Não quis abrir os olhos por um longo período. Sabia que estava em minha cama, sentia o colchão macio embaixo de mim, a quentura do ambiente era familiar, e eu estava vestida. Com uma blusa talvez, ou um casaco, não sei distinguir ainda, não quero abrir meus olhos e perceber que tudo não se passou de um sonho. Que Taehyung nunca existiu, que nossa noite nunca aconteceu e que novamente, eu estarei sozinha e sem ninguém. Poderia sobreviver sem nunca ter tido isso, alguém que me amasse, contudo, agora que eu tive e vislumbrei esse sentimento de ser acolhida, não serei capaz de viver sem ele.
Desde que me lembro, fui sozinha. Tive meus pais e minha irmã mais velha, meus avós e alguns tios, mas eles sempre mantiveram uma certa distância. Acharam que por eu estar sempre no meu canto, eu gostava de ficar só, queriam me deixar em paz e não forçar minha barra. Na verdade, eu apenas queria companhia. Nunca me importei em ter alguém de verdade. Com o passar dos anos, ficar sozinha se tornou simples, e quando alguém invade demais meu espaço pessoal costumo surtar. Desmaios, ansiedade, tremedeira e gagueira. Tudo isso acontece em um piscar de olhos quando me tocam.
E ontem, eu deixei que me tocassem, que fizessem amor comigo, sem passar por nada disso. Quando finalmente passei a acreditar que Taehyung existe, e que era o meu Kim Taehyung, tudo se tornou fácil e simples. Nenhum quebra-cabeças ou equação complicada se formou em mim quando estava com ele. Pelo contrário, eu fui quem sempre quis ser. Não tive medo de tentar.
Acontece, que se isso tudo não tiver sido real. Não vou suportar. Não posso suportar perdê-lo. Saber que tudo isso foi fruto de uma mente doente, me mataria, de fato, me mataria. Como viver em um mundo sem Kim Taehyung? Como respirar sem ele? Ele é meu mundo, preciso dele para sobreviver.
-Já acordou? Pensei que dormiria mais.
Abri meus olhos com pressa me sentando na cama com a mesma intensidade. Os movimentos bruscos me fizeram perde o foco da visão por breves segundos, mas quando tudo focalizou, e Taehyung apareceu nitidamente para mim. Eu me permiti suspirar aliviada e levar minha mão ao peito, onde meu coração batia com um tambor, descontroladamente. Kim Taehyung não tinha ido embora.
-Você ficou. -Sorri antes mesmo de terminar. Ele estava com suas roupas de ontem, mas sem o casaco. Em uma das mãos uma xícara que eu logo senti o cheiro de café, e na outra, bolinhos de mel que eu nunca fiz e deixava no congelador. Pensei que já estavam estragados.
-Para onde mais eu iria? -Ele se sentou ao meu lado, e me ofereceu o que preparou. Senti vontade de chorar. Quando alguém se importou assim comigo? Levar café da manhã na cama depois de uma noite de sexo é coisa de filmes de romance, aqueles clichês colegiais. Na vida real, isso não devia acontecer. Os homens não se importam com isso no nosso mundo. Temos sorte se eles ao menos ficarem depois de meterem o pau em nós. E ali estava, meu homem, minha bela criação. Tudo que eu sonhei. Kim Taehyung era um anjo. Um anjo que me levava café na cama. -Sente alguma dor? Posso preparar um chá, ou comprar remédios. É só você me dizer, que eu faço.
Ah sim. Meu peito doía. Qual remédio é o ideal pra isso? Vetmedin? Devo sofrer de arritmia. Deve ter uma doença grave pro meu coração doer e acelerar tanto. Ou estou apenas amando. Apaixonada é o nome da doença. Amor é minha cura. O amor pode curar até mesmo as piores feridas, as incuráveis. As vezes não do jeito que desejamos, mas da forma que precisamos.
-Quero que você fique aqui, só isso. -Estiquei minha mão, relutante, até encostar em sua bochecha. Sua face quente se alinhou em meus dedos, ele parecia um gato ansiando por carinho desesperadamente. Fechei meus olhos. Sentindo sua pele macia, deliciosa e real. Inalei seu perfume quase inexistente. Ele tomou banho, sinto o cheiro de meu sabonete vindo dele.
Não senti quando ele se aproximou e tomou meus lábios nos seus. Uma lágrima escorreu. De mim. Não de tristeza como sempre foi. Mas de felicidade. Ele estava me beijando com tanta delicadeza, com cuidado e carinho, como se eu fosse quebrar se ele me apertasse demais. Seus lábios molhavam os meus demoradamente, prolongando cada movimento. Um beijo de amor. Meu beijo de amor.
Escutei a xícara cair no chão quando o puxei mais para mim. Deveria me preocupar com o café esparramado no meu carpete, manchando-o. Uma mancha que eu vou amar para todo o sempre. Uma mancha da prova de que isso é real. Taehyung se deitou sobre mim, se apoiando nos cotovelos para não me esmagar com seu peso. Sua boca desceu por meu pescoço e eu vi estrelas quando olhei pro teto do meu quarto. Estrelas lindas e brilhantes.
Mãos ágeis retiraram a única peça de roupa que eu vestia. O quarto estava quente, pelo fogo vindo da sala e existente entre nós. Tampei meus seios pequenos que quase não cabiam em minhas mãos. Senti vergonha deles, por um momento. Homens preferem mulheres com seios fartos e enormes. Os que eu tenho os fariam rir. Não Taehyung, não esse homem.
Que ao perceber meu gesto, sorriu como uma vadia, e retirou minhas mãos do seu caminho. Ele os olhou por um longo período, me causando vergonha, estava a ponto de tampar o rosto e chorar. E quando fiz isso, ele os devorou como um leão faminto. Abocanhando meu seio esquerdo com toda a sua boca, o encharcando com sua língua e o machucando de forma boa com seus dentes. O outro, ele apertava, rolando o dedo pelo mamilo sensível. Gemi quando sua mão livre se enfiou entre minhas pernas e começou a me tocar.
Eu poderia gritar de prazer. Meu olhos reviravam com força e o lençol da cama se soltou do colchão conforme eu descontava meu desejo nele. Taehyung enfiou dois dedos em mim e os curvou. Repetiu o movimento e depois acrescentou um terceiro dedo. O gosto de sangue invadiu minha boca. Mordia o lábio inferior de tal modo, que o machuquei.
Sua boca desceu mais, e mais, até estar me chupando novamente. Minhas pernas foram postas em seus ombros nu, suas mãos seguraram minha bunda, me apertando contra sua face. Minha cabeça tombou para trás quando ele meteu sua língua em mim, me devorando.
Aquilo era demais, aquilo era mais do que eu poderia aguentar. Queria prolongar esses minutos, queria fazer com que durasse para sempre. No entanto, meu corpo me traiu. E eu gozei de encontro a sua boca. Meus olhos se fechando, mal conseguindo mantê-los abertos. Taehyung me limpou com sua língua e me beijou para que eu sentisse meu gosto. Sua ereção apertava contra minha barriga. Eu queria ajudá-lo, fazer o mesmo por ele. Mas a coragem me faltava e eu estava sem forças nenhumas.
-Vou começar a fazer o almoço. -Ele riu beijando a ponta do meu nariz. - Na verdade, vou fazer a janta. Você dormiu o dia inteiro e tenho certeza que agora vai dormir o restante.
Sorri fracamente, o observando sair da cama e vestir suas roupas. Sua blusa. Já que a calça esteve sempre ali. Ele me enrolou nos cobertores, e me encheu de beijos antes de perceber o café derramado no chão. Ele o limpou. Ou eu acho que limpou. Cai no sono antes de ter a certeza. Estava exausta. Ele consumiu todas as minhas energias recém reabastecidas.
E isso era bom, ter alguém pra me cansar de tanto prazer. Era muito bom.
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Books boy • Sanatorium 1
FanfictionKim Taehyung aparece na porta de Kate pela madrugada. O estranho, é que ele é seu primeiro e único amor, criado por ela, a muitos anos atrás, seu primeiro personagem literário. Que agora, estava bem na sua porta, com um enorme segredo.