Libertas

1.4K 285 262
                                        




#ChoquinhosNoEstômago

•••

Capítulo 5

Nunca se é homem enquanto se não encontra alguma coisa pela qual se estaria disposto a morrer.

Jean-Paul Sartre.

—Nenhum restaurante temático dessa vez? 

Eu estava sentado no canto de um dos bancos da mesa, um tanto quanto aéreo. Até que ele me tirou de meus devaneios. 

Aquela voz que eu não conhecia tanto assim. Era uma mistura de familiaridade, com sons desconexos quais jamais havia tido o prazer de ouvir antes. 

Ele se aproximou de nossa mesa, cumprimentando todos, com Taehyung ao seu lado. O sorriso cordial que ele me lançou antes de ocupar o lugar ao meu lado, me aqueceu por dentro. 

—Se dependesse do Jungkook, estaríamos em algum com toda a certeza. —Namjoon foi quem me acusou. 

—Não é como se seu namoradinho não estivesse apoiando minha ideia! —Retruquei. 

Jimin tirou a jaqueta de couro, deixando apenas a camisa branca de flanela cobrindo seu corpo. 

A peça de roupa era maltratada por estar em contato com sua pele tão vívida. 

As clavículas estavam a mostra, muito bem delineadas. Contrastavam com seus ombros, que apesar de fortes, eram pequenos. 

A gola expunha exageradamente a pele que parecia conter cada fóton de luz daquele lugar pouco iluminado. 

—Onde está Marina? —Jin perguntou, quebrando meu momento de deslumbre. 

—Lisa a chamou para comemorar com as garotas. —Apolo fez questão de dizer olhando apenas para mim. Um sorriso sarcástico se mantinha em seus lábios. —Ela aceitou. Lamento que não tenha vindo conosco, mas fico feliz que Lalisa e suas amigas possam fazê-la sentir mais acolhida. 

Cada vez que Jimin mexia seus lábios, era como uma orquestra desafinadamente precisa. Era uma bagunça. Os traços preenchidos faziam curvas perigosas. Era como um chamado para desafiar as leis da gravidade. 

Ele parecia estar lhe chamando para pular do próprio precipício de sua boca, que no final o destino seria sua própria imensidão interna. 

—Imagino que não deve ser fácil para ela. —Namjoon disse, tomando um gole de seu saquê. —Sabemos que a Coréia pode não ser tão receptiva assim. Fico feliz de podermos mudar a forma que ela vê a recepção daqui. 

—Marina já não vê de uma forma boa, Namjoon. —Apolo desviou as ametistas de mim, demonstrando um resquício de preocupação e tristeza. —Fico feliz que Lalisa e as outras garotas possam dar um apoio que eu e Tae não conseguiríamos. 

—Lalisa é uma garota ótima. —Me pronunciei. —Nossas mães sempre foram amigas, a conheço desde criança. Eu sei que ela será receptiva e bondosa. 

Seus lábios curvaram-se novamente. Dessa vez, era quente, preenchido de afeto. 

—Fico mais tranquilo, então. 

Sua cabeça se inclinou e apoiou-se na mão direita, que estava escorada na mesa. 

Cada vez que seus olhos acinzentados me olhavam, sentia como se estivesse sendo checado. Era uma exposição que parecia cortar cada uma de minhas células para que ele analisasse com cuidado e precisão meu próprio DNA. 

PrímulaOnde histórias criam vida. Descubra agora