Sóbria da Realidade

Capítulo 19

Eu estava trêmula

 -- Eu estou grávida 

As palavras saíram, só saíram. Eu o olhei, primeiro arregalou os olhos me observando, provavelmente procurando algo que lhe dissesse que aquilo era mentira, e foi em uma fração de segundos ele estava no chão desmaiado, eu não consegui me mexer, não saia voz alguma da minha garganta. Pessoas se aproximaram dele e tentando discernir o por quê dele ter desmaiado, mas eu estava ali, perdida em meus pensamentos e em uma paralisia que meu consciente me fazia acreditar que eu estava, e então como se minha alma estivesse voltado ao meu corpo, consegui visualizar o que se passava em minha volta, Jasper estava sentado em uma cadeira com um copo de agua na mão, e foi nesse exato segundo que nossos olhares se encontravam, mas eu fugi, sai correndo dali, como uma menina medrosa e vulnerável com medo de tudo, percorri um percurso na qual não saberia onde levava, não estava nem aí para isso, estava com medo do que as palavras que eu acabara de dizer àquele homem fosse mudar a minha vida, eu podia simplesmente não falar nada e levar o bebê para a adoção, mas meu corpo me traia por mais que eu quisesse dizer a ele minha mente falava que era errado. 

  Me deparei em frente à minha lanchonete favorita, eu me sentei fiz o meu pedido para o garçom e comecei a pensar em tudo, não só nas coisas ruins, e percebi que eu estava vazia, como se não houvesse um sentido para isso tudo, eu estava em um estado crítico, queria chorar, mas as lagrimas não escorriam mais, estava começando a achar que por dentro eu havia morrido, naquele instante, nada fazia sentido, minha vida estava sem um foco, ela só existia.   Olhando a comida na minha frente, não senti a mínima vontade de comer, mas eu tinha que comer, o bebê tinha que nascer saudável, esse bebê poderia ser a luz em minha vida, ele tinha que ser. Depois de comer o que eu consegui fui para o apartamento começar a procurar empego, tinha que ter dinheiro para sustentar meu filho. Chegando lá, ele estava de pé em frente a porta, não me viu chegando

 -- oi

 Ele me encara

 -- Oi, é ...

 --Não precisa dizer nada, pode ficar despreocupado, só contei por contar 

Ele tinha uma expressão de interrogação no rosto

 -- Eu posso te ajudar com alguma coisa, eu fui a causa de tudo isso.

 -- É você é a causa de tudo isso. 

No segundo em que falei isso me arrependi, eu acho, mas uma parte de mim estava feliz por eu ter falado isso

 -- Como eu te disse antes mil desculpas, eu estava descontrolado, estava passando por esses dois últimos anos momentos terríveis, sei que isso não é motivo, mas eu só quero ajudar no que for preciso.

 Eu poderia confiar nele? Eu não confiava nem em mim, mas de alguma forma eu confiava nele. Raiva de mim 

-- Olha eu estou tão despreocupada que acho que vou fazer 6 semanas, estou com pensamentos ainda de levar para a adoção.

 Jasper arregalou os olhos

 -- Por que?

 -- Eu não sou capaz de cuidar de uma criança, no meu estado não consigo nem cuidar de mim mesma