Prólogo

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30/12/2020

Sana empurrava o carrinho com as compras pelos corredores do mercado. Sua cabeça doía, tinha trabalhado o dia todo, já eram seis da tarde e não tinha parado nem por um minuto.

Primeiro, de manhã acordou cedo para preparar lanche de Seungmin para o colégio. Lutou para que ele acordasse e tomasse banho, o ajudou a escovar seus dentes e se arrumar. Depois teve que se arrumar para o trabalho, deixar seu filho no colégio e ainda pegou um enorme trânsito.

Segundo, chegou atrasada no trabalho. Teve que ouvir os gritos de seu chef, já tinha faltado durante duas semanas para cuidar do menino que estava com pneumonia. Passou o dia e a tarde andando para lá e para cá no escritório.

— Mãe, me deixa sair..—  Seungmin resmungou, esticou seus bracinhos junto de um bico. Estava a muito tempo naquele banquinho do carrinho, já não aguentava mais.

— Mas, bebê, se você sair vai ficar cansadinho — Sana tocou em seu rosto.

— Por favor, mamãe!

A japonesa suspirou e assentiu, pegou a criança no colo e o pôs no chão.

— Não saia de perto da mamãe, entendeu?

Ele assentiu freneticamente, segurou a blusa da maior e seguiu-a pelos corredores da enorme loja.

Sana sorriu largo para o menor, pensou o quanto ele tinha crescido. Até parecia que o esticaram como chiclete mascado.

Ela lembrava muito bem de como foi difícil durante sua gravidez. Além de ter sido de risco — pelo motivo de que tinha apenas 15 anos —, o pai do menino a abandonou assim que descobriu.

Sem falar de seus pais, desde que ela contou que estava grávida, eles expulsaram-na de casa e nunca mais tiveram nenhum tipo de contato. Eles nunca chegaram a conhecer pelo menos o nome de seu neto.

Foi abandonada por todos: família, namorado, amigos... Ninguém quis nem saber de seu estado psicológico.

Foi morar com sua tia, a única pessoa que a ajudou no pior momento de sua vida. A mulher ajudou a sobrinha em tudo: comprou fraldas, roupinhas, mamadeiras e chupetas. Ela que cuidava de Seungmin quando Sana estava na escola.

Porém, todas as mamadeiras foram inúteis, o menino recusava qualquer coisa que não fosse o peito de Sana até os dois anos. Água apenas quando estava dormindo e sua mãe e tiavó davam com uma seringa. O peso dele nunca aumentava, com dois anos pesava apenas 6 quilos — a metade do que seria ideal para sua idade. A tia da japonesa ia a cada 2 horas na escola de sua sobrinha com os gritos de fome de Seungmin.

Sana sofreu um enorme bullying, uma vez, quase perdeu seu filho pela pancada forte que lhe deram em sua barriga. Eles xingavam a japonesa, chamavam de puta, diziam que era sua culpa de estar naquele poço. Ela passou a ser vista como uma boneca sexual, sexualizavam tudo que fazia, principalmente sua amamentação. Na maioria das vezes, tinha que ir para o banheiro para conseguir amamentar seu bebê.

Por conta do alto estresse que sentia, seu leite era pouco e fraco. Se sentia culpada por seu filho estar tão fraquinho e desnutrido. Se debruçava nas grades do berço de Seungimin, choramingava enquanto acariciava a cabeça do bebê magrinho e chorão.

A bruxa do 607Onde histórias criam vida. Descubra agora