O primeiro dia

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Dia 27 de março, o dia que Sana tinha acordado empolgada. Era de se esperar para seu primeiro dia de trabalho, podia até dizer que estava com saudades de dores nas costas e exaustão no fim do dia. E não era um dia importante apenas para ela, mas para Seungmin também, seria a primeira vez dele na escolinha nova. Ah, e ela já preparava seus ouvidos — e coração — para ouvir os choros que ele daria. 

Tinha levantado bem mais cedo do que deveria pelo medo de chegar atrasada — apesar de morar a menos de 20 minutos do mercado — e ser demitida. Seu principal medo no momento era aquele: ser mandada embora de um emprego que tinha acabado de conseguir. Se arrumou sem gastar muito tempo, aproveitando para comer alguma coisa logo.

Podia até, quem sabe, estar feliz naquele momento. Dinheiro era sempre bem vindo, ainda mais quando se realmente precisa. Poderiam ter uma vida melhor ali naquela nova casa, naquele novo bairro e emprego. Sana sentou ao lado do filho na ponta da cama, acariciando o rosto angelical do menino. Ainda não conseguia acreditar que ele já estava na primeira série. Pra ela, ele ainda era um bebê.

— Filho, acorda — ela chamou, puxando seus braços para o colocar sentado.

Seungmin gemeu, coçando seus olhos pesados, ficou imóvel por um tempo. Sua mãe falava, mas ele não ouvia. Estava meio adormecido ali. A mais velha o segurou nos braços e o levou até o banheiro. Colocou o menino no chão, segurando o mesmo para que ele não caísse no chão já que ainda estava tonto por conta do sono.

— Cuidado, garoto! — exclamou, encarando nos olhos arregalados e confusos da criança. Mesmo atordoado, o susto foi o suficiente para que perdesse o sono.— Vai, tira a roupa pra tomar banho.

Seungmin bocejou, puxou sua camisa com as duas para que os botões se abrissem mais rápido. Tirou o resto do pijama de tecido fino e num tom meio desbotado de azul — que ficava quase num verde mar. Entrou debaixo do chuveiro se espreguiçando com a água quentinha que caía em seus ombros. Foi se aninamdo aos poucos, brincou um pouco com os frascos de shampoo enquanto esfregava seus fios escuros e espetados.

— Mamãe, quando eu clescer eu quelo vender shampoo — disse entregando o pote para a japonesa.

— Hmm, que bom — a Minatozaki mais velha disse com um sorriso. O enrolou na toalha e conduziu o garotinho para o quarto.

Ele sentou na cama, puxando as laterais da toalha para seu peito, tentando se aquecer. Sempre depois do banho quante vinha o frio. Ficou encolhido na ponta da cama enquanto esperava sua mãe escolher qual roupa usaria. Seungmin podia parecer uma criança inteligente, e era até certo ponto, mas era muito dependente de Sana para muitas coisas. Se vestir era uma delas.

Ele era desajeitado, não parecia entender as etapas direito. Tentava vestir a blusa pelas pernas; calçar as meias depois dos sapatos e sempre esquecia que tinha que colocar uma cueca. Aquilo acabava atrapalhando um pouco os horários já que era sempre meia hora apenas para vesti-lo.

Pol que eu estou com essa loupa, mãe? — o menino indagou. Puxou a gola da blusa social da farda para coçar o local avermelhado em seu pescoço.

— Pare de coçar — puxou a mão da criança.— Vai acabar ferindo seu pescoço — colocou o pé da criança em seu joelho para amarrar os cadarços do tênis. Segurou com carinho o queixo infantil de Seungmin e penteou seu cabelo partidinho no meio, do jeito que ele gostava.— Vem comer, neném.

Saltitando, ele foi para a cozinha e sentou na cadeira da mesa. Já tinha algumas bolachas de sal com um achocolatado o esperando. Ele devorou tudo aquilo com voracidade, quase engasgou.

— Come devagar, senão vai ficar com soluço — a mulher advertiu

Ele assentiu. Limpou o bigode feito com o leite ao redor de sua boca com as costas da mão. Sana olhou em seu relógio, suspirando. Já estava quase na hora, tinham que sair de casa. Ela segurou na mão de Seungmin, indo juntos ao banheiro. Outra coisa que o garoto ainda não tinha aprendido: escovar os dentes. Era um sufoco. Queria ficar fazendo caretas para o espelho e quase não deixava Sana escovar sua boca. Sempre sujava tudo de pasta de tamanha que era sua inquietação. A japonesa já havia tentado de milhares de formas ensiná-lo como se limpava os dentes. Mas como dito antes, ele era desajeitado e leigo com etapas simples.

A bruxa do 607Onde histórias criam vida. Descubra agora