ABRINDO A GUARDA

599 51 3
                                    

                                   "Angie"
O sol já irradiava o quarto e queimava minha pele quando acordei e me dei conta que um braço humano me envolvia. Não sei como ou quando isso aconteceu, eu estava chapada antes de dormir então forço minha memória mas não consigo encontrar nada nela que indique que JJ e eu ficamos. Provavelmente isso tenha sido apenas reflexo. Me inclino suavemente para olhar as horas e percebo que está cedo, portanto decido não me mexer. O corpo quente dele está colado ao meu, sua cabeça aconchegada entre nossos travesseiros e eu consigo sentir a respiração dele arrepiar o meu pescoço. Permaneço imóvel enquanto observo as veias saltadas dos braços dele e alguns sinais nas mãos que indicam desgaste ou que ele esmurrou alguma coisa. Reviso mentalmente nossa conversa noite passada, me lembro que cantei pra ele, me lembro de ver seus olhos brilharem e de perguntar como eu havia me saído, que por sua vez ele respondeu "acho que o mundo deveria ouvir você cantar". Já recebi muitos elogios, muitos mesmo. Sou filha de uma mãe que sempre me considerou uma extensão dela mesma. Ela nunca me perguntou o que eu queria fazer, apenas me inscreveu em todos os concursos de beleza mirim depois que uma agência de moda disse que eu tinha potencial. Aprendi muito cedo a ter os olhares voltados a mim, a ser o centro das atenções.
Enfim, já recebi vários elogios, mas nunca, nunca ninguém me olhou como JJ me olhou ontem à noite.
Afasto meus pensamentos quando sinto meu corpo sendo puxado ao passo que JJ se contrai espreguiçando e depois me solta rapidamente.
-Desculpa, eu... Eu não sei o que aconteceu. -ele fala todo desconsertado.
-Relaxa -me viro pra ele fitando aqueles olhos azuis que hoje estão ainda mais azuis-
-Você, a gente...? -pergunta assustado.
-Não, que eu me lembre a gente não fez nada.
Ele solta o ar mas não consigo identificar se está aliviado ou decepcionado com a minha resposta.
-Eu não sei você, mas estou faminta -digo me levantando.
Na volta pra Outer Banks, deixo que John B. e Sarah voltem juntos no meu carro e pego carona com Kiara. JJ e eu vamos no banco de trás dividindo um fone, com quinze minutos de estrada ele já está com a cabeça no meu ombro babando, Pope aproveita pra tirar fotos da cena.
Dessa vez o trânsito estava normal e demoramos apenas o tempo necessário para chegar em casa.
-Como foi com John B essa noite? -pergunto a Sarah quando ficamos a sós no quarto dela.
-A gente só ficou, nada demais. Aproveitamos pra nos conhecermos -ela diz com um sorriso nos lábios.
-E você gostou do que conheceu?
-Sim, gostei muito. E o JJ? Não tentou se jogar pra cima de você? -ela muda de assunto.
-Na verdade, não -rio - ficamos conversando apenas.
-John B apostou que vocês iriam ficar e agora me deve cinco dólares.
-Vocês apostaram? -pergunto rindo e jogo uma almofada nela que agora também está rindo. - Sua vaca.
-Mas vocês não vão ficar de novo?
Por algum motivo essa pergunta me congela. Antes da noite passada eu provavelmente diria que não, mas hoje, hoje eu não sei.
Apenas dou de ombros.
-O amanhã é uma incógnita.

CATCH FIRE| JJ MAYBANK Onde histórias criam vida. Descubra agora