4. Surpresas

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Um vento impetuoso invadia sua janela e gotículas geladas molhavam agora o seu chão. Era um dia chuvoso de baixa temperatura e ela havia esquecido suas janelas abertas, o que a faria possivelmente praguejar e bufar de raiva. Apesar de, os dias chuvosos, frios e nublados serem o seus favoritos. Ela enxergava neles uma graciosidade a qual nenhuma outra pessoa teria a perspicácia de enxergar, entender ou mergulhar. Em outros dias seria muito mais fácil acordar desta maneira, mas ela estava em uma semana de seu inferno astral, nada era mais tão mágico e atraente assim além da intensa chuva que se arrastava. Seu corpo revirava-se inquieto e relutante sobre a cama, mas, ela sabia que deveria se levantar logo e inciar sua higiene matinal, se não atrasaria-se para o seu dia de trabalho, o mesmo que ela batalhou        incansavelmente para conquistar.

Maggie havia retornado para a sua casa, mas não a deixou desamparada, havia uma refeição muito bem preparada junto de um bilhete o que a fez animar-se nem que fosse só pela tentativa de sua irmã caçula em fazê-la se sentir bem em meio a tudo isso.

Uma calça jeans surrada, camisa de manga longa preta, all star no pé e um coque mal feito compunham o seu look, neste dia era o melhor que ela conseguiria fazer, seu corpo e sua mente estavam uma mistura insana em meio à um turbilhão de pensamentos e uma exaustão fora do comum, mas ainda assim estranhamente ela continuava sendo, ela. Um cachecol e um sobretudo foram o toque final e em alguns minutos ela já se encontrava no estúdio. Um sorriso fraco e forçado, foi assim que ela cumprimentou a todos tentando passar batida, mas não de Jô, ela a conhecia mais do que bem para saber até quando um espirro dela era diferente.

- Vai falando, eu sei que tem algo de errado com você.

A figura tagarela a seguia até sua sala em um interrogatório o qual Meredith não estava nem um pouco afim de responder

- E quem te disse que tem algo de errado comigo? Tá tudo bem.

Meredith retrucou tentando esboçar naturalidade e não permitir ser atingida diretamente com essa pergunta

- Mer, qual é. Eu te conheço, sei até quando um fio de cabelo seu está fora do lugar.

- Isso quer dizer que você anda reparando demais em mim, tomando conta demais de mim e não está fazendo o seu trabalho, dona Wilson.

- Não adianta você fugir de mim, você ainda vai me contar o que está havendo, eu não vou desistir tão fácil assim em...

- Tchauzinho, Wilson.
E aproveita e pede um chocolate quente pra mim.

Era a primeira vez em toda aquela semana que ela sorrira involuntariamente. Ela se deu ao luxo de, por algumas horas de seu intenso dia não pensar, não respirar e nem se preocupar com o que acontecia ou viria. Bastou algumas fotos divertidas, descontraidas e agradáveis para que o humor de Meredith se transformasse totalmente. Mesmo que um pouco, seus olhos lindos, chamativos e marcantes voltaram a brilhar novamente, sua leveza era perceptível e assim ela levou esse dia que para ela soava como um dos melhores de sua vida. Seu ambiente de trabalho era como um palco dividindo espaço com um camarim, tudo era ordenadamente orquestrado, arrumado, bem preparado e  ensaiado, cada um realizava mais do que bem suas tarefas e executavam com maestria suas respectivas funções, era um lindo e gracioso espetáculo e Meredith, bem, ela se sentia adorável em meio a todo esse show e entre os melhores artistas.

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Enquanto isso, não muito longe dalí o grandioso chefe, Andrew Deluca distraía-se no Denny Park. Ele resolveu aventurar-se em alimentar pombos e pássaros que rodeavam os lotes que antes verdejantes, agora estavam cobertos de um pouco de gelo e neve. Apesar do clima frio e ameno, o local permanecia relativamente cheio e muito bem frequentado sem perder sua beleza. Ele sentou-se em um dos cafés admirando toda a paisagem ao seu redor, seus pensamentos vão o cortejava e sua memória engatilhou-se ao pensar e lembrar do tal lenço, o apetrejo da mulher de cabelos dourados e esvoaçantes, mas ainda não conhecida. Ele tentava desviar-se disso e toda essa procura que no fundo parecia em vão e ridícula, mas algo dentro de si o despertava para o curioso e ele não abriria mão de um dia poder encontra-la pelas ruas, esquinas
ou estabelecimentos de Seattle.

As horas foram perdurando-se e Andrew se recusava a voltar para a solidão que era o seu apartamento, apesar de dividi-lo com Levi, ele sentia-se um pouco solitário, já que o mesmo não parava muito em casa. Mas ele estava acostumando-se, iniciava-se nele um processo de se fazer entender que solitude, não é solidão, é apenas uma escolha de liberdade e consequência de uma forma de expressão de vida. Suas mãos elevavam-se em uma circunferência perfeita onde seus dedos arrumavam o ninho bagunçado que estavam seus cachos, era quase que um tique e um tanto charmoso quem o flagrava nestes momentos. E Por um milésimo de segundo ele cogitou dar uma breve checada em seu estabelecimento, mesmo sendo seu privilegiado dia de descanso. Não adianta, ele era feito uma máquina, não desligava-se nunca. Então seu trajeto mudou drasticamente o transportando para o restaurante badalado. Chegando lá, tudo fluía como uma perfeita engrenagem, não que Andrew não fosse necessário, mas sua equipe era tão irritantemente perfeita e sincronizada que a ausência do chefe poderia ser coberta numa boa. Mas como sempre, Andrew tinha a necessidade e a sensação prazerosa de pôr as mãos na massa.

Movimentações, pratos indo, pratos vindo. Elogios, pedidos, risadas, música, conversas, pessoas satisfeitas, um aroma instigante de algo sendo muito bem preparado. Esse era o clima hospitaleiro e convidativo no estabelecimento de Andrew Deluca.
A noite estava perfeita e propícia para a típica rodada de tequila com sal e limão. Era hora do show e assim fora feito, lotes de garrafas de tequilas abasteciam o bar, limões eram arrumados em pratarias e o sal era ligeiramente espalhado em recipientes separadamente. Essa era a noite das descobertas e diversão, e só não desceria para o play nesta noite, quem não quisesse.

Cada vez mais pessoas chegavam ao mesmo pé que saíam, era uma noite agitada e bem movimentada. O que era motivo de muita alegria ter a casa cheia, visitantes e turistas era o que mais se via e Kepner empenhava-se cada vez mais ao lado de Qadri recepcionando perfeitamente bem quem chegara. Saindo do seu ambiente amigável para admirar a casa cheia, Andrew fora parado umas tantas vezes para receber elogios, comentários e cumprimentar diversas pessoas, até que seu corpo paralisou-se sentindo aquele aroma mais do que familiar diante de suas narinas e seu âmago, ele sentia e sabia e não restara mais dúvidas, era ela...

C O N T I N U A

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Bom diaa!!!
Tive alguns contratempos mas já retornei.

E esse encontro em, como será que vai ser ?
Eu já estou animada pra saber como vai ser a energia entre esses dois....

Até breve e se cuidem
Bjinhos 😘

Maktub- MerlucaOnde histórias criam vida. Descubra agora