Em Casa

Capítulo 7 - Mudanças sem rumo

Na manhã seguinte, eu estava cansado e ainda com sono pesado, já eram quase 8h e tinha que receber muita gente para saber quem poderia comprar a casa. Peguei o celular e olhei várias e inúmeras mensagens perguntando se estava em casa. Eu respondi que sim. E falei a eles para virem às 10h30 no endereço combinado. Acordei e arrumei a casa para receber os interessados em comprar a casa. Decidi fazer dela uma espécie de museu porque tinha tanta coisa para ser recordada, até contaria a eles como foi que eu e a Aline vivemos por aqui há muito tempo. Assim que acabei eram 10h20 e então pude tomar banho e me arrumar, e coloquei uma roupa seca e um short para completar porque estava muito quente. Eu voltei a arrumar o armário. 10h25 já estava tudo pronto e antes já estava esperando no portão as pessoas, até preparei água para eles. Logo que a primeira pessoa chegou, era uma mulher loira de 20 anos que acaba de chegar na cidade. Tinha cara de ser uma moça refinada, mas ela era uma estudante. Depois veio um casal de 30 anos que queria conhecer a casa, logo veio um idoso bom de saúde que tinha 65 ele parecia ser formal e tinha cara de ser professor de uma escola. Aí veio mais uma turma de pessoas com idades e tipos diferentes. Eu disse a todo mundo para se organizar porque o espaço era pequeno demais. no mínimo havia 36 pessoas no lugar e tornei a casa um lugar para visitas.

Ao entrarem, viram como era por dentro da casa e pensaram logo de cara que era uma arquitetura minimalista. Eles olharam a sala e outros olharam até a cozinha, mas o ponto principal era o quarto. Um deles chegou a perguntar pra mim

Com quem você morava nesta casa mesmo? - Perguntou

Minha Ex-namorada. - Respondi.

Nossa, ela deixou você aqui sozinho? - Questionou.

Ela morreu - Respondi de forma séria.

Naquela hora todos olharam pra mim surpresos e em choque, desconfiados de algo também. E ele continuou.

Como morreu sua namorada? - Perguntou.

Foi um câncer que matou ela. Sabe, ela apresentou um diagnóstico de câncer do útero, mas foi outra doença que matou ela. - Respondi direto.

Uma pessoa chegou a sair do quarto mostrando desinteresse em comprar a casa, porque não queria viver em um lugar onde morreu alguém. Depois fui na sala e os demais estavam só observando quando a mesma pessoa chegou em um grupo e falou sobre a história da morte de alguém na casa. E aí aquele grupo saiu junto com ela. Depois restaram só 20 pessoas interessadas, mas aí o boato era grande e todo mundo já ficou curioso porque as pessoas saíram. Aí eu vi que todos estavam olhando pra mim ao mesmo tempo e falando sobre o que houve até um homem falar na porta bem alto

Aí Lucas, não vou comprar casa de morta aqui não tá? se é pra viver doente como você sabendo que alguém morreu, pode ficar com ela. - Disse o homem.

Foi só aquele homem falar que todos saíram da casa indignados e frustrados comigo. Até que aquela mulher de 20 anos não estava nem aí para o que ele disse, porém saiu com todo mundo. Eu fiquei decepcionado com aquilo, não tinha mais ninguém que pudesse comprar a casa. Mesmo que tentasse impressionar, e fosse honesto com as pessoas, de nada adiantou. Eu só pensava naquela menina de 20 que parecia não ter ligado para o que ele falou. Naquele momento eu só pensava em como vou querer sair daqui. E como vou vender agora sem ninguém com tamanho preconceito. Será que a Clarissa estaria realmente interessada?

Eu fui até o site e mandei deletar o anúncio, eu já ia desistir de vender a casa e talvez passar mais tempo nela até o dia em que tiver coragem. Naquele momento só queria pensar nesta noite de sábado onde irei à festa em Alphaville. Queria esquecer o perrengue que passei com doses de bebidas fortes. Mas nada poderia me fazer esquecer da Aline. Eu até peguei a foto dela e disse pra mim mesmo "Eu tentei" mas ela ia querer isso também. Seu amor nunca seria esquecido mas também não seria lembrado se provasse quanto amei ela por todo esse tempo, só o que não sabia é que a noite de hoje estaria marcado com muitas histórias para contar. Então olhei para o teto e vi fumaça preta rondando por todo o canto. E era ela querendo me fazer de torturado, mas hoje tive que encarar ela e falei pra ela o que poderia estar guardado todo esse tempo.