Books boy • Sanatorium 1

02.Queria que fosse real

Isso não é possível. Eu já vi diversos filmes, milhares. Séries e perdi a conta de livros. E sei, que isso é coisa pra esse mundo fictício. Coisas irreais, são para esse mundo. Estou no mundo real, com coisas reais e nesse mundo, personagens não saem dos livros e batem na sua porta ás 3 da madrugada. Posso não ser muito inteligente, posso não ser muito sábia e esperta. Porém, não sou esquizofrênica, e quando eu digo, que o homem em minha frente, não pode ser Kim Taehyung, meu Kim Taehyung, eu estou afirmando um fato. 

-Você leu meus livros não foi? É um tipo de fã maluco e obcecado? Que acha divertido brincar com essas coisas?- Apontei a lanterna pro seu rosto. A luz forte o fez fechar os olhos e tampar a luz com as mãos, no entanto, eu precisava ver sua expressão. Precisava notar pelo menos um pouquinho de mentira em suas palavras. 

-Olha, eu não sei do que você está falando, você é escritora? Você não tem cara de escritora. -Ele franziu a sobrancelha e me olhou duvidoso. Quase me senti ofendida. Disse, quase. 

-E como uma escritora se parece? -Havia mais raiva do que eu imaginei em minha frase. Toda a situação estava me deixando maluca. Geralmente, não perco a calma. Na realidade, eu sinto preguiça pra discutir e não consigo manter um argumento fixo, vivo mudando o rumo da discussão. Por esse fato e outros, é raro eu entrar em uma briga. A última, foi com toda a confusão que eu tive antes de me mudar, e como sempre, eu não soube lidar com a situação, acabei dizendo coisas sem sentidos, mudando o foco do assunto e me senti ainda mais culpada. A culpa foi minha, tudo que acontece comigo, é minha culpa. 

Contudo, não me lembro de ter invocado um personagem literário. Eu me lembraria disso. Já ouvi sobre coisas assim na ficção. Eles aparecem quando você mais precisa, ou quando não precisa. No meu caso, acho que é por que estou precisando. Não sei do que preciso, mas preciso de algo e ele apareceu pra isso. Deixe de bobeira Kate. Isso é coisa da sua cabeça. É óbvio que esse homem é um lunático. Que está conseguindo fazer você acreditar em coisas irreais. 

E eu estou no meio do nada com ele, e uma lanterna. Como se uma lanterna fosse capaz de parar um homem desse tamanho. 

-Sua cara está muito estranha, muito mesmo. Se for me matar, avisa de uma vez pra dar tempo de correr. -Como se lesse minha mente, sua voz me fez arrepiar. Tenho uma fraqueza por voz grossa, mesmo a voz sendo dele, ainda mexe comigo. 

Ele ainda conseguia ter senso de humor. Exatamente como nos livros. Taehyung conquistou Soran por isso. Por ser tão descontraído com a vida e cheio de alegria. Nada o magoava profundamente, nada o irritava ao ponto dele gritar ou ficar ignorante, ele desconhecia isso, ignorância não era parte dele. Taehyung é gentil, sedutor, sarcástico e amável. É fácil amá-lo. Eu me apaixonei por ele quando o criei. Foi meu primeiro e mais intenso amor. Mesmo depois de anos, eu ainda me lembro da sensação que senti por meu corpo quando o visualizei pela primeira vez. Exatamente como agora, como esse Taehyung da minha frente. 

Tenho 33 anos e não sei como agir. Sou uma mulher bastante adulta e não faço ideia de como lidar com a situação. Ele é um personagem importante pra mim, o maior deles. Ao todo, foram 3 livros, e eu demorei apenas um ano para escrevê-los. Taehyung me dava inspiração pra tal coisa. 

Ele sempre foi o melhor. Dentre todos, ele, foi o melhor. Ele é o meu melhor. 

-Ei! Taehyung! 

Me afastei pras árvores quando chegamos na placa em que o amigo dele o esperava. Vestindo um sobretudo grosso rosa, calça de moletom, botas, luvas e uma touca, Taehyung o chamou de Jin. Jin. Um nome bonito. Para um homem bonito. Se eu mesma não tivesse visto Taehyung primeiro, eu diria que esse sim, é o homem mais lindo do mundo. Seus traços são bem desenhados, a boca carnuda e suculenta, os olhos marcantes que me fizeram tremer quando ele piscou pra mim, escondida como um bichinho no canto, e o nariz. Tenho um certo interesse por narizes bonitos como o dele.