Currículos

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Park ouviu o barulho alto do carro, as pessoas ao redor andavam na direção do veículo parado a alguns metros de distância dali. Quando olhou para o outro lado da calçada, preocupada se as crianças estavam bem. Chaeyeon estava na calçada do outro lado da rua.

Hyuna atravessou a rua, segurando na mão da filha. Chaeyeon não quis sentar nas cadeiras, a pobre menina estava tremendo violentamente. Foi puxada pelo braço devagar pela tia, que enxugou suas lágrimas e passou a mão pelo seu peito.

— Tá tudo bem, Chae — Park disse.—Acidentes acontecem, ninguém se machucou, ok?

— Eu juro que t-tentei se-segurar a mão dela, tia! — gritou.

Jihyo franziu o cenho. Seu cérebro demorou segundos para processar aquilo.

Ela arregalou os olhos, levantou da mesa tirando a menina de sua frente. Cada vez seus passos em direção ao carro ficavam mais rápidos. O motorista do carro estava en pé, parado ali.

Jihyo caiu de joelhos no chão. Ela chorava, estava completamente desesperada. Suas mãos e roupas ficaram sujas, com manchas avermelhas. Tentava acordar a menina desmaiada em seu colo. Seu peito doía, quase como se estivesse tendo um ataque cardíaco.

Não conseguia falar, nem chamar ajuda. Só conseguia gritar até sentir sua garganta arder.

A coreana acordou, com um pulo no colchão. Estava ofegante, sem conseguir puxar o ar corretamente. Ela impulsionou seu corpo para frente, sentando no colchão. As lágrimas escorreram tão violentamente de seus olhos.

Sua garganta doía por conta dos gemidos reconrrentes. Seu peito doía, mas pela culpa que pesava sobre ele. Os  "e se's" não saíam de sua cabeça. Talvez se não tivesse ido naquele parque, ou não tivesse resolvido beber naquela noite Chaeryeoung ainda estivesse viva.

No dia que seus pais morreram, achava que nunca poderia existir uma dor maior. Mas quando a filha que lutou e esperou por anos para conseguir morreu, soube que a dor maior do que da morte era a dor da culpa.

Todos os flashbacks que tinha frequentemente do acidente, atormentavam sua vida. Não lembrava da última noite que tinha dormido bem. Nem sequer conseguia olhar na cara de Chaeyeon direito.

[...]

Jihyo saiu da pequena loja com algumas sacolas nas mãos. Colocou as no chão e apoiou suas costas no vidro ali, puxou um maço de seu bolso e acendeu um dos cigarros com o esqueiro que tinha acabado de comprar.

Acabou sentando no chão, mantendo a cabeça meio baixa. Passava alguns minutos por semana ali, sentada e olhando as pessoas passarem pelas calçadas. Isso era a parte boa de morar próximo ao comércio, você podia fazer as compras da semana ou invés do mês.

Sentiu um vulto conhecido passar ao seu lado, entrando na loja. Olhou por cima do ombro, vendo a recente moradora do condomínio entregando papéis ao homem do caixa e conversando com o mesmo. Ela parecia meio nervosa. Ela saiu com um sorriso gentil de lá, voltando para o lado de fora.

Jihyo estava torcendo para que não fosse notada, não queria falar com ninguém, principalmente com alguém que a conhecia.

— Oh, Jihyo?

Mas que merda.

A síndica apenas olhou para cima, indiretando sua postura no chão.

—O que são esses papéis? — perguntou, apontando para a mão da japonesa.

— A-ah, eu vim entregar alguns currículos por aqui — sorriu amarelo.— Tenho experiência com esse tipo de trabalho então resolvi tentar.

A mais nova deu de ombros, voltando sua atenção para as pessoas que passavam na rua.

— Ei..— chamou timidamente.— Sobre a rede de segurança.. Você conseguiu? É que meu filho insiste em brincar lá e eu tenho muito medo.

Park revirou os olhos, assentindo.

— Eu ia passar na sua casa hoje para avisar, eles vão vir amanhã de manhã instalar. São 759 wons.

Ela viu a mulher travar, Sana coçou a nuca e assentiu meio sem graça.

— Obrigada, Jihyo.

Ela observou o caminho da mais alta até a esquina. Balançou sua cabeça, achava aquela garota boba demais, quase retardada. Além de parecer que seu mundo girava em torno daquele pirralho. Patético.

Não demorou muito para enjoar de estar ali. Pegou suas sacolas com cuidado e andou pelo mesmo caminho que tinha feito mais cedo. Rezava para ninguém lhe pedir alguma informação enquanto estava na rua — e se pedissem, dificilmente iria passar, talvez fingiria que não era consigo.

As garrafas de bebida batiam umas nas outras, fazendo um barulho irritante o caminho inteiro.

— Bom dia, dona Jihyo! — o porteiro disse gentil.

A mulher não respondeu, passou rápido pelos portões. Jogou o toco de seu cigarro no chão — mesmo sendo proibido jogar qualquer tipo de lixo pelo condomínio. Indo para o último prédio, pegou o elevador até o último andar. Bocejava de sono pela noite mal dormida.

Junto de si lá dentro, tinha uma vizinha sua que — infelizmente — amava conversar. Não parava nenhum segundo sequer, era irritante.

Quando a porta se abriu, ainda foi seguida até o final do corredor por essa senhora que estava muito animada falando de seu neto que tinha acabadonde nascer. A síndica bateu a porta de seu apartamento, suspirando aliviada.

Jogou seus sapatos para um lado qualquer, colocando as sacolas na mesa. Pegou a carne de dentro de uma, e a colocou sobre o balcão. Pegou um copo de vidro, tirando o lacre da garrafa de bebiba e o enchendo por completo. Virou tudo de uma vez em sua boca, suspirando quando a sensação de contraste passou por sua garganta.

Pegou seus temperos e facas para preparar a carne que tinha comprado. De vez em quando dava um gole em sua cerveja

[...]

Sana passou a mão por sua cabeça, vendo e revendo se seu currículo estava bom mesmo. Tinha experiência em muitos empregos, estava rezando para ser aceita em alguma das lojas que visitou naquele dia.

Tinha que ganhar logo dinheiro, as compras do mês estavam acabando, Seungmin precisava estudar e ainda tinha as contas para pagar.

— Mamãe!

Ela olhou para o menino sentado a sua frente, com a blusa suja com alguns grãos de arroz e caldo de feijão, ele sorriu. Ele mostrou o seu prato totalmente limpo e sorriu.

— Eu quelo mais um plato! Eu ainda to com fominha.

Sana gelou, olhando para o sorriso largo e ansioso do filho, ela chorou. A criança levou até um susto, encolheu-se na cadeira confusa com o que tinha acontecido.

— O que... eu fiz mamãe?

Aquilo doía no peito da mulher, era humilhante. Sem conseguir falar, nem explicar para o menino confuso. Sana só continuou a chorar ali.

—❤❤❤—

cap curtinho pq eu n to legal, talvez a fic entre de hiatus por um tempo

A bruxa do 607Onde histórias criam vida. Descubra agora