Maktub- Merluca

6. Memorias

Meredith pov

Semanas atrás, consultório médico

Flashback on

Era bem cedo quando Meredith Grey adentrou na clínica onde realizara todos os seus exames e testes rotineiros. Tudo parecia sempre muito bem e dentro dos conformes, dedicada não somente a sua vida, trabalhado e afins, ela era super cuidadosa com sua saúde, até o médico lhe anunciar na porta do consultório e transformar sua vida de ponta a cabeça, mas ela nem fazia ideia disso.

- Senhorita, Meredith Grey!

Seus calcanhares e solados apressaram-se de encontro a sala não muito distante, trazendo um frio em sua barriga e não havia nada que a fizesse se sentir menos nervosa, era assim toda vez que ela estava prestes a receber o resultado de algum exame. Seu corpo, sua postura e cada batida de seu coração sempre e toda vez esperavam pelo pior, mas, ele nunca sequer veio. Não até ela escutar a história toda desta vez.

- É um prazer lhe receber aqui mais uma vez Grey, é uma das poucas pacientes a qual me orgulho!

O médico simpático e cortês sempre
a enchia de elogios e comentários positivos antes de qualquer coisa, talvez um método anti-nervosismo
ou mera cordialidade medicinal? Bom, ela nunca questionou sobre isso, pelo contrário ouvi-lo dizer estas mesmas palavras toda vez que ela o via, soava como músicas para os seus ouvidos.

- Imagina dr. Alex, eu só cumpro o meu dever, que é me cuidar. Mas obrigada pelos elogios.

Ambos sorriram, mas Meredith percebe que o sorriso de dr. Alex não chega ao olhos e isto lhe causa um breve desconforto parcialmente notável em sua feição, uma pausa e ambas as vozes retardavam o inevitável e talvez até o inesperado, entretanto ele precisava ser dito. Meredith remexia-se na cadeira expondo seu nervosismo e inquietude, enquanto Alex, seu médico ensaiava mentalmente suas melhores palavras para anunciar um pesadelo monstruoso.

- Pode dizer, dr.

- Meredith, eu sinto muito...

Absorvendo tal frase afirmativa e repleta de significados e sentimentos dentro de si, ela já sabia que o pior viria, e não importava o quê, mas ela teria de ser forte para encarar, como sempre fez todas vezes diante de notícias tão difíceis.

- Por favor, sem rodeios só diz de uma vez e eu decido o que fazer no fim.

Suas palavras embargavam-se junto de sua voz e um gosto amargo em sua boca que descia rasgando tudo por dentro, seu estômago se retorcia e suas mãos eram como toalhas enxarcadas, só que de suor e nervoso, ela nunca se sentiu tão só e vazia por dentro como agora.

- É difícil o que eu tenho para lhe dizer, mas é necessário e a partir disso, juntos traçaremos um plano,
e é importante você saber que não está sozinha nessa. Mas é com muito pesar que eu digo que seus exames pareciam alterados e eu os analisei umas três vezes e eles revelaram um câncer, possivelmente pancreático. Não sabemos em quê estágio ele está ou se quer a causa exata no momento, mas podemos resolver isso com uma biópsia e outros exames para assim discutirmos nossas opções de tratamento.

A voz de Alex era deprimida e um tanto preocupada e a essa altura, ele não sabia o quê exatamente Meredith sentiria ou como reagiria, mas era necessário que ele fizesse sua parte difícil do trabalho, era nítido o choque e o espanto de ambos.
Após essa bomba cair sobre seu colo Meredith decidia em silêncio se a deixaria explodir ou a despacharia para bem longe. De sua boca não saía som algum, seus lábios aparentemente secos e cerrados, permaneciam no mesmo lugar, seus olhos estáticos, pupilas dilatadas e nenhum espasmo, nenhum movimento ou som proferido, era somente o silêncio espinhoso e dolorido. Em uma atitude impensada, ela tomou sua bolsa em um dos seus ombros e partiu feito um raio para a porta de saída sem dizer absolutamente nada, ela precisava ficar sozinha com seus pensamentos e essa terrível e trágica notícia.