James Stewart

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Ainda não sei o que eu buscava ao entrar naquela floresta. Na verdade, não sei se posso chamar de busca, algo me impelia a entrar nela, algo me atraía para ela.

Aquela pequena floresta sempre ocupou meu imaginário por se encontrar próxima à cidade na qual cresci, e pelas fascinantes lendas contadas pelos moradores mais velhos . Se eles levavam a sério ou não as próprias histórias não posso dizer, mas por algum motivo ninguém costumava ir até lá.

Foi em um belo e ensolarado dia de verão, desses tão belos e iluminados que nos fazem esquecer de todos os nossos temores, que eu estava passando, por acaso, ao lado da floresta e decidi me aventurar por ela.

Mesmo em suas bordas ela era densa, com as árvores crescendo bem juntas, de forma que depois de poucos metros já não existia nada além de uma penumbra escura, uma triste e fraca lembrança da luminosidade extravagante daquele dia. Talvez a ausência da luz era o que tanto me incomodava naquele lugar.

Além disso a mata era úmida. Anormalmente úmida, sendo que, apesar da ausência de chuvas recentes, algumas árvores gotejavam sobre minha cabeça.

A escuridão, a proximidade das árvores, a alta umidade, tudo contribuía para a impressão de um ar pesado, uma intensa sensação de sufocamento que me levou a me esforçar para respirar. Percebi então a inexistência das plantas rasteiras que deveriam existir naquele tipo de mata. Será que a pouca luz que ali chegava era o motivo de sua ausência? Seria esse o motivo do meu incômodo?

Após mais  algum tempo de caminhada percebi outra coisa que me fazia falta. Eu não havia escutado nenhum canto de pássaro, nenhum bater de asas e não me lembrava de ter visto nenhum rastro de animais, como se o solo estivesse intocado a anos.

Então tive um espanto ao me aproximar de uma árvore. Apesar de imensas e exuberantes, todas as árvores apresentavam uma folhagem seca. Tentei arrancar uma lasca do tronco e percebi que ela se soltou com uma facilidade anormal e olhando para o buraco deixado no tronco vi que ela estava podre, como se estivesse morta à meses. Uma rápida observação me levou à conclusão de que todas as outras estavam no mesmo estado.

Foi nesse momento que compreendi de forma clara e completa a sensação que a floresta me passava. Não era a ausência de luz, não era uma ilusão de sufocamento, não era a simples inexistência de elementos comuns a uma floresta. Era uma sensação mais intensa, mais instintiva e primordial para a raça humana. Era o mais poderoso e antigo sentimento humano: o medo. E esse medo me foi despertado pela total ausência de vida na floresta.


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⏰ Última atualização: Mar 01, 2021 ⏰

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