À NOITE EM QUE NOS CONHECEMOS

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"Angie"
Uma inquietação me incomoda, não tenho certeza do que fazer, ou sentir. A única coisa que sei é: Jonathan James Maybank não sai da minha cabeça. Desde de a viagem minha mente foi ocupada pelo olhos azuis dele. E talvez seja por isso que presa na minha confusão mental pensar nele é o que me trouxe ao Met's agora.

Hoje, quando checando meu Instagram me deparei com uma foto de Aiden e Lizzie -meu ex namorado e minha ex melhor amiga- juntos, meu coração se despedaçou mais uma vez. Como ela pôde ficar ele mesmo depois de tudo que ele fez comigo?
Me tranquei no banheiro por uma hora pois não queria que Sarah me visse chorar, e depois que saí dele, prometi que essa seria a última vez.

Nesse momento o sol se escondeu no horizonte e apenas uma luminosidade fraca está visível. Parada na porta da lanchonete dou uma olhada lá para dentro e consigo visualizar JJ atendendo uma pessoa qualquer com um sorriso simpático e por algum motivo eu quero que ele sorria assim pra mim hoje. Preciso disso.
O sino da porta do estabelecimento anuncia minha chegada, a mulher com uma criança me observa entrar, mas quando ele me nota e oferece um sorriso, -aquele sorriso-, é motivo suficiente para as lágrimas voltarem. Tento esconde-las e me sento em uma das mesas tentando controlar minha respiração olhando além do vidro ao meu lado a vista da praia, as ondas quebrando e a noite chegando. Somente percebo que os demais clientes foram embora quando JJ se senta ao meu lado em silêncio.
-Você já vai fechar? -pergunto enxugando minhas lágrimas discretamente.
-Vou, é o que você quer? -ele me encara.
-Desculpa vir aqui assim...
Ele não me responde, apenas se levanta, troca placa da porta para "fechado".
-O que deseja? -ele volta até mim com um bloco de notas na mão - O cardápio do dia é um abraço e sorvete de chocolate.
-O cardápio do dia então -respondo com um riso fraco.
Ele segura minha mão e me puxa para um abraço. Os seus braços fortes me envolvem e eu me sinto segura.
-Obrigada... -olho pra ele quando nos soltamos.
Ele morde o canto inferior lateral da boca mostrando uma covinha e assente com a cabeça.
-Quer falar sobre? -pergunta
-Não, são coisas que não merecem mais minha atenção.
Dito isso ele vai para a segunda parte do cardápio e me traz um sorvete na casquinha. Enquanto saboreio, ele me conta coisas aleatórias sobre as inúmeras vezes que ele quebrou o braço porque era uma criança extremamente imperativa e tentou subir de bicicleta no telhado, e isso me faz rir muito.
Olho para frente e noto uma jukebox enorme e não hesito ao colocar uma moeda.
-A música que tocar nós vamos dançar.
-Devo te avisar que não sei dançar? -questiona.
Faço uma careta e uma combinação numérica. "The night we met" é a música que toca. Vou até ele que já está de pé, suas mãos tocam minha cintura e eu envolto as minhas em seu pescoço. A música se desenvolve ao passo que nossos corpos balançam. Ele levanta um de meus braços me fazendo girar, quando volto a posição inicial estamos tão perto que consigo sentir o hálito de cigarro e chiclete de hortelã vindo dele.
-Se lembra da noite que nos conhecemos?-pergunto
-Eu quase bati no seu carro... Me lembro de pensar por um instante que graças aos céus aquilo tinha acontecido.
Solto uma risada confusa.
-Por que?
Ele me encara sério.
-Porque primeiro, foi uma quase batida, não uma batida completa... -ele faz uma pausa - Segundo porque talvez se não fosse por aquilo, eu não teria conhecido você.
-Discordo, acho que muito provavelmente a gente iria se conhecer de qualquer jeito.
Ele me puxa para mais perto, olha nos meus olhos como se pedisse uma aprovação e finalmente nossas bocas estão novamente juntas. Novamente a língua dele percorre o céu da minha boca. Novamente seguro o ombro dele por cima da manga e desço passando pelos braços dele que apertam minhas costas contra ele. Tenho medo que ele ouça meu coração que nesse momento está disparado, batendo tão forte que chego a sentir em toda parte. A tristeza de antes foi embora, o único sentimento que me domina é felicidade. Não sei onde isso vai. O que me importa é o aqui. O aqui e o agora. E agora, eu sou inteiramente de JJ Maybank.

CATCH FIRE| JJ MAYBANK Onde histórias criam vida. Descubra agora