada em uma distância considerável, o rapaz fisicamente bem apresentável, de rosto amigável, pele corada, músculos aparentes e seus cabelos negros como o luar seguravam o apetrecho delicado e que exalava o cheiro marcante da linda moça que agora estava alguns muitos passos longe dalí.

Ainda assim, Andrew apressou seus passos na tentativa de alcançar a dona do lenço delicado e cheiroso. Mas não obteve êxito, e seus olhos agora fitavam aquela pequena peça escapulida e singela por entre seus dedos, porém em seus pensamentos ele se perguntara se algum dia teria a chance de esbarrar com sua dona.

••••••

Horas mais tarde naquele dia, a mulher que agora sentia-se perdida e solitária, afogava suas lamúrias e tristezas em um vasto recipiente feito de vidro delicado e frágil cheio de vinho. Nada mais importava a não ser o som de sua música que tocara agora no último volume. O que poderia lhe proporcionar um problema, já que era noite e já passavam das nove, ela sabia disso e do risco que corria, mas ela não ligava, agora não mais. Cresceu em si uma necessidade de realizar tudo o que tivesse vontade e desejo de realizar, e não importa o que seja ou o que fosse, ela era livre e agora uma edição limitada neste plano, então que se dane as regras e todas essas bobagens de condomínio. Então ela decidiu que a partir dalí viveria como bem entendesse, sem limitações, tabus, regras e qualquer "mimimi" que lhe fosse contrário. Ela só queria viver.

Deitado no chão do banheiro, sem sentir nada
Estou sobrecarregado e inseguro, me dê algo
Eu poderia tomar para facilitar minha mente lentamente
Apenas tome uma bebida e você se sentirá melhor...

Sem muita pretensão ela caminhou até seu quarto sentando-se em sua cama e alcançando sua escrivaninha tomou em suas delicadas mãos, o seu velho e companheiro diário, que já estava mais para um livreto surrado, mas ela não se incomodava, ela não o utilizava com frequência, só em ocasiões diferentes, ou mais especificamente, para dias tenebrosos...Tomou entre seus dedos sua caneta esferográfica em tom escuro e como uma dança ensaiada, sua caneta dava vida a um espaço em branco e amarelado

"Estimado diário, o motivo que me trás aqui não é um dos melhores. Nem de longe eu poderia me imaginar passando por tal situação no momento. Mas a vida é assim, uma comediante esperando pela próxima piada a ser contada, e pelos vistos, a piada do momento sou eu. Cômico, não é mesmo?
Eu fecho os olhos e não consigo visualizar um futuro em minha frente, agora não mais, tudo agora não passa de um borrão ou um rascunho mal feito, e é somente isso que tenho para me agarrar. Possíveis, talvez , quem sabe, pode ser que.... Mas nada disso me ajuda, nada disso me fará crer que dias melhores virão, tudo não passa de um teatro mal ensaiado, de uma canção sem melodia e um show mal orquestrado. É tudo uma grande bosta. Gigante e fedida bosta."


Continue me dizendo que fica melhor
Alguma vez?
Me ajude, é como se as paredes estivessem desmoronando
Às vezes eu sinto vontade de desistir
Nenhum medicamento é forte o suficiente
Alguém me ajude...

Maktub- MerlucaOnde histórias criam vida. Descubra agora