07. Descobertas e Ilusões.

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 Isso era lindo. A vida, dessa forma. Era linda. Eu estava feliz. 

No entanto, eu sentia, mesmo negando isso, eu sentia que algo muito estranho estava acontecendo. Já se fazem dois meses que eu e Taehyung engatamos em um relacionamento, um namoro. Dois meses em que ele me mostrou como eu sou linda, adorável, engraçada e posso ser amada. Me aproximei dos amigos dele, cada um, tirando o mais alto, Kim Namjoon que não parece gostar muito de mim. Na verdade, ele parece esconder algo. 

Tudo parece perfeito, minha rotina mudou, Taehyung passou a morar comigo e prepara minhas refeições, arruma minha casa, cuida de mim e depois fazemos sexo como loucos. Pela manhã, estou tão exausta que demoro horas para acordar. Ele quem tem feito a maior parte das tarefas, como forma de pagamento por viver comigo. Lhe disse que isso não era necessário, mas não nego que fico grata por ele fazer o que não gosto. Até o café que eu sempre tomo, vive em minhas mãos. 

Pensei que estava vivendo um sonho lindo que não desejava acordar. Meus dias se tornaram extensos e intensos. Amo viver agora, e minhas crises diminuíram em vinte por cento. Sorrio mais, me arrumo mais, solto mais risos e gosto de dar carinho. Tudo perfeito, como eu sempre quis que fosse. A vida que eu sempre desejei pra mim, que eu escrevi em meus livros, se tronando realidade. 

Porém, os problemas começaram. No início, era fácil ignorar as falas do meu namorado. Quando ele me abraçava por mais tempo que o habitual, e dizia "Eu desejei tanto esse abraço", "Tudo que eu mais sonhei, foi te ter pra mim". Quando terminavamos de fazer amor, ele sempre beijava minha testa demoradamente, dizia "eu sempre te amei, e sempre vou te amar". No banho, ele gostava de me contar como eu era linda, como cada parte do meu corpo era linda e "não sei porque você sempre foi assim, se escondendo, lembra quando...", ele interrompeu a frase, engoliu em seco e mudou de assunto. Tudo isso, eu ignorava. Afinal, eu o tinha, não importa se ele não bate tão bem da cabeça. 

Mas então, tudo piorou. Na semana passada, a médica que eu visitei na cidade me ligou, alegando que não encontrou meu nome nos registros, não encontrou meu cartão de nascimento, plano de saúde ou qualquer coisa sobre mim. Me acusou de um crime que eu nem me lembro, estava perplexa demais com isso. Taehyung retirou o telefone de minhas mãos e o desligou. 

-Deve ser alguma brincadeira de gente que não tem o que fazer. Amanhã podemos ir no cartório e verificar tudo, que tal? 

Não fomos no cartório ou lugar algum. Ele inventou desculpas atrás de desculpas e no fim, transamos a tarde toda. Me deixei levar, apenas o amor dele bastava. Afinal, como eu não teria nenhuma identificação? Sou uma pessoa, tenho minha identidade e CPF. 

Ou pensei que os tinha. Quando fui procurar, não os encontrei, pior ainda, existiam apenas cartões em branco. Nesse momento, eu comecei a recordar de algumas coisas. Por que não me lembro de meus pais? Por que não consigo entrar em contato com eles? Por que não lembro do nome de minha irmã, ou de seu rosto? Por que esqueci totalmente minha vida antes de vir morar na montanha? Antes de conhecer Kim Taehyung? Não sei se lembrava dessas coisas antes, mas tudo se tornou um branco. Não era um vazio. Eu tinha lembranças, escondidas e inalcançáveis. 

Tudo se concretizou quando procurei por meu nome na internet. Nada. Nenhuma publicação de livro, nenhum trabalho, nada de escritora ou de best-sellers. Simplesmente nada. Contudo, os livros estavam por minha casa. Livros com meu nome, livros que eu comprei na loja de Hoseok. Eu de fato existia, eu escrevi esses livros. Por que não estou aparecendo na internet? 

Amnésia, seria a palavra correta pro que tenho. Incapacidade de se lembrar de eventos por um período de tempo. Isso justificava parte do problema. Eu era uma escritora que não publicou seus livros na internet? Sim, foi isso que aconteceu. Devo ter vendido-os mão á mão. Posso ter dado uma caixa para o Hoseok e me esqueci. 

Books boy • Sanatorium 1Onde histórias criam vida. Descubra agora