DESPERDIÇAR ESSA NOITE

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                                      "JJ"

Quando chego na casa de Angie são por volta das 22 horas. Me deparo com a porta entreaberta e considero como um sinal para entrar. Sigo até a luz fraca no fim do corredor que me leva à varada, Angie está lá, encostada na pilastra olhando pra o horizonte, acredito que ela não tenha notado minha presença, então aproveito para observá-la. Seus cabelos longos estão enrolados e caem sobre suas costas, e eu ainda não a vi de frente, mas imagino que esteja ainda mais linda nesse vestido azul. Me aproximo mais e consigo ver uma garrafa de vinho e duas taças colocadas encima de uma manta clara cercada por algumas almofadas coloridas. Engulo em seco, estou curioso.

Ela finalmente nota minha presença e se vira para mim, me oferecendo um sorriso largo. Deus, como me sinto sortudo por ela está sorrindo assim pra mim.

-Acho que não estou vestido à caráter –comento.

Estou simples, com uma camisa creme e uma bermuda clara, mas ao menos passei um perfume. Já ela está deslumbrante, o vestido apesar de não ser nada vulgar chama a atenção para a comissão de frente dela que se diga de passagem, é incrível.

-Não aguentava ficar lá nem mais um segundo, vim do jeito que estava. 

-Estava tão ruim assim? -pergunto.

Ela se senta abrindo o vinho e eu a acompanho. Não sei muito bem o porquê disso tudo e definitivamente não me importo.

Ela me conta sobre o jantar e por um segundo sinto um pouco de pena. Pior que não ter ideia de um futuro, é ter que seguir um que não quer.

-Você poderia fugir, ir para qualquer lugar do mundo e ser quem você quiser ser –sugiro dando um gole do vinho.

-Cansei de fugir, JJ –sua frase soa cansada, sua voz traz um peso, uma carga. - Já fugi vindo para Outer Banks e por mais que eu estou melhor assim, não muda o fato que fui covarde.

-Minha mãe fugiu quando eu tinha onze anos. De mim, do meu pai...

Evito contar isso para as pessoas para evitar olhares de pena, mas Angie não me olha assim. Ela pesa um olhar sobre mim que mais parece como uma espécie de reconforto. 

-Eu sinto muito por ela. -Ela diz.

-Por ela? -a encaro com dúvida.

Ela dá de ombros.

-Ela fugiu sem ter a chance de te ver crescer. Sinto que ela tenha perdido isso, porque você é incrível.

Não consigo colocar em palavras o que isso me causa. Sob a luz fraca de uma única lâmpada alaranjada e dessa lua que hoje está cheia, agradeço a ninguém em especifico, pois quando meus lábios encostam nos dela e o beijo que damos fica mais intenso. Quando a puxo para perto de mim segurando sua nuca. Quando ela sentada no meu colo começa descer o zíper do vestido e ele cai sobre nós dois, deixando à mostra seu corpo nu e eu tiro a minha camisa colando nossas peles, eu agradeço porque mais que sexo, mais que qualquer coisa, a falsa sensação se tê-la essa noite me faz olhar para tudo que fiz, todos meus crimes, meus erros, e Angie é a única coisa que eu acho que fiz certo. 

-Tem certeza disso? -pergunto para confirmar e ela assente.

Com isso depois de um longo beijo, mordo seu lábio inferior, e em reação aos meus toques ela solta um gemido abafado. Cada centímetro do meu corpo estremece, quero mais, quero ela toda, que tudo o que eu puder ter. E consigo. Mas faço com calma, do jeito certo. E então, quando nossos corpos ainda nus, já cansados e ofegantes repousam sobre as almofadas, eu olho para o céu infinito, para a lua, para as estrelas e tudo o que nos rege e faço um juramento interno. Juro lutar para ser uma pessoa melhor. Alguém que mereça ser visto com ela.

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⏰ Última atualização: Mar 02, 2021 ⏰

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CATCH FIRE| JJ MAYBANK Onde histórias criam vida. Descubra agora