06. Paraíso

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-Eu estava pensando, e não sei, só se você quiser é claro, mas os meninos vão fazer uma coisa maneira na casa do Hoseok, e eu pensei que talvez pudéssemos ir, juntos. 

Juntos. Juntos? Juntos. 

Engoli uma boa quantidade da comida que estava em meu prato e dei uma boa golada no suco de uva que Taehyung preparou. Ele é um ótimo cozinheiro, sabe fazer tudo perfeitamente bem e de forma gostosa. Me preparou um jantar farto com muita carne e batata assada. Propôs vinho, ele deve ter visto minha pequena adega no fundo do armário. Devo ter um vinho tinto e um branco guardado, mas nada além disso. Minha cabeça doía um pouco então optei por ficar apenas com água. 

Disse que ele podia beber o que quisesse, era só pegar. No entanto, aquele era Taehyung, e ele era um cavalheiro que não ia beber sozinho e me deixar apenas com água. Portanto, fez um delicioso suco de uva e nos serviu. 

-Tipo uma festa? -Perguntei por fim. Festas. Eu nunca fui nelas. Não é o tipo de ambiente no qual estou habituada e me sinto confortável. Vejo essas festas em filmes, séries e nos livros. É tudo uma bagunça, completa. Não tem regras, respeito ou pudor. Minha irmã...bem ela costumava ir a festas, eu acho, que estranho, não consigo me lembrar se ela ia a festas ou não. Pelo que lembro, eu sempre fui mais sozinha e solitária. Minha irmã por outro lado, sempre foi...qual é mesmo o nome dela? 

-Não é bem uma festa, é mais um encontro com os amigos. Não é como se tivesse muita gente nessa cidade pra rolar uma festa de verdade. Vamos beber umas cervejas, ouvir umas músicas, comer alguma coisa e conversar. -O observei mastigar e engolir. Até isso, esse simples movimento, era gracioso.  Sua atenção se focou na minha e eu corei ao ser pega o encarando. -Quero que eles te conheçam já que estamos juntos agora. 

Cuspi o suco de uva a quase dois metros de distância e comecei a tossir pelo engasgo. Juntos. Juntos de verdade. Como um casal? Não tenho certeza de quando rolou o pedido, eu obviamente não diria não. Nem em milhares de pesadelos, mas não é assim que se diz as coisas. 

-Amor! 

Amor? 

Amor? 

Taehyung riu e avançou sobre mim, sua mão limpava minha boca com um pedaço de pano, o mesmo pano que eu uso para enxugar a louça se eu não estou enganada. Estava surpresa, mas um surpresa bom. Éramos um casal agora. Namorado e namorada. Fazíamos sexo, jantamos juntos, vamos a encontros com os amigos juntos, ele me apresenta aos amigos dele. Isso é mesmo um relacionamento? Namorados limpam a boca de suas namoradas? E o que devemos fazer quando isso acontece? Eu tenho que sorrir? 

Meu namorado, selou meu lábio agora limpo antes de se sentar novamente no seu lugar e voltar a comer. Totalmente alienado ao que  estava acontecendo comigo, dentro e por fora de mim. Que roupa eu devo usar? Não tenho vestidos, apenas uns longos e de velhas, saias gastas e escuras, de lã. Nem lembro se algum dia usei regata ou um decote. Brincos? Minha orelha nem mesmo é furada. Devo ter alguma maquiagem escondida em alguma caixa. Sapatos de salto alto? Nunca nem vi um. Quem dirá, usar. 

Vou ter uma crise. Estou sentindo isso. Minhas roupas são antiquadas e nenhum homem vai gostar delas. Os amigos de Taehyung vão achar que eu sou esquisita, que não sei me vestir como alguém normal. Lembro de dois deles, na noite em que encontrei Tae, haviam dois amigos que vieram o pegar. Lindos, bem vestidos e ricos. Hoseok? Ele tem um estilo único, usa roupas largas e coloridas, e isso o deixa encantadoramente lindo. Assim que eu colocar os pés no habitat deles, vou ser massacrada. 

-Kate? O que houve? 

Eu realmente estou tendo uma crise. Na frente dele, com ele e por ele. Como posso ser assim? Por que sou tão estragada? Nada em mim pode ser real? Nada em mim pode ser comum e humano? Crise de ansiedade, ataque de pânico e por ai vai. Uma lista longa e sem volta. Que a cada ano, é acrescentado mais um detalhe. 

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