Prímula

Pluviam

#ChoquinhosNoEstômago

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Capítulo 1 

A beleza, segundo David Hume, é um dos aspectos mais importantes para a definição da arte. Ela não é apenas uma qualidade das coisas por si próprias. A sua existência é apenas na mente de quem a admira. 

E cada mente faz uma percepção diferente da mesma.

Apesar de não ser um grande fã do começo das aulas, esse ano as coisas pareciam diferentes. Hoseok fazia questão de mandar mensagens sem interrupções falando sobre como seria divertido o famoso baile homecoming. 

Eu, particularmente, já não via mais tanta graça assim. Estávamos no nosso segundo ano, dois bailes para a conta. E, sempre era a mesma coisa: pessoas demais e espaço de menos.   

''Qual é, Jungkook! Você precisa se animar, só assim as coisas vão se animar também!'' 

Hobi era meu melhor amigo e possuía consciência do meu espírito festivo melancólico. Não tinha como ficar animado, quando suas últimas lembranças eram alguém derrubando ponche de cereja na sua camisa branca favorita.

De qualquer forma, lá estava eu. Vestindo minha camisa, intencionalmente preta, longa com calças sociais. Esperando dar a hora, para, finalmente ir embora. 

Encostado em algum canto, segurava meu copo com suco de uva dentro. Não estava no clima para nada alcóolico, também tinha o fato de os índices das minhas ações desastrosas aumentarem absurdamente. 

Eu e Namjoon costumávamos ter uma fama ruim com desastres.

Hobi estava ao meu lado, falando animadamente com uma garota de seu curso.

—Jungkook, por que está tão quietinho? —Seokjin se aproximou.

Jin costumava pegar muito no meu pé, e eu, no dele. Então, assim que se aproximou, seu dedo passou a cutucar minhas bochechas de modo inconveniente. 

—Você é chato assim ou fez curso? —Tentei morder o dedo dele, mas o depravado foi mais rápido. 

—Por que você é tão malvado assim com o seu hyung? —Se aproximou, pegando meu copo e tomando um gole. —Mas que porcaria, Jungkook? Você está tomando suco de uva? 

Dei de ombros, segurando meus olhos para não se virarem em trezentos e sessenta graus. 

—Estou sim. Algum problema? 

—Vejo que alguém está bem-humorado hoje! Como sempre, devo apontar. —Namjoon chegou ao lado de Jin, me deixando mais desprotegido ainda. Parceiros de crime. 

—Ele é rabugento, não é? —Hoseok aproximou-se, assim que se despediu de sua colega. 

—Demais! Não sei o que fazer para esse garotinho ficar alegre. —Jin aproximou suas raquetes, mais conhecidas como mãos, de minha barriga, numa tentativa de fazer cócegas. 

Fui rápido em me esquivar, usando Hobi como um escudo humano. Ele nem reclamava mais, sabia que Seokjin e eu costumávamos agir como duas crianças.

Ele havia me dito uma vez que achava divertido, até. 

As cenas deveriam ser cômicas, vistas do lado de fora. Até porque, Seokjin era um patetão.

Mas a brincadeira deixou de ter sentido assim que eu o vi.