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O resto do dia se passou tão rápido que eles nem chegaram a perceber, os estrangeiros foram embora no fim da tarde, para o alivio de todos e a tristeza de Peter.

- Foi bom enquanto durou... - ele reclamou melancolicamente pelo resto do mês, e quando dezembro chegou, o assunto pareceu ser esquecido.

O natal se aproximava, os marotos decidiram passa-lo em Hogwarts, já que a lua cheia seria na noite do dia 22 para o dia 23 e Remus não queria atrapalhar o natal de sua família na véspera. E é claro que seus amigos decidiram ficar, mas não só eles, no fim das contas convenceram Lily a não ir.

Remus quase cedeu ao impulso de ir correndo até a França para estrangular o estrangeiro que tinha ido embora a quase dois meses quando percebeu que quatro dos seus chocolates do estoque de emergência estavam faltando, mas ainda tinha o suficiente de presentear cada um dos que ficaram na escola com um chocolate e quatro para ele.

Remus foi o primeiro a acordar na manhã do dia 25, abriu a cortina de James e de Peter com um puxão, anunciando um feliz natal, e logo abriu calmamente a de Sirius e se sentou na cama dele, o acordando calmamente.

- Feliz natal Pad-foot. - Ele disse assim que o outro abriu os olhos.

- Feliz natal. - Sirius responde se espreguiçando. 

- Os presentes já estão lá em baixo. - Lily abre a porta do dormitório. - Feliz natal. - Ela anda direto até James e dá um selinho nele antes de voltar a descer. Prongs simplesmente não se acostumou ainda, ele fica todo bobo sempre que a ruiva o trata romanticamente.

Os quatro descem e se juntam a Lily para abrir os presentes que estavam na lareira. O primeiros presentes que abriram foram os diversos pacotes enviados por Hope Lupin.

- Não acredito que sua mãe mandou um suéter para todos nós! - Lily disse impressionada.

- Eu mandei uma cartinha para ela... - Remus diz rindo, então os presentes percebem a estampa tricotada no deles. Para Remus Hope colocou apenas um R, mas no de Lily tinha um lírio branco que contrastava no fundo azul, no de Sirius um cão preto, no de James um cervo e no de Peter um rato. Os três riram, e Lily pareceu ligar alguns pontinhos mentalmente.

- Calma, aí, o cervo e o cão? Um rato? - Ela fala. - Não é possível!?

- É sim, com um pouco de inteligência, um bom motivo e desrespeito as leis. - Sirius responde casualmente. A garota continua boquiaberta. - Enfim.

- Ei! - Remus diz quando veste o seu. - Agora eu sou um lobo em pele de ovelha. - Os cinco riem e continuam entregando seus presentes.

Remus presenteia os amigos com coisas que sabiam que eles iriam gostar. Um livro sobre trouxas escrito por um sangue puro pra Lily, "dá para dar boas risadas com o que esse cara fala" ele diz, uma bússola de vassoura pra James, um xadrez bruxo para Peter e um espelho falante para Sirius.

- Um espelho falante? - Ele pergunta.

- Testa, eu achei a sua cara. - Remus diz.

Sirius se olha no espelho, e o fala, em uma voz literalmente encantadora: "Seu cabelo está sensacional hoje, e as cores desse suéter combinam muito com você." 

- Amei! - Black diz para o presente que recebeu, o guardando com muito cuidado na caixinha. - Minha vez de dar os presentes!

Lily recebeu uma câmera fotográfica que capta movimento, Peter um tênis para andar nas paredes, James um conjunto de logros e Remus uma caixa com mais de 30 chocolates em 10 variedades de chocolates trouxas "artesanais e gourmet".

Eles continuaram a troca de presentes, até a Sra. Black havia mandado algo para Sirius "um lembrol para não esquecer seu sobrenome", então ouviram vozes de uma conversa do lado de fora do quadro da mulher gorda.

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Regulus estava em pane. Simplesmente tinha cometido um grande erro. Seu corpo inteiro doía depois que ele veio do largo Grimmauld até Hogwarts em uma vassoura. Ele deixa a vassoura na torre de astronomia, por onde entrou, e respira fundo. As lágrimas que estavam em seu rosto praticamente congelaram com o vento gelado dessa época do ano.

Ele tenta se aquecer usando os próprios braços, a manga de seu casaco sobe, apenas um tanto no antebraço esquerdo, mas já é o suficiente para que visse a marca ali. O que foi feito, jamais será desfeito.

Por que ele tinha voltado a escola, afinal? Não tinha nada para fazer ali agora. Não adiantava tentar se enganar, ele sabia o que tinha vindo fazer. Mas para que?

Ainda era cedo, o salão principal estava tão vazio quanto os corredores, então não foi difícil chegar até o maldito quadro que guarda a torre da grifinória.

- Senha? - Ela pede.

- Eu não tenho. Não sou dessa casa. - Ele responde.

- Pois então-

- Eu vim apenas conversar com você. Qual o seu nome? - Regulus tenta parecer casual, mesmo que tivesse uma pilha de nervos, e não conseguisse parar de passar a mão pela manga do casaco que cobria a marca negra.

- Meu nome? eu... Eu não lembro. - A pintura responde. - Eu tinha um. Mas todos passaram a me chamar de mulher gorda, e ficou no passado.

- Você não é gorda, e merecia ter um nome, como todas as outras pinturas. - Black diz.

- Você é muito gentil, querido, mas me bajular não vai te ajudar a passar.

- Mas...

- Eu sei quem você é, parecidos desse jeito só pode ser irmão do encrenqueiro Black. Se quiser falar com ele vai ter que esperar que saia.

- Por favor. - Regulus abandona a mascara que mantinha seu desespero contido. - Eu preciso falar com meu irmão.

- Me desculpe. - A fala da mulher do retrato é um ponto final. Se alguém não a abrisse pelo lado de dentro.

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- Quem está conversando com a Mulher Gorda a essa hora? - Lily pergunta.

- Eu vou ver. - Sirius responde se levantando, e caminha até a abertura do retrato, abrindo o mesmo. - Regulus?

O Black mais novo dá um passo para trás no corredor, sem dizer nada. Ele parecia um pouco desorientado.

- Achei que tinha ido passar o natal com nossa família. - Sirius se aproxima do irmão no corredor.

Ele continua quieto. "Ele está estranho" pensa o mais velho "tem algo errado". O pensamento é confirmado quando Regulus abre os braços e abraça o irmão com toda a sua força.

Sirius não sabe nem como reagir, fica tão parado com os braços junto ao corpo que parece mais com boneco quebra nozes, até que retribui fracamente o aperto do irmão.

- Reg...? - Ele pergunta enquanto ainda está sendo apertado.

- Me desculpe. - Regulus diz com a voz embargada pelo choro. - Por tudo que eu já fiz, que acabei de fazer, e que ainda vou fazer. Só me perdoa. - Ele aperta ainda mais o corpo do outro antes de larga-lo no meio do corredor e sair correndo com as lágrimas escorrendo pelo rosto.

- Espere! Me explica o que foi isso! - Sirius tenta chamar, mas agora ele já estava muito longe. Ele entra atordoado no salão comunal da grifinória. Seus amigos estavam logo ao lado da porta, assistindo tudo.

- Isso foi bem estranho. - James foi o único a comentar.

Wolfstar - 6º anoOnde histórias criam vida. Descubra agora