Capítulo dois.

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Stamford | 3:25 PM
Catarina Flores

Ao decorrer da vida, nos é dito que: não importa o que aconteça, o tempo sempre curará. Independente do quão conturbado esteja determinado período ou quantas vezes você chorou ao se deparar com a forma mais límpida de desespero, desespero aquele tão grande ao ponto de sentir como se pudesse tocá-lo.

Mas o tempo cura, disseram todos. Afinal, tudo passa, certo?

Não, não para um estudante.

Uma avalanche de conteúdos é despejada sobre nós por todo o decorrer de nossas vidas, e quando pensamos que ao chegarmos na faculdade, estudaremos menos por explorarmos aquilo que amamos, nossas expectativas são quebradas por descobrir que, na verdade, só teremos maiores responsabilidades.

E quando não se estuda, se aguarda uma vaga em uma universidade, mas tudo se torna mais difícil quando se clama por uma bolsa de estudos.

— Catarina! - A caneta fina escapa de meus dedos quando o grito áspero de minha mãe chega aos meus ouvidos. Com uma careta no rosto, levanto-me.
— Sim? - Digo, batendo os pés pela escada coberta pelo carpete.
— Sente-se, precisamos conversar.

Franzi levemente as sobrancelhas, mas fiz o que manda.

Gabriel estava sentado próximo a mesa, com os olhos empedrados na figura de nossa mãe. Ele havia feito algo?

Sentei-me próximo a ele, piscando em confusão. Minha mãe suspirou.

— Lembram dos Russell? - Grunhi ao ouvir seu nome. Gabriel não pareceu contente.
— Seus afilhados que não ligam nem para te mandar a merda? - Disse, sentindo meu rosto esquentar após um olhar repreendedor ser direcionado a mim.

— Não fale isso.
— Ela não está errada, no entanto. - Completou Gabriel. Passei a língua nos lábios.
— Deixe-a falar. - Terminei.

— Foram detidos, de novo. - Assenti, arqueando as sobrancelhas.
— Vi em algum site de fofoca. - Ela passou a mão pelos cabelos.
— E foram expulsos de casa. - Vi de soslaio meu irmão arregalar os olhos. Não movi um único músculo.
— O quê? - Disse ele.
— William os expulsou da mansão, não os quer morando lá. - Travei a mandíbula, piscando.
— Eles precisam assumir uma empresa e não fazem nada além de merda, acho que Will se estressou de maneira tardia, até. - Acrescentei.

Pensei em encolher-me diante do olhar que ambos jogaram contra mim, mas sabia que estava certa. Eles também sabiam.

— Como viverão? - Questionou o mais novo.
— Eles possuem certa quantia em suas contas por conta das lutas que eram remuneradas, mas nada alto o suficiente para viverem como antes. - Os dedos grossos e ressecados de Gabriel esfregaram sua testa. — E por conta disso... - Voltou a falar.

Ergui meus olhos, a encarando fixamente. Ela havia...

Semicerrei minhas pálpebras quando ela hesitou. Fechei uma das mãos em punhos, negando devagar. Inacreditável.

Você não fez isso. - Os olhos do homem ao meu lado voltaram-se para mim. Ele continuou me encarando até que mais palavras foram proferidas por minha mãe.

— Sim, eu fiz. - Rangi os dentes. — E vocês, especialmente você, não vão fazer-me mudar de ideia. Essa casa é minha.

Quis revirar os olhos, apertar os dedos contras minhas palmas até sentir minhas unhas machucarem minha carne.

— Você vai colocar dois idiotas para morarem conosco, e ao menos se deu o trabalho de questionar como nos sentiríamos com isso? - Minha mãe estalou a língua, suspirando.

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