Capitulo 1 - Trauma, Amor e maldição

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Foi num dia ensolarado e escaldante que cheguei completamente exausto do trabalho. Eu estava prestes a perder o sentido, rígido como se fosse uma estátua. Tudo o que eu queria era descansar e fazer minhas tarefas depois de completar meu prazo para entregar mais uma folha de pagamento. Eu realmente queria estender meu corpo e dizer a Deus para me levar ao céu, dizendo 'estou pronto'. Mas tudo não passava de um simples distúrbio de estresse pós-traumático. E pensar que tudo isso só aconteceu depois de passar pelo pior momento da minha vida, eu lembro como se fosse ontem.


Eu perdi aquela que poderia ser minha esposa tempos atrás. Há 2 anos, ela havia morrido de câncer e eu tinha pedido em casamento antes de saber do diagnóstico. Tentei o máximo que pude para pagar o tratamento, mas apesar de conseguir chegar ao resultado esperado, os níveis dela estavam críticos demais. Ela foi levada à cirurgia, mas os médicos falaram que ela poderia perder uma perna ou um braço. Foi o que fizeram, no máximo ela perdeu uma parte da perna para evitar que o câncer se espalhasse. Mas por mais que tentasse, ela estava prestes a morrer, só tinha apenas 3 meses de vida. E nosso casamento seria em apenas um ano. Eu realmente perdi uma mulher jovem e bonita, que quando conheci parecia saudável, mas eu gostava de cuidar dela. E eu a amava como sempre amei.


A única coisa que me restou foi esta casa. Não era uma casa qualquer, mas sim era uma casa simples, recém feita e projetada, não era moderna, mas também não era antiga. O portão era branco com um teto para a garagem. Só que eu não tinha carro e sempre ia ao trabalho de ônibus e às vezes andava de metrô, por ser uma cidade grande como São Paulo. Morava a 12 quilômetros do estádio do Morumbi. Eu nunca fui acostumado com futebol, mas eu sempre ouvia os gritos de gol da torcida à distância. Como toda casa, sempre começava com uma sala. A minha foi diretamente uma planta direita com sala e cozinha juntas. A estante era simples, somente a parte debaixo dela. Em cima tinha uma televisão de 39 polegadas que tinha pagado a última prestação dela.


Na parte da parede fiz dois suportes para colocar um porta-retrato comigo e com a minha noiva falecida e também um vaso com uma flor com o nome dela, "Aline". Tinha um sofá pequeno de cor bege que tinha três lugares e uma poltrona do lado. Todo o dia eu me deitava lá pra ver séries e geralmente eu me lembrava dos momentos que passamos juntos, eu e minha noiva. Lembro que a primeira noite que fizemos amor foi quando preparei um jantar com ela pra comemorar nosso primeiro ano de namoro. Foi no dia dos namorados que começamos a namorar há um ano. E compramos esta casa quando estava sendo feita ainda. O meu quarto, que era o nosso, também tinha suas marcas de amor. Era um quarto simples com armários e cabeceira verde lima com um abajur branco e cor de pele e uma cama de casal feita de madeira clara. Aquela cama havia sido feita com muita delicadeza. Era simples, não era antiga. Tive momentos bons quando me deitava com ela e o lençol vermelho era o lençol favorito da Aline. Foi ela que ganhou da mãe dela, que trabalha com tecelagem caseira. Fazia várias peças de artesanato, como aquele pano bordado e colorido para o abajur.

A última vez que me deitei com ela foi há um ano e meio, quando tive a melhor noite com ela. Eu estava contente porque eu voltava de casa com uma surpresa, consegui terminar o curso de comunicação e recebi uma oferta para trabalhar em uma editora como colunista. Naquela ocasião, Aline havia ganhado uma bolsa para fazer bacharelado em uma universidade daqui de São Paulo, ela queria ser advogada e estava cursando Direito na universidade federal do estado. Foi então que saímos para comemorar, fomos a um restaurante e pedimos nosso prato: uma salada com frango a passarinho e molho, além de batata gratinada. Conversamos sobre o mesmo assunto a noite toda. Voltamos para casa de Uber e quando chegamos, nos beijamos e entramos em casa.


Não demorou muito para que fôssemos direto para a cama, nós fizemos amor como se nossos corpos fossem um só e estivéssemos interligados um ao outro. A cada respiração quando eu beijava, ouvia o seu coração bater. Sua pulsação estava alta, o toque do seu corpo intenso; quando eu a beijava, sentia o conforto da sua alma dentro do meu corpo. Seus olhos eram claros como um cristal. Era impossível resistir a um olhar como esse. Seu rosto era lindo, tão natural e perfeito, parecia que seus traços foram desenhados. Seu cabelo também era como chamas de paixão quentes, com tons claros e castanhos. Eu não podia esquecer da sua imagem e seu corpo nu na cama, formas que pareciam feitas à mão. Foi um momento inesquecível, eu adorava aquele corpo da maneira como era nas noites em que fazíamos amor. Como um bom casal, eu sempre me assegurava de usar

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